"Espero que a Europa, por uma vez, assuma o seu papel e não continue na sua inanidade", afirmou durante a conferência 'O Último Ano de Trump?', em referência ao atual Presidente norte-americano e candidato a renovar este ano o cargo, a decorrer hoje em Lisboa.

Admitindo ter ficado surpreendida quando, recentemente, num seminário sobre diplomacia, ouviu autoridades portuguesas dizer que as relações com os Estados Unidos nunca foram tão boas, Ana Gomes sublinhou que esta não pode ser a posição de nenhum dos países da Europa.

"Não é possível nenhum governo que se respeite dizer que as relações estão no seu melhor com um troglodita", disse.

Ana Gomes lembrou que, como diplomata e eurodeputada, interagiu "toda a vida" com a democracia americana e sempre notou que os responsáveis norte-americanos "gostam de ser muito interativos nos processos eleitorais de outros países".

"Mas depois permitem esta aberração" no próprio país, considerou, referindo-se ao Presidente Donald Trump como um político "obsceno".

Perante o cenário e a possibilidade de Trump ser reeleito em novembro deste ano para mais quatro anos à frente da Casa Branca, Ana Gomes defendeu um papel mais ativo da parte da Europa.

"A Europa tem de fazer a diferença e tem de passar mensagens para a própria população americana", referiu, admitindo que o processo de 'impeachment' pelo qual Trump está a passar "pode contribuir decisivamente para abrir os olhos dos americanos".

Respondendo diretamente à pergunta que constituía o primeiro painel da conferência - 'o que esperar das eleições de 2020?' - Ana Gomes afirmou: "Espero que Trump perca".

Mas a ex-eurodeputada espera também que o Partido Democrata escolha um candidato às presidenciais que permita essa derrota.

A senadora de Massachusetts "Elisabeth Warren devia ser a candidata", considerou, explicando que a escolha não se deve só ao facto de ser uma mulher, mas sobretudo "por ser especialista em literacia financeira", o que lhe permite "explicar as trafulhices e a criminalidade no setor financeiro. E é isto que pode fazer a diferença", concluiu.

A conferência "O último ano de Trump?" é organizada pelo Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal, em parceria com o Instituto Europeu e o Centro de Investigação de Direito Europeu, Económico, Financeiro e Fiscal e coordenada por Eduardo Paz Ferreira.

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