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Ferro responde a Rui Moreira. Não há donos "de datas ou de cidades"

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, respondeu esta quarta-feira, pela segunda vez, ao autarca do Porto, Rui Moreira, sobre a polémica das comemorações da Revolução Liberal, dizendo que em democracia não há proprietários de datas nem de cidades.

Ferro responde a Rui Moreira. Não há donos "de datas ou de cidades"
Notícias ao Minuto

21:53 - 15/01/20 por Lusa

Política Ferro Rodrigues

Numa nota difundida pelo gabinete do presidente do Parlamento, à qual a agência Lusa teve acesso, refere-se que Ferro Rodrigues não pretende "alimentar polémicas no seguimento da troca de cartas sobre as comemorações do bicentenário da Revolução Liberal".

"Gostaria de deixar claro que continuo a ter pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a mesma consideração e estima que sempre tive. No entanto, gostaria também de afirmar que não há proprietários de instituições democráticas nem de datas ou de cidades. Neste contexto, a Assembleia da República prosseguirá com o seu programa comemorativo do bicentenário do constitucionalismo português com realizações próprias e disponibilidade para participar noutras, como sempre esteve", salienta-se na mesma nota.

Horas antes, o presidente da Câmara do Porto tinha lamentando a "descortesia" de Ferro Rodrigues e comunicou que não conta com "a presença ou colaboração" daquele órgão de soberania no "excelente programa" de comemorações da Revolução Liberal de 1820, já fechado e apresentado.

"Não posso deixar de lhe comunicar que, quanto às presentes comemorações, não contamos com a presença ou colaboração da Assembleia da República por se encontrar fechado o nosso excelente programa, ontem [terça-feira] apresentado", escreveu Rui Moreira numa carta esta quarta-feira enviada a Ferro Rodrigues.

Esta polémica começou na terça-feira, quando Rui Moreira afirmou ter "pena" que a Assembleia da República não se associe às comemorações da Revolução Liberal do Porto de 1820".

"Ousei ainda, confesso, escrever uma carta ao presidente da Assembleia da República. Admitia que a Assembleia da República, passados tantos anos, apesar de estar em Lisboa, já não tivesse grande embaraço pelo Porto comemorar esta revolução. Recebi de um amanuense [alusão depreciativa feita ao secretário-geral da Assembleia da República, Albino de Azevedo Soares] qualquer uma carta a dizer que a Assembleia da República não se queria associar a isto", declarou o autarca, durante uma cerimónia de apresentação do programa das comemorações na cidade da Revolução Liberal de 1820.

Perante estas críticas de Rui Moreira, o presidente da Assembleia da República, na sua primeira carta de resposta, lamentou "a forma e o teor" das críticas de Rui Moreira ao parlamento sobre as comemorações da Revolução Liberal de 1820, classificando o caso como um "equívoco".

"Desde logo, pela forma, porquanto a excelência das relações entre a Assembleia da República e o Município do Porto - quer através da Câmara Municipal, quer através da Assembleia Municipal -, que se têm pautado sempre por enorme respeito e consideração, justificariam ter sido outro o canal por que V. Exa. poderia ter expressado o seu desagrado. Mas, sobretudo, pelo teor", justificou o presidente da Assembleia da República.

Em relação ao teor das críticas proferidas por Rui Moreira, Ferro Rodrigues contrapôs nessa sua primeira missiva que "em momento algum a Assembleia da República se recusou a associar às comemorações da Revolução Liberal a levar a efeito pela Câmara Municipal do Porto".

"Como V. Exa. está perfeitamente ciente, a resposta que, a meu pedido - nos termos habituais, visto tratar-se de matéria essencialmente administrativa e financeira - lhe fez chegar o secretário-geral da Assembleia da República, alude apenas à impossibilidade de contribuição financeira à autarquia (tendo presente a inexistência de antecedentes), tendo sido manifestada total abertura para toda a colaboração que a Câmara Municipal do Porto entendesse necessária, à luz da importância que o parlamento português, e eu próprio, atribuímos a estas comemorações - nomeadamente por via da cedência de documentos que integram o acervo do Arquivo Histórico Parlamentar", alegou o antigo secretário-geral do PS entre 2002 e 2004.

Ou seja, segundo Ferro Rodrigues, esta polémica em torno das comemorações da Revolução Liberal de 1820 poderá limitar-se a "um equívoco".

"Um equívoco que espero ter ajudado a esclarecer através desta minha missiva, que tornarei pública. Não deixando de lamentar, uma vez mais, os termos com que V. Exa. se dirigiu à Assembleia da República, e o canal utilizado para tal, reitero a total disponibilidade do parlamento, e a minha própria, para uma colaboração profícua com a Câmara Municipal do Porto, tendo em vista celebrar as raízes do nosso regime constitucional e representativo democrático", frisou.

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