O socialista Porfírio Silva considera que foi dado "um grande passo em frente no sentido de uma justiça civilizada" no Brasil, ressalvando que a libertação do ex-presidente não é a saída do "pesadelo político-institucional com múltiplas facetas".
"Contrariamente ao que parece ser a convicção de muitos, o caso de Lula com o sistema judicial brasileiro não está resolvido. A libertação de Lula, ontem, não é a saída desse pesadelo político-institucional com múltiplas facetas, incluindo a destituição de uma presidente que será seguramente das mais limpas de toda a política brasileira", escreveu o deputado no Facebook.
Na opinião do socialista, é imperioso que haja uma reflexão por parte da esquerda brasileira mas não só.
"Mal andará a esquerda, brasileira ou outra, se deixar sem reflexão aquilo que foi mal feito, sem esquecer o imenso contributo que os governos do PT deram para um Brasil mais decente socialmente (e isso é que faz a fúria de muitos)".
Porfírio Silva defendeu que Lula estava a cumprir pena de prisão "porque lhe tinham roubado a presunção de inocência que deve ser respeitada até à conclusão definitiva do seu processo".
"É isto coisa pouca?", questionou, atirando de seguida: "De modo nenhum. O caso de Lula não ficou resolvido, mas o Brasil deu um grande passo em frente no sentido de uma justiça civilizada".
Na origem da libertação de Lula da Silva, recorde-se, está a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, que anulou, na quinta-feira, a possibilidade de prisão de condenados em segunda instância, alterando um entendimento adotado desde 2016.
Com a decisão, réus condenados só poderão ser presos após o trânsito em julgado, ou seja, depois de esgotados todos os recursos, com exceção para casos de prisão preventiva decretada.
O histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) foi preso após ter sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), num processo sobre a posse de um apartamento, que os procuradores alegam ter-lhe sido dado como suborno em troca de vantagens em contratos com a estatal petrolífera Petrobras pela construtora OAS.