Livre decide hoje retirada de confiança a Joacine mas nem todos concordam
A resolução de retirada de confiança política a Joacine Katar Moreira e a forma de organização interna do Livre deverão estar no centro do IX Congresso do partido que se realiza hoje e domingo em Lisboa.
© GlobalImagens/Leonardo Negrão
Política Livre
O IX Congresso do Livre, que decorre no Centro Cívico Edmundo Pedro, será o primeiro desde a eleição da deputada única, Joacine Katar Moreira, e do clima de tensão instalado entre a estrutura partidária e a representação parlamentar.
Na passada quinta-feira, a assembleia do partido Livre, órgão máximo entre congressos, decidiu propor ao congresso a retirada de confiança política na sua deputada, justificando, numa resolução, que "não se vislumbra da parte da deputada, Joacine Katar Moreira, qualquer vontade em entender a gravidade da sua postura, nem intenção de a alterar".
Segundo o Grupo de Contacto (GC), Joacine Katar Moreira, desrespeitou os pontos específicos da 40.º resolução, na qual se apelava a um trabalho "de confiança" entre o GC e deputada, após a incidente devido à abstenção num voto sobre a Palestina proposto pelo PCP.
A deputada descurou, "reiteradamente, a comunicação e envolvimento dos órgãos do partido", nomeadamente nas negociações com o Governo relativamente ao OE2020, recusando-se a revelar o sentido de voto do Livre até ao momento da votação, "contra o conselho do GC", aponta a resolução.
A resolução da Assembleia será discutida esta manhã de sábado, decidindo-se depois se é ou não votada na hora. Joacine Katar Moreira terá um período determinado de tempo para apresentar a sua defesa, segundo apurou o Notícias ao Minuto, numa decisão aprovada pela presidente da Assembleia, Ana Natário, já depois do anúncio da resolução do partido.
Nem todos concordam com a posição do partido
Soube-se cedo qual seria o principal tema em cima da mesa para este IX Congresso do Livre quando se noticiou uma moção intitulada 'Recuperar o Livre, resgatar a política', que pede a Joacine Katar Moreira para renunciar ao seu mandato. Caso isso não aconteça, o texto, assinado por cinco militantes que não pertencem ao Grupo de Contacto, pede, precisamente, que lhe seja retirada confiança política.
Existem, porém, outros textos, como o intitulado 'Um compromisso do Livre com as lutas emancipatórias', assinado por João Faria-Ferreira, mas sem signatários. Esta moção tece várias críticas ao Livre no que diz respeito à relação com a sua deputada única. "O escrutínio, por vezes injusto e tendencioso, da parte da comunicação social, e a divulgação de notícias falsas nas redes sociais, não foram alvo de um repúdio e condenação sérios da parte do partido", pode ler-se.
As 18 moções específicas que irão ser votadas neste Congresso incluem, ainda, o texto intitulado 'Pensar o partido' e a sua organização interna, que sugere uma avaliação das dinâmicas dos seus órgãos, incluindo a do Grupo de Contacto. Este texto, que questiona "algum experimentalismo" do Livre, foi subscrito por Miguel Won, candidato à Assembleia.
Ricardo Sá Fernandes, membro do Conselho de Jurisdição, é outra voz dissonante no que diz respeito à deputada única. De acordo com o noticiado pelo Observador, o militante disse que não concorda com a resolução da Assembleia do Livre e apelida-a mesmo de "injustiça democrática", tomada sem ouvir a deputada.
O Livre conseguiu eleger, pela primeira vez, uma deputada à Assembleia da República nas últimas eleições legislativas de 6 de outubro de 2019.
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