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"Acho que há uma probabilidade grande de Costa ter faltado à verdade"

Rui Rio foi entrevistado pela RTP, este sábado, e falou de vários temas entre os quais o caso de Tancos, a relação com António Costa e as ambições eleitorais.

"Acho que há uma probabilidade grande de Costa ter faltado à verdade"
Notícias ao Minuto

22:53 - 28/09/19 por Notícias Ao Minuto

Política Rui Rio

Rui Rio foi entrevistado na antena da RTP, este sábado, e as primeiras questões prenderam-se com o caso de Tancos, que entrou na campanha eleitoral nos últimos dias. O líder do PSD começou por ser questionado, depois de ter afirmado que era "pouco crível" que Costa não soubesse do que aconteceu, se considerava que há a probabilidade de o primeiro-ministro ter faltado à verdade, incluindo na Comissão de Inquérito.

"Acho que sim, que há uma probabilidade grande", afirmou Rio, acrescentando que "aquilo que disse não foi perentório": "Não disse: 'sabia, está condenado'. Eu questionei. Só há duas opções: ou sabia ou não sabia. Não há terceira opção. Se sabia então foi conivente; se não sabia não foi conivente com aquilo que aconteceu, mas significa que os ministros não põem António Costa a par do que é mais importante".

Para Rio, se Costa não sabia, "isto significa uma incapacidade para coordenar politicamente o governo".

Mas não estará Rio a antecipar um julgamento? "O que é que pretendiam? O líder da oposição - por acaso estamos em campanha mas ainda que não estivéssemos - perante o que está ali não tivesse opinião nenhuma? Não dizia nada?", perguntou, acrescentando que só fala em termos políticos: "Não estou a condenar ninguém".

"Sobre Azeredo Lopes não me ouve a dizer nada. Porque já nem está no plano político, está nos tribunais", reiterou.

O líder da oposição comentou, em seguida, a notícia do semanário Expresso que revelou que há uma tese no PS de que existe uma conspiração no Ministério Público - com o envolvimento da ex-PGR - para atingir o Governo, Costa e o Presidente da República. Perguntado sobre se acha "crível", Rui Rio disse que considera que o "PS está desnorteado". "Já estava um bocadinho antes da questão de Tancos e agora com esta questão está completamente desnorteado", disse, considerando quanto à notícia que "é algo que não é crível". "Não vejo um nexo de causalidade. O material de guerra desapareceu. O MP deve abrir um inquérito. Há prazos. [...] Portanto, onde é que no meio disto tudo pode haver influência de alguém dentro da PGR que não goste do PS ou de outro partido qualquer?", inquiriu.

Sobre a possibilidade do PS estar a tentar envolver Marcelo no processo, o líder do PSD disse que "surgiram notícias que, por conta de umas afirmações num processo, que o PS poderia ter procurado envolver o nome do PR para tentar esconder a responsabilidade do Governo", acrescentando que "o PS tem essa forma de atuar: fê-lo com os motoristas de matérias perigosas, fê-lo com os professores... Está aqui um problema e tenta gerar ao lado uma grande confusão para esconder o problema". "Relativamente aos motoristas e aos professores sei, relativamente a este caso não", acabou por concluir. 

Relação entre Rui Rio e António Costa

E a relação de Costa e Rio sai beliscada com as palavras destes últimos dias? "Acho que a intervenção de António Costa mais violenta contra mim, que eu abdiquei dos meus princípios... Sou sincero - posso-me enganar -, mas acho que ele nem tinha visto a minha intervenção, tinha sido minutos antes. Reage a quente. Os assessores devem-lhe ter dito que eu disse o que eu verdadeiramente não disse", atirou.

"Somos adversários políticos, não temos de ser inimigos, temos de nos respeitar e isso tem acontecido da parte dele e da minha parte e acho que é assim que deve ser. Estou num combate político mas farei tudo para ser civilizado", disse ainda. 

As sondagens e a campanha

Já quanto ambições eleitorais e sondagens, Rio diz que acredita "minimamente" nas sondagens e que "se as pessoas tivessem noção de como isto é faziam como eu". Contudo, outra coisa é Rui Rio "estar no terreno e perceber que, notoriamente, o PSD está a subir". "As sondagens que possam dizer que o PSD está a subir traduzem realmente o que eu noto, mas também há sondagens que dizem que o PSD está a descer", indicou.

Sobre a leitura de que foi um melhor líder nas últimas duas semanas que nos últimos dois anos, o líder da oposição é peremptório: "Não. De forma nenhuma. As condições é que são diferentes, eu sou igual". E passa a explicar: "Até ao fim de agosto era uma coisa a partir do início de setembro é outra. Aqui estamos quase 'online', quando vou a um debate e a uma entrevista não me podem dizer aquilo que não é verdade porque se dizem mentira eu desminto imediatamente". 

Já quanto à campanha realizada sem figuras de peso, Rui Rio refere que "infelizmente, os partidos - e o PSD em particular - não têm assim tantos pesos pesados como isso". "Houve uma queda notória de qualidade em toda a atividade partidária. Essas figuras que existiam há 30 ou 40 anos são muito menos", atira. 

PSD ao centro?

Colocar o PSD como partido do centro e concordar com os outros partidos é "estratégia" e "juntar o útil ao agradável". "Em 2018 não há eleições nenhumas, o que me compete fazer é pôr Portugal em primeiro lugar e colaborar com o Governo em funções de forma crítica. Mas não é dizer mal de tudo". Em 2019, o cenário altera-se: "Temos três eleições. À medida que o tempo avança compete-me marcar as diferenças relativamente ao PS para que as pessoas percebam porque votam em A e não em B. Ao fazer isto, desloco-me para o centro".

Rio refere que há "muita coisa" que o distingue do PS. "Na Economia há uma diferença brutal de projetos. Aquilo que os portugueses querem é melhores salários e melhores empregos. Para isso é preciso construir uma economia mais competitiva e para esta economia não pode ser como o PS faz", atira. "Temos de assentar o crescimento nas empresas e nas exportações e no investimento. E não na distribuição, que foi aquilo que o PS fez", referiu ainda. 

Serviços públicos

Os serviços públicos foram outro dos assuntos em que o líder do PSD tocou: "Os serviços públicos degradaram-se brutalmente nestes quatro anos. Não digo que o PS os herdou num estado fantástico e os tornou num caos" mas "aquilo que é necessário é gerir melhor os serviços púbicos [...] antes de dinheiro, os serviços públicos são acima de tudo gestão".

Rui Rio foi também confrontado com a herança do governo anterior, tendo respondido que "uma parte dos portugueses ainda não conseguiu absorver totalmente o trabalho dificílimo que o Governo anterior teve de fazer", ressalvando que este cumpriu o programa da troika "negociado pelo Partido Socialista que teve de [a] chamar porque pôs o país na bancarrota".

E Passos Coelho?

Questionado sobre se tinha convidado Passos Coelho para a campanha e este tinha recusado, o líder da oposição recusou comentar "matérias do foro interno" do partido. "Compreenderá que a oito dias das eleições não vou ser eu quem vai alimentar em praça pública questões internas do PSD, nem essa nem outra. Não vou confirmar nem desmentir", reiterou. 

Por fim, sobre ser 'acusado' de ter propostas com muita ambição, Rio afirmou que "se nós pegarmos de 2015 a 2019 e medirmos a margem orçamental que este governo teve, situa-se mais ou menos nos 13 mil milhões de euros. A mesma coisa vai acontecer nos próximos quatro anos. A economia crescendo vamos ter margem orçamental", acrescentando que "nós vamos gerir a carga fiscal, não estamos a dizer que não vamos cobrar impostos".

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