Governo com 70 membros? "Oxalá significasse qualidade, mas tenho dúvidas"
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reagiu à nova formação do Executivo de António Costa.
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Política Jerónimo de Sousa
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reagiu, na manhã desta terça-feira, à nova formação do Governo de António Costa, que irá contar com 70 membros.
"De uma forma sintética podia dizer que nem sempre a quantidade significa qualidade, mas são as práticas concretas, os posicionamentos do Governo. Ser muitos ou ser poucos não determina a evolução do Governo, no entanto, consideramos que este número, nos tempos que correm, oxalá significasse qualidade mas tenho muitas dúvidas", disse.
Já sobre a continuação, no novo Executivo, de muitos ministros e secretários de Estado do Governo anterior, Jerónimo de Sousa preferiu não tecer comentários. "É uma opção do primeiro-ministro, não quero fazer juízos de valor antecipados", frisou.
O primeiro-ministro, recorde-se, apresentou na segunda-feira a lista de secretários de Estado que integram o seu Executivo ao Presidente da República. São 50 os novos membros. No total, incluindo o primeiro-ministro, o XXII Governo Constitucional terá 70 elementos, somando ministros e secretários de Estado, dos quais 26 mulheres e 44 homens.
Convidado a comentar estes números, António Costa defendeu que "os governos não se medem em função do número de membros". Devem, isso sim, "ter uma orgânica ajustada ao programa do Governo e às prioridades do país. E é seguramente uma prioridade do país reforçar a organização territorial e dar uma nova atenção à necessidade de valorização do interior".
"Precisámos da Cultura para uma vida mais alegre"
As declarações de Jerónimo de Sousa sobre o novo Governo, foram feitas à margem de um encontro com a Companhia de Teatro dos Aloés, no espaço cultural Recreios da Amadora, sobre o problema da falta de financiamento das artes e do setor cultural.
Sobre este setor, o secretário-geral do PCP disse que "será difícil" conseguir mais financiamento, mas isso não impede de o partido "lutar por aquilo que considera justo".
"Nós precisamos da Cultura como um instrumento precioso para uma vida melhor, para uma vida com mais felicidade, com mais alegria. E ver o que estão a tentar fazer à Cultura não é bom, mas essa é a razão da nossa luta", sublinhou.
Jerónimo de Sousa aproveitou ainda para apontar o dedo a Mário Centeno.
"Para este Governo e, particularmente, para o ministério das Finanças, a Cultura é uma despesa e não um investimento. Por isso não duvidamos que vão existir resistências e dificuldades nesta luta, mas tendo em conta uma disponibilidade nova por parte dos criadores, de setores muito diversos da Cultura, que lutaram muito durante esta legislatura e que vão continuar a fazer agora, nós compromete-mo-nos aqui a lutar", concluiu o líder dos comunistas.
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