O Conselho de Jurisdição do Livre reuniu-se e encarregou a Comissão de Ética e de Arbitragem de realizar um parecer sobre o "conflito" entre a deputada e o Grupo de Contacto [direção] do partido. O Conselho de Jurisdição propõe que haja uma "atuação disciplinar, se for caso disso".

A informação está a ser avançada pela TSF, que teve acesso ao documento redigido por Ricardo Sá Fernandes, um dos 11 membros do Conselho de Jurisdição. O parecer tem de ser apresentado no prazo de oito dias.

Recorde-se que o conflito interno no partido surgiu da alegada "falta de comunicação" entre Joacine Katar Moreira e a direção do Livre, que terá começado quando a deputada se absteve no momento de condenar Israel pela nova agressão a Gaza.

Perante a situação, o Livre veio a público, através de comunicado, manifestar "a sua preocupação com o sentido de voto da deputada Joacine, em contrassenso com o programa eleitoral do Livre e com o historial de posicionamento do partido nestas matérias".

Ora, Joacine reagiu também através de comunicado. "Assumo total responsabilidade pelo voto e devo dizer que, apesar de a abstenção não constituir um voto a favor ou um voto contra, ela não representou aquilo que tem sido desde sempre a minha posição pública sobre esta temática. Votei contra a direção de mim mesma", fez saber.

Já depois disso, a deputada única do partido falhou o prazo estabelecido para a entrada do projeto para alterar a Lei da Nacionalidade, uma das bandeiras do Livre. O Parlamento, refira-se, não informou Joacine sobre o "acordo de cavalheiros" estabelecido na anterior legislatura que fixa um prazo de poucos dias para entregar projetos para serem debatidos com iniciativas do mesmo tema em plenário.

Com o adensar da celeuma, pretendendo evitar questões de jornalistas no Parlamento, Joacine pediu para ser acompanhada por um oficial da guarda do Palácio de São Bento. A solicitação  não foi vista com 'bons olhos' pela Assembleia da República, sendo que Ferro Rodrigues pediu, inclusive, que fossem apuradas as circunstâncias deste episódio.

Membro fundador anuncia saída do Livre por "postura" onde não se revê

Entretanto, Miguel Dias, um dos membros fundadores do Livre e candidato pelo círculo de Setúbal nas últimas legislativas anunciou o seu afastamento do partido por uma "questão de forma e de postura política" com a qual não se revê.

A TSF falou com Pedro Nunes Rodrigues, porta-voz da direção do Livre, que lamentou a saída do candidato de Setúbal. "Ficamos com alguma pena que o Miguel decida desvincular-se do Livre, mas é uma decisão pessoal", afirmou. "O grupo de contacto [direção] pode apenas agradecer ao Miguel toda a dedicação que deu nos últimos seis anos ao Livre. Foi uma das pessoas mais importantes na dinamização do núcleo do Livre em Setúbal", acrescentou, recusando associar esta desvinculação ao momento conturbado por que o partido tem vindo a passar.

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