Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
19º
MIN 14º MÁX 21º

CDU salva duas 'ilhas vermelhas' no Alentejo sob ameaça de um mar rosa

No mapa das legislativas de domingo passado, Avis, no distrito de Portalegre, e Mora (Évora) são os únicos concelhos do país onde a CDU venceu, permanecendo duas 'ilhas vermelhas' num mar quase rosa, salpicado de laranja.

CDU salva duas 'ilhas vermelhas' no Alentejo sob ameaça de um mar rosa
Notícias ao Minuto

16:21 - 10/10/19 por Lusa

Política Legislativas

Apesar de ser hábito conquistara a nível concelhio os diferentes atos eleitorais, desde 1974, nas autárquicas de 2017 a CDU (PCP/PEV) perdeu no 'bastião' comunista de Avis a presidência da União de Freguesias de Benavila e Valongo e, nas eleições legislativas de domingo, a coligação perdeu por cinco votos para o PS na freguesia de Avis (PS 274 votos, CDU 269 votos).

Dulcinia Pereira é técnica na Biblioteca Municipal de Avis e, em declarações à agência Lusa, atribui mais uma vitória à CDU no concelho pela forma como a coligação está "enraizada" na região e pelo facto de a população ter vivido "tempos muito difíceis" antes e depois do 25 Abril de 1974.

A vitória do PS por cinco votos na freguesia de Avis no último ato eleitoral merece também um comentário de Dulcinia Pereira que considera poder estar em causa o "desacreditar" dos jovens na política que a CDU tem desenvolvido.

"Há muita gente também cansada da política, a mudar PS/PSD, PSD/PS. Agarram-se a isso e acabam por não ir votar. E quem vota, vota na continuação", acrescentou.

Em declarações à Lusa, o presidente do PS/Avis, Tiago Antunes, atribui a vitória naquele concelho à CDU ao facto de os comunistas passarem a mensagem de que os outros partidos "são inimigos" e que a CDU é a única força política que os defende.

"Esta mensagem foi passando e conseguiram criar uma espécie de microclima em Avis, é esta a razão histórica. Por outro lado, a CDU tem instrumentos políticos ao dispor e a Câmara de Avis é um fator com muito peso", considerou.

O presidente do município, o comunista Nuno Silva, disse, por sua vez, à Lusa que a vitória da CDU no concelho se deve ao "excelente trabalho" da coligação naquele território e que a vitória do PS na sede de concelho poderá estar relacionada com o "efeito geringonça".

"Alguns militantes do próprio partido (PCP) acabaram por não compreender e não aceitaram um pouco esta mesma situação, mesmo tendo em conta o excelente trabalho que a CDU fez", justificou.

O concelho de Mora é outra 'ilha' conquistada pela CDU a nível nacional nas legislativas do passado domingo, tendo a coligação liderada pelo PCP obtido um total de 791 votos (34,66%) no concelho, mas o PS não ficou muito distante e alcançou só menos 70 votos, ou seja, um total de 721 (31,6%).

E, ao contrário das legislativas de 2015, quando a CDU 'dominou' o concelho e saiu vitoriosa nas quatro freguesias que o compõem, agora os socialistas foram os mais votados em duas das freguesias, face aos comunistas: na de Mora, pela diferença de um voto (375 contra 374), e na de Pavia (138 votos contra 121). Os comunistas venceram em Brotas e Cabeção.

Luís Simão, presidente deste município de 'marca' comunista desde o 25 de Abril, considerou "bons" os resultados locais destas eleições para a CDU, mas admitiu à Lusa que chegou a passar-lhe pela cabeça que "o PS teria maioria absoluta" e que Mora "acompanharia a tendência de grande crescimento" dos socialistas.

"Mas conseguimos manter este pequeno bastião no meio do mapa de Portugal, um concelho em que a CDU continua a ganhar", saudou.

E o PS até acabou por "ter um bom resultado" em Mora, disse, ainda que argumentando que não são comparáveis legislativas - em que "no passado" os socialistas "até já ganharam no concelho" - com autárquicas.

"E aqui ainda reina muito a militância. Desde que há eleições que me lembro de ouvir dizer que os velhos vão morrendo e que a CDU vai começar a perder. O certo é que o PS não se tem conseguido impor aqui e temos muita gente nova que se revê no PCP", acrescentou.

Já a única vereadora da oposição na Câmara de Mora, Paula Chuço, independente eleita pelo PS, destacou que, com os resultados das legislativas de domingo, este concelho e o município vizinho de Avis "são quase uma ilha" de cor vermelha num mapa maioritariamente "pintado" de rosa e com zonas de cor laranja.

"E Mora é mesmo uma ilha que aqui está e difícil, muito difícil.

O desejável era que esta ilha também fosse rosa, mas pronto, não construímos a casa pelo telhado, de que ter os alicerces primeiro e ir construindo a pouco e pouco", afirmou à Lusa.

A vereadora, desenhadora de construção civil, mostrou-se, apesar disso, satisfeita pelo resultado alcançado pelo PS nestas legislativas e pelas duas freguesias ganhas, o que "tem um sabor positivo e dá mais um bocadinho de força" para trabalhar em prol "da mudança no concelho".

Contactado pela Lusa, Afonso Mendes, proprietário do restaurante O Afonso, na vila de Mora, uma verdadeira instituição gastronómica do concelho, não se quis alongar em comentários, mas, a título pessoal, opinou que "é bom começarem a aparecer outras ideias", vindas "de outras áreas políticas".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório