BE pede à Câmara da Amadora que dialogue com moradores da Quinta da Lage
A coordenadora do BE, Catarina Martins, apelou hoje ao diálogo da Câmara Municipal da Amadora com os moradores do bairro da Quinta da Lage, quer "parar as demolições" e acusou a autarquia de "autoritarismo".
© Global Imagens
Política Catarina Martins
"A Câmara Muncipal da Amadora deve parar imediatamente o processo de demolições e começar um processo de diálogo com a comunidade, para perceber que soluções se podem encontrar para este bairro e para esta comunidade sem a destruir, e isso é urgente", disse hoje Catarina Martins aos jornalistas, no âmbito de uma visita ao bairro da Quinta da Lage, na Amadora, no distrito de Lisboa.
Catarina Martins afirmou que "têm faltado à autarquia da Amadora capacidades básicas de diálogo", falando inclusive num "autoritarismo que é absolutamente insuportável".
No dia 11 de julho, a Câmara da Amadora demoliu seis casas no bairro da Quinta da Lage, justificando que as construções pertencem a agregados familiares que quiseram sair da zona, mas o PCP disse que os moradores foram surpreendidos.
A líder do BE lembrou que a Quinta da Lage "é um bairro autoconstruído há 60 anos" pelos habitantes, que tem "saneamento, luz, onde há muita gente que paga o seu IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis].
"Nunca ninguém disse a estas pessoas que elas não podiam morar aqui", reforçou Catarina Martins, acrescentando que o processo de demolições "é de uma violência social absolutamente inaceitável".
A coordenadora do BE classifica, no entanto, de "situações muito diferentes" as vividas pelos moradores da Quinta da Lage, já que "há habitações que são muito precárias, muito vulneráveis, e há outras que não, que têm décadas e que não têm vulnerabilidade nenhuma".
"Um plano de erradicação da Quinta da Lage, que é o que quer fazer a Câmara Municipal da Amadora, não tem sentido e desprotege toda a gente", disse, falando ainda em "especulação imobiliária".
Durante a sua visita ao bairro Catarina Martins visitou várias habitações, um minimercado, e falou com moradores.
Mariana Lança do Vale, que habita no bairro há 59 anos, lembrou que "há uns anos" o bairro era "considerado um bairro de lata de luxo".
"Toda a gente trabalhava, tinha bons carros à porta, íamos fazendo as nossas casas, a ter boas aparências. Éramos um bairro de lata de luxo. Agora somos do piorio!", referiu.
Já António José, outro morador disse