"Estamos a perder tempo com este Partido Socialista"

Braço direito de Luís Montenegro acaba de intervir no segundo dia do Congresso do PSD.

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Notícias Ao Minuto com Lusa
08/02/2020 16:10 ‧ 08/02/2020 por Notícias Ao Minuto com Lusa

Política

Hugo Soares

Hugo Soares, braço de Direito de Luís Montenegro, acaba de discursar no segundo dia do Congresso do PSD, em Viana do Castelo, onde atacou não só o Partido Socialista, como também a liderança do seu próprio partido.

O ex-deputado, que é um dos maiores críticos de Rui Rio, começou por felicitar o presidente do PSD pela vitória eleitoral. “É o presidente do nosso partido, que é o maior de Portugal”, disse. 

Contudo, não deixou de lançar duras críticas o líder social-democrata, principalmente, contestando parte do discurso de Rui Rio, feito na sexta-feira, no primeiro dia do Congresso.

"Ora o PSD perdeu eleitores, o PSD perdeu deputados, o PSD perdeu as eleições, o PSD saiu reforçado onde? O PS ganhou as eleições que não tinha ganho em 2015, teve mais votos e mais deputados, onde está o reforço eleitoral do PSD?", atacou.

Já sobre o Partido Socialista, que ganhou as eleições no passado dia 6 de outubro, o antigo lider parlamentar do PSD disse que, com o Governo de António Costa, o país está apenas a "perder tempo".

"Nós estamos a perder tempo com este Partido Socialista, este PS não é o PS de Mário Soares, não é o PS que esteve com o PSD a transformar Portugal quando foi preciso que os dois partidos estivessem unidos", disse, aproveitando para pedir que os sociais-democratas deixem de ser "socialistas de segunda".

Nem todos gostaram destas palavras de Hugo Soares, que foram claramente um ataque à liderança do PSD nos últimos anos. Entre as palmas, ouviram-se assobios, ao que o antigo deputado respondeu: "Quer aplausos quer assobios são sempre música para os meus ouvidos".

Já em jeito de desafio, Hugo Soares pediu Rui Rio a propor ao PS uma revisão constitucional sobre o sistema político. "Desafio a direção nacional e o país: proponhamos ao PS uma revisão constitucional para refundar o nosso sistema politico, uma revisão constitucional onde se consagre o princípio de solidariedade intergeracional, que aprofunde a defesa do meio ambiente e lance as bases da reforma do sistema politico. Verão que, no que é essencial o PS dirá que não, porque está agrilhoado ao BE e ao PCP".

Hugo Soares disse ainda que não é por o candidato que apoiou ter saído derrotado que irá mudar de opinião: "Divirjo profundamente nesta ambição do que deve ser o PSD, nós no PSD não nos congratulamos coma vitória do dr. António Costa".

"Nunca fomos nem queremos ser o PCP, não transformamos derrotas copiosas em vitórias eleitorais", avisou.

Seguiu-se, no púlpito, a resposta do deputado e dirigente André Coelho Lima, apoiante de Rui Rio.

"Não deixa de ter piada que ouvimos o companheiro que nos antecedeu dizer isto: quando nos movemos por convicções não são os resultados eleitorais que limitam os nossos movimentos. O que não imaginava era ver, em menos de cinco minutos, dizer uma coisa e o seu contrário como acabamos de ver agora mesmo. É de facto extraordinário", criticou.

Para André Coelho Lima, "o PSD precisa de preparar as autárquicas", considerando que o partido teve nas diretas que reelegeram Rui Rio "um momento de consolidação" que "não é interna, mas sim externa".

"A clareza e a clarificação do ato eleitoral do PSD não é só importante para o PSD, é importante para o país", alertou.

Antes, já outro destacado apoiante de Rio e vogal da Comissão Política, Maló de Abreu, defendeu que todos no PSD estão convocados para a principal batalha eleitoral: as autárquicas de 2021.

"Não há oficiais, sargentos e praças, estamos todos convocados porque somos todos soldados, quem não aceita ou rejeita missões difíceis, não merece as fáceis e as mais desejadas", avisou.

Outra apoiante de Rio, a líder das Mulheres Sociais-Democratas Lina Lopes, também recebeu assobios da sala ao dizer, a propósito das autárquicas de 2017, que "não queria criticar Passos Coelho", mas aponta responsabilidades à anterior direção pelos maus resultados.

Aos críticos internos, deixou um apelo inflamado: "Já chega, já chega, já chega", mas no final nem o grito "PSDPSD" teve eco na sala.

O ex-líder da concelhia Nuno Freitas teve a originalidade de trazer a letra do Fado da Sugestão de Zeca Afonso ao Congresso do PSD e dirigi-lo ao presidente Rui Rio: "Não digas não diz sim/Muito embora amor não sintas/O não envenena a gente/Dize sim, ainda que mintas".

"Que todo o PSD diga que sim", apelou.

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