PAN quer firmeza igual do Governo na descarbonização e apela à negociação
O dirigente do Pessoas-Animais-Natureza André Silva desejou hoje a mesma "firmeza" do Governo nos objetivos de descarbonização da economia como o executivo está a demonstrar para minimizar os efeitos da greve dos motoristas camiões de matérias perigosas.
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"A problemática em torno desta greve, aquilo que poderá causar uma paragem do país, o caos anunciado, reflete no fundo a sociedade petrodependente que nós somos, uma dependência excessiva e quase total dos hidrocarbonetos e essa parte não está a ser falada, abordada, por nenhuma das partes e é aquela mais nos preocupa. Gostaríamos que o Governo tivesse tanta firmeza e empenho como está a ter nesta matéria como na descarbonização da economia e encontrar meios alternativos de deixarmos de depender de energias fósseis, nomeadamente para a mobilidade", disse.
O deputado do PAN defendeu que "é preciso, cada vez mais, é uma requisição civil para a ferrovia e para as áreas metropolitanas no que diz respeito ao metropolitano, um maior reforço, maior empenho do Governo nesta área", antes de entregar a lista de candidatos a deputados por Lisboa, no Palácio da Justiça.
"As reivindicações dos trabalhadores motoristas são justas. Há esquemas remuneratórios aplicados pelas empresas que parecem não ser os mais adequados e corretos e pode não existir a devida fiscalização e empenho por parte da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), mas é verdade que o Governo tem evitado ao máximo, dentro do que são os mecanismos legais, que a economia, especialmente a microeconomia, possa parar e congelar o país", afirmou.
André Silva referiu que "este jogo entre o que são os expedientes das empresas e os mecanismos do Governo tem sido feito dentro da legalidade", mas pode vir a verificar-se "uma paralisação do país a curto prazo porque as posições estão a ser extremadas".
"Este problema só vai ser resolvido com negociação, independentemente de o Governo conseguir resolver esta questão através de requisições civis totais. O problema de fundo não vai ser resolvido porque o problema dos trabalhadores mantém-se, que dizem que irão continuar na rua durante mais dias ou semanas. Não há outra forma de resolver o problema que não voltar à mesa das negociações. O apelo que o PAN faz, quer ao Governo, quer aos patrões, é que se empenhem numa solução negocial e que a tónica deixe de ser a diabolização destas pessoas que querem trabalhar", disse.
O dirigente do PAN alertou ainda para o atual "período agrícola extremamente importante, de colheitas, nomeadamente do tomate, que se está a fazer nestes dias e não pode esperar por negociações de mais uma, duas ou três semanas, sob pena" de haver "culturas que ficam completa e definitivamente perdidas com prejuízos enormes de milhares ou milhões de euros".
O porta-voz dos motoristas de matérias perigosas, Pedro Pardal Henriques, afirmou hoje que os trabalhadores não vão cumprir serviços mínimos nem a requisição civil, em solidariedade para com os colegas que foram notificados por não terem trabalhado na terça-feira.
O ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, disse na terça-feira que 14 trabalhadores não cumpriram a requisição civil decretada pelo Governo na greve dos motoristas.
Na segunda-feira, ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.
O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, após uma reunião do executivo por via eletrónica, justificou a medida depois de o Governo ter constatado que os sindicatos que convocaram a greve "não asseguraram os serviços mínimos", particularmente no turno da tarde.
A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
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