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'O meu Centeno é melhor que o teu'. Assim foi o debate entre Costa e Rio

O primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição voltaram a enfrentar-se, esta segunda-feira de manhã, naquele que foi o último debate a dois. Rui Rio acusou o PS de achar que é o 'dono disto tudo' quando chega ao Estado e António Costa 'atacou' em Rio na questão dos passes sociais.

'O meu Centeno é melhor que o teu'. Assim foi o debate entre Costa e Rio
Notícias ao Minuto

11:13 - 23/09/19 por Patrícia Martins Carvalho

Política Eleições Legislativas

António Costa e Rui Rio confrontaram-se, esta manhã, tentando conquistar os votos dos eleitores portugueses. O último embate a dois arrancou às 10h00 e foi transmitido pelas rádios TSF, Rádio Renascença e Antena 1.

À noite Costa e Rio voltam a encontrar-se, mas num debate com os restantes líderes dos partidos com assento parlamentar, que será transmitido na RTP1 e RTP3, às 21h00.

Eleições na Madeira:

Rui Rio: "É uma vitória. Obviamente que até aqui as vitórias foram todas com maioria absoluta, esta não, é uma vitória mais pequena. Mas é preciso ver o valor relativo. O PSD conseguiu ganhar as eleições na Madeira, ganhou-as todas durante 43 anos. É um feito praticamente impossível de igualar. Dei alguma ajuda a este resultado, particularmente na unidade do PSD/Madeira, que foi fundamental"

António Costa: "Perdemos as eleições, foi frustrante apesar do resultado histórico: passamos de 5 para 19 deputados. Geringonça na Madeira? Respeitamos a autonomia do PS/Madeira, não me vou imiscuir nessa formação do Governo. O PS/Madeira goza de plena autonomia na condução da sua política regional, a solução de governo regional será encontrada no âmbito da autonomia regional".

Golas inflamáveis. Demissões no Governo

António Costa: "Entendo a figura de arguido como é efetivamente. Nunca demiti ninguém por ser arguido. O que eu sei é que a primeira acusação que foi feita é que havia compra de golas inflamáveis, depois houve dúvidas sobre a contratação e está aberto um inquérito. O MP está a investigar, vamos saber no fim. Não tiro conclusões precipitadas, quando peço uma inspeção-geral que faça uma investigação, eu aguardo. . Este secretário de Estado não desiludiu, deu contributo muito importante para reforçar o sistema de prevenção e combate aos incêndios. Se houve alguma incorreção ou ilegalidade, as autoridades competentes vão apreciar, até lá, respeitamos a presunção da inocência. 

Rui Rio: "Relativamente a esta matéria não vou dizer nada sobre um caso concreto que está em investigação. Coisa diferente é eu fazer uma leitura global da situação. O PS desde sempre tem o tique de quando está no poder olhar para o Estado como se fosse o dono disto tudo, uma tendência para nomear os tais 'boys'. É uma cultura dominante no PS. O que distingue o que aconteceu agora relativamente ao passado é que temos também alguns casos não só de nomeação de militantes e simpatizantes, mas também de próprios familiares, o que excede o que tinha acontecido no passado. Nenhum partido é virgem nisto. O que quero dizer é a intensidade com que se faz e o PSD ao longo da sua governação nunca fez como o PS faz que chega ao Governo e instala-se como se fosse o dono disto tudo.

António Costa: "Essa acusação absolutamente infundada na história do PS. Posso dar 'n' exemplos de nomeações que este governo fez sem qualquer ligação ao partido. Essa conversa do familygate assenta numa grande confusão. Houve três casos de familiares. O doutor Rui Rio, quando era presidente da câmara do Porto, nomeou para administração do Tivoli a irmã de de Álvaro Castello-Branco e fê-lo por considerar que era pessoa competente. Nunca dei lições de ética a ninguém e também não recebo lições de ética do doutor Rui Rio e do PSD"

Rui Rio: "O PSD tem telhados de vidro, claro. Alguém pensa que em 12 ou 24 meses se consegue fazer uma revolução num partido com todos os tiques que os partidos têm?"

António Costa: "As pedras que atirou ao telhado do PS afinal foram parar a outros telhados"

O que é um salário decente?

António Costa: É preciso aumentar o salário mínimo e os médios que são muito baixos. A par do salário é necessário continuar a melhorar o rendimento líquido das famílias e fizemos isso com a gratuidade dos manuais escolares, os passes sociais, entre outros. A questão essencial é saber se o doutor Rui Rio, campeão da crítica à criação do passe único, o mantém ou revoga se for Governo. Não indico números porque não quero condicionar os parceiros sociais. A tendência que temos que ter é subir os rendimentos. Uma das medidas mais importantes foi a redução do IRS, são menos mil milhões de euros que os portugueses vão pagar de IRS"

Rui Rio: "O que temos em relação ao SMN é alguma ambição, é passar para os 700 euros nos quatro anos. É verdade que o SMN começa a encostar ao salário médio, o que está mal é a não subida do salário médio. Eu também podia dizer que propomos as creches gratuitas, entre outros, mas isso complementa, não nos faz pagar melhores salários. Modelo de economia assente no consumo a puxar pelo produto a médio-longo prazo não é bom. Não coloca a produção à frente, nem as empresas, porque são elas que vão criar emprego e pagar salários. Se queremos pagar bons salários o que temos de fazer é criar condições às empresas para que as exportações subam e o consumo vai melhorar. Não podemos fazer o que o BE quer fazer: os salários não podem passar 'x' nos administradores. O que dizemos é que se quiser pagar um milhão por ano, mas se a diferença entre os salários mais baixos e altos, a empresa passa a ser penalizada se ultrapassar 'x'. Sei por experiência própria que isto acontece, não é justo que uma empresa começando a progredir que os salários de topo subam de forma brutal e os mais baixos não".

António Costa: "Não posso deixar passar em claro, primeiro, um silêncio sobre os passes sociais. Mantém ou não em vigor? Segundo lugar, uma visão profundamente errada que tem sobre o que tem acontecido na nossa economia. As empresas estão a modernizar-se, necessariamente precisam de importar máquinas. O que está a desequilibrar a nossa balança corrente tem a ver com a importação de maquinaria e equipamentos, ou seja, o que as empresas precisam para se modernizar e produzir mais. Só 77% das importações é um investimento da TAP que está a importar aeronaves para a sua frota. O défice externo não é por ausência de produção nacional, é um bom indicador da modernização da nossa economia.

TAP

António Costa: "Termos recomprado parte que o Estado tinha vendido é fundamental para manter a TAP. Portugal não se pode dar ao luxo de não ter uma companhia de bandeira. Os resultados da empresa não se medem ao semestre. O Estado tem os poderes de controlo que tem e exerce-os nos lugares adequados".

Rui Rio: "Eu já sabia que ele vinha falar da TAP. Eu também tenho o meu Mário Centeno"

António Costa: "Mas eu não troco o meu pelo seu, nem os portugueses o trocam"

Rui Rio: "Portugal é a quarta maior dívida externa da UE: Temos que ter muito cuidado com o saldo externo porque foi isso que determinou a vinda da troika há uns anos. O que estamos a ver é um a caminho que não pode ser este, o aumento do peso das exportações no PIB que é vital tem evolução de 42 para 44% nesta governação do PS, é uma coisa mínima"

António Costa: "O grosso das exportações é maquinaria, depois é a energia e só depois os bens de consumo".

Rui Rio: "Com este défice é impossível. Impossível".

Passes Sociais

Rui Rio: "São uma boa medida por razões de ordem social, ambiental e é uma função do Estado. Como é que isto foi feito? primeiro em cima do joelho porque havia eleições europeias e era preciso andar depressa. Já tem os operadores a berrar por falta de pagamento, porque as coisas foram feitas à pressa. Não revogo. Melhoro. A desigualdade territorial: Porto e Lisboa beneficiaram. E finalmente a escassez da oferta. Isto visa e bem aumentar procura do transporte pública, mas oferta não é equivalente. Boa medida feita de forma desajustada.

António Costa: "Difere de área metropolitana por causa da descentralização. Cada uma desta entidades é livre escolher a medida que adota. Aqui em Lisboa está em vigor o passe família e no Porto ainda não, mas depende de cada uma das entidades. Quanto ao aumento da oferta lançamos concursos para aquisição de autocarros, aquisição de novos navios e composições de comboio (CP).

