Meteorologia

  • 19 MARçO 2024
Tempo
17º
MIN 12º MÁX 20º

A mensagem de Joacine, mas 'Sem Gaguez', num site criado por um estudante

Estudante de Coimbra criou uma página onde se pode ler os discursos e as intervenções parlamentares de Joacine Katar Moreira. A ideia é criar um acesso à mensagem da deputada, impulsionando uma discussão do conteúdo ao invés da forma.

A mensagem de Joacine, mas 'Sem Gaguez', num site criado por um estudante

João de Sousa, com 23 anos de idade, está no último ano da licenciatura em Estudos Europeus da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e tem um trabalho a tempo inteiro, mas arranjou espaço para um projeto que pretende clarificar a mensagem de Joacine Katar Moreira, deputada eleita pelo Livre, que tem sido alvo de críticas por causa da sua gaguez.

O site 'Sem Gaguez' não é político, esclareceu o estudante, em entrevista ao Notícias ao Minuto, mas tornou-se necessário, uma vez que "a questão da gaguez da deputada continuava a ser o maior ponto de discussão, numa altura em que já deveríamos, como sociedade, ter ultrapassado isso".

"Sejam as pessoas ideologicamente a favor ou contra a deputada e o Livre, é urgente que se comece a discutir o que a deputada está a trazer à Assembleia da República e não como o está a trazer", indicou João de Sousa.

Recorde-se que, ao cabo das primeiras intervenções parlamentares, Joacine Katar Moreira foi protagonista de vários textos de opinião onde, por exemplo, a sua condição de gaga era apontada como um obstáculo político.

Para o trabalhador/estudante, a questão vai além da deputada. "A Assembleia da República deve, por definição, representar todas pessoas que fazem parte deste país. Ora, as pessoas com limitações ou deficiência são tão cidadãs deste país como todos os outros. Por isso, parece-me da mais básica lógica que também possam e, aliás, devam, participar nos órgãos cívicos do nosso país", afirmou.

Como é que funciona a página 'Sem Gaguez'? No final do dia, o autor consulta o canal do Parlamento e transcreve as intervenções da deputada, colocando-as depois no seu site, onde podem ser acedidas livremente. Segundo João de Sousa, a reação do público tem sido muito positiva. "As pessoas percebem o objetivo da plataforma, nem que seja pela sua componente de participação cívica. E o feedback tem vindo de pontas opostas: dos apoiantes da Joacine e dos críticos. Isso alegra-me porque vejo que, mesmo numa pequena proporção, a plataforma está a cumprir o seu objetivo", afirmou.

"Quem quiser passar os próximos quatro anos a atacar a gaguez da Joacine, vai continuar a fazê-lo"

Quando questionado sobre se a existência deste projeto poderá justificar as críticas feitas à sua clareza enquanto oradora, João de Sousa explica que "a existência deste projeto não se prende com a existência de uma deputada gaga no Parlamento", mas sim com "a aparente impossibilidade de o eleitorado aceitar que ela lá está e que vai lá estar durante os próximos quatro anos".

"O objetivo da plataforma é criar uma consciência no eleitorado de discussão das medidas e ações que ela vai apresentar e não da forma como as vai apresentar. Dito isto, quem quiser passar os próximos quatro anos a atacar a gaguez da Joacine em vez do trabalho dela, vai continuar a fazê-lo. Está fora do meu alcance", indicou.

Embora a iniciativa tenha sido criada de forma independente, Joacine Katar Moreira já reagiu à mesma. "A Joacine entrou em contacto comigo quando a plataforma começou a aparecer nos órgãos de comunicação para congratular a plataforma por se querer focar no conteúdo e não na forma", referiu, sublinhando, porém, que este foi o único contacto com um representante do Livre.

O estudante adianta que, para já, continua a ser a única pessoa a trabalhar na plataforma, que, devido à afluência, foi submetida a uma reformulação no fim de semana passado. "Está mais dinâmica para os utilizadores, com capacidade para filtragem das intervenções e, depois de receber algum feedback dos utilizadores, integrei uma newsletter que será enviada no final de cada semana com as intervenções da deputada", explicou.

Foram também criadas redes sociais, como perfil de Facebook e Twitter.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório