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Entre chutos para canto e auto-golos. Quem ganhará o jogo de Tancos?

A acusação do Ministério Público caiu como uma ‘bomba’ na campanha eleitoral e a troca de 'galhardetes' entre os líderes partidários subiu de tom.

Entre chutos para canto e auto-golos. Quem ganhará o jogo de Tancos?
Notícias ao Minuto

09:19 - 28/09/19 por Patrícia Martins Carvalho

Política Tancos

O despacho da acusação do Ministério Público, relativo ao furto das armas do paiol de Tancos, foi conhecido na quinta-feira passada e, desde então, a campanha eleitoral foi inundada por troca de acusações entre os vários partidos, uma vez que entre os 23 arguidos encontra-se o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes.

Face ao exposto, o CDS agendou, para este sábado, uma reunião de emergência com a comissão executiva do partido para discutir o tema.

“Sempre dissemos que este assunto tinha um tratamento nos tribunais, que nós obviamente respeitamos, e tem um tratamento político. Propusemos uma Comissão Parlamentar de Inquérito que chegou a conclusões muito relevantes, agora com os elementos que temos, as conclusões políticas são ainda mais graves”, explicou Assunção Cristas.

As conclusões da reunião serão apresentadas em conferência de imprensa. Só depois a líder centrista irá dar seguimento a mais um dia de campanha eleitoral com um almoço na Associação Pombal XXI, em Oeiras, uma visita à esquadra da PSP da Mina, na Amadora, e, para terminar, um jantar em Albergaria-a-Velha. 

Do lado do Bloco de Esquerda, a coordenadora do partido ‘disparou’ na direção de Azeredo Lopes, considerando que "se a comissão parlamentar de inquérito não teve informação sobre o conhecimento político deste encobrimento que estava a existir é porque houve responsáveis políticos - nomeadamente o ex-ministro - que mentiu numa comissão".

E, assim, admitiu que “fazer uma nova Comissão de Inquérito com mais factos na próxima legislatura é um caminho", sem se debruçar sobre António Costa. 

Já o secretário-geral dos comunistas disse ontem que "há que lembrar que o PCP defendeu, em primeiro lugar, o processo de investigação e, posteriormente a comissão de inquérito", recordando que o partido não foi acompanhado "nem pelo CDS nem pelo PSD, e hoje verifica-se quão importante tinha sido o desencadear dessa investigação que apurasse responsabilidades e agisse nos planos criminal e político."

Por isso, e tendo em conta as declarações de Rui Rio depois de ser conhecida a acusação, Jerónimo de Sousa acusa o líder social-democrata de ver nesta questão uma "tentativa de aproveitamento de Rui Rio que, à falta de assunto, à falta de perspetivas e de alternativas, encontrou aqui a bóia de salvação".

Ainda no âmbito dos partidos que apoiam a atual solução governativa, André Silva frisou que “este caso está a desviar a atenção daquilo que é essencial, que é todos podermos fazer uma campanha a informar as pessoas das nossas propostas".

Para o líder do PAN, o processo Tancos "não deve entrar na campanha" e "não deve contaminar a campanha" pois, ao fazê-lo, está a “arredar destes dias aquilo que é essencial, que é o debate político sobre as propostas que cada um tem para os próximos quatro anos".

Notícias ao Minuto© Global Imagens

Quem não foi tão meigo nas palavras foi Rui Rio, o que levou a oposição a acusá-lo de não manter a sua palavra quanto a julgamentos em praça pública. O líder do PSD considerou ser “pouco crível” que o primeiro-ministro não soubesse pelo seu ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes da encenação para a recuperação das armas furtadas da base militar de Tancos. E mais. Disse ainda que "tudo leva a crer" que exista uma encenação do Governo para que saíssem notícias envolvendo o Presidente da República.

Eu acho que é pouco crível que um ministro, seja ele qual for, não articule aspetos desta gravidade com o primeiro-ministro, ainda assim eu nunca poderei dizer mesmo se ele [António Costa] sabia ou não

Foram estas as declarações que incendiaram a campanha e levaram a uma escalada da troca de palavras entre Rio e Costa.

O primeiro-ministro não gostou do que ouviu e acusou o principal adversário de ter “atingido a dignidade desta campanha eleitoral e, sobretudo, temo que tenha desiludido muitos dos que entendiam o doutor Rui Rio como uma pessoa de princípios e que não muda de dois em dois dias".

Notícias ao Minuto© Global Imagens

Sem se querer debruçar sobre os pormenores da acusação do Ministério Público, António Costa investiu no ataque ao líder social-democrata dizendo que "não é aos 58 anos" que reconhece a Rui Rio a "autoridade para fazer julgamentos morais", até porque, frisou, "ainda há dois dias todos os portugueses ouviram Rui Rio dizer que tinha como princípio fundamental não fazer julgamentos na praça pública".

Ora, eu não mudo de princípios fundamentais de dois em dois dias e há cinco anos que digo aquilo que sempre achei ao longo de toda a minha política: na justiça aquilo que é da justiça e na política o que é da política. E quem sacrifica aquilo que são princípios fundamentais dada forma de estar na vida política envergonha-se a si próprio mais do que ataca quem quer atingir"

No que aos partidos sem representação parlamentar diz respeito, o Aliança optou por não entrar na troca de ‘galhardetes’ com o seu líder Santana Lopes a defender que “quem tem de esclarecer o assunto é o poder judicial”, recusando-se a importar o tema para a campanha. “Quero fazer campanha a falar do que as pessoas precisam e da justiça que é devida a tanta gente que sofre", vincou.

André Ventura, do Chega, defendeu que “isto é o símbolo maior de como o sistema está ruinoso e ineficaz e, num país civilizado, o primeiro-ministro demitir-se-ia e não se recandidatava às eleições".

Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa, Ventura questionou: “O chefe da Casa Militar saberia de tudo e não transmitiria ao Presidente da República uma coisa desta gravidade em que estava envolvido o poder soberano do Estado?".

"Todos conhecemos o professor Marcelo. Gosta de estar a par de tudo, domina vários assuntos ao mesmo tempo e com grande profundidade e, no assunto Tancos, estaria à margem propositadamente pelo seu chefe militar? Acho muito estranho", rematou.

Para terminar, o líder do Partido Democrático Republicano, Marinho e Pinto, garantiu que António Costa estava a par de toda a encenação em torno da recuperação das armas de Tancos.

Claro que o primeiro-ministro sabia e não tem a coragem de assumir isso perante os portugueses devido aos custos eleitorais que isso pode acarretar, mas que saber sabia

"Este tipo de coisas aproxima Portugal mais daquilo que de pior existe em África e na América latina do que daquilo que melhor existe na Europa", rematou líder do PDR.

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