Rui Rio: "Já disse e repito: a medida é boa e sendo boa eu não vou anular a medida. Vamos manter. Mas vamos fazer bem. Votámos contra relativamente à questão da equidade entre municípios"

Educação

Rui Rio: "O programa do PS nesta área é bastante vago. Há um elemento vital: crescente aposta nos jardins de infância e creche que está cientificamente comprovado que é altamente condicionador no desenvolvimento das crianças. Queremos uma aposta crescente nessa matéria. Relativamente à exigência, até de disciplina, eu fico revoltado quando vejo a forma como os professores têm de dar aulas hoje. A crescente indisciplina tem afetado os portugueses. O meu discurso político é a favor do respeito pelos professores, da disciplina. 

António Costa: "O PS tem feito muito. O nosso grande objetivo é continuar a combater abandono escolar precoce, a promoção do sucesso escolar e passa por reduzir número de alunos por turma. As duas reformas de maior improtância: maior autonomia das escolas e flexibilização curricular. A indisciplina é um problema, mas tem sido combatida pelas medidas. A democratização do acesso ao Ensino Superior é fundamental. Eu digo aos professores o que faço e faço o que digo. Não digo, como o doutor Rio, que lhes vai dar tudo numa noite e Mário Nogueira sai a festejar e no dia a seguir diz que não é bem assim. Os portugueses preferem o meu Centeno, que é de contas feitas e não promete fazer o que não pode fazer"

Reestruturação da Dívida

António Costa: "Nunca fui defensor da reestruturação da dívida. Tivemos uma redução continuada dos juros da dívida. Graças à recuperação da credibilidade de Portugal hoje temos os juros ao nível dos da Espanha. A estabilidade política também um papel importante. Uma coisa é uma reestruturação decidida pela UE outra coisa tem a ver com uma reestruturação unilateral da nossa dívida. 

Rui Rio: "A redução dos juros da dívida pública não é como o doutor António Costa diz. A primeira razão é a política do BCE que tem reduzido as taxas de juro. O Governo pode dizer 'mas nós não estragámos tudo' e aí tudo bem. Podiam ter feito como no passado, partiam tudo e era uma desgraça. Assim partiram só um bocadinho. O PS inventou uma nova série 'O BE é perigoso, olhem para Espanha para o Podemos, se tivermos um BE assim estamos desgraçados'. Eu não discordo, mas até aqui o BE era fenomenal. 

Cenários políticos

Rui Rio: "Não sei se o que tenho vindo a dizer é integralmente subscrito pelo PS. Quando digo que um Bloco Central que isso só em situação limite  de interesse nacional isso convergimos os dois. Houve um momento na historia, poderá haver outros que assim tenha de ser. Coisa diferente, e aí não sei se a visão é a mesma, é poder haver acordos entre PS e PSD e outros partidos. Uma crise externa idêntica à de 2008 é cenário em que isso pode eventualmente acontecer. Aliás a troika no início forçou isso, acabámos por fazer a coisa bem e não foi necessário"

António Costa: "Por princípio é solução indesejável, a democracia vive de alternativas. É fundamental termos estabilidade na vida política. Há quatro anos rompemos o muro. Qual será a solução governativa no dia 7? Dia 6 iremos saber. 

Eleições

António Costa: "O meu adversário é o doutor Rui Rio. 

Rui Rio: "Se eu fosse enumerar os meus adversários internos era uma lista enorme"

António Costa: Espero que o BE que há quatro anos tinha o PS como seu adversário fundamental depois reviu a sua posição e que agora faça o mesmo, mais cedo"

Rui Rio: "Este arrufo é uma encenação. Isto é o calor da campanha eleitoral. O BE a dizer que não quer nada à Direita.Se precisarem de se entender obviamente que se vão entender na mesma"

Cartas na manga de Costa?

António Costa: "Quando me apresentei a candidato às eleições primárias do PS era precisa acabar com falta de governabilidade à esquerda, houve até uma manchete do Expresso em que dizia que eu formaria um governo com apoio à esquerda. Anunciei tudo, não tinha cartas na manga e continuo sem cartas nas magnas. Governarei com o que os portugueses nos quiserem dar. Não podemos ter uma instabilidade que foi evitada nestes quatro anos e não vamos ter"

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