Ana Gomes acredita que “foi dada a sentença de morte da Geringonça 2 com a solução de uma navegação ‘costeira’”.
Na antena da SIC Notícias, onde tem o seu espaço semanal de comentário político, a ex-eurodeputada socialista explicou que esta “navegação ‘costeira’” consiste numa “navegação à vista, negociada caso a caso, o que torna tudo mais complicado”.
“Não deixa de comprometer o horizonte de estabilidade que todos reconheciam que era necessário, até por causa da conjuntura de instabilidade que se vê vir aí a nível europeu e internacional”, vincou.
E assim, embora reconheça a “grande capacidade de negociação e de entendimento” do primeiro-ministro, tanto “à Direita, como à Esquerda”, Ana Gomes teme que haja um “erro de cálculo”.
O PS conta com o facto de a Esquerda poder estar vacinada em relação a uma tentação de coligações negativas – com o exemplo do PEC IV que depois deu a queda do governo do PS e abriu porta ao governo mais troikista que a troika da Direita. Mas pode haver aqui um erro de cálculo
Este “erro de cálculo”, acrescentou, diz respeito ao que se vai passar na Direita, espaço onde poderão vir a existir ditas “coligações negativas”.
No entanto, o que "sobretudo preocupa” Ana Gomes é a “incapacidade de fazer reformas de fundo”.
“O país precisa disso [reformas]. Eu esperava que agora fosse o momento para reformas de fundo e é evidente que com uma governação costeira não vai haver espaço para reformas de fundo”, lamentou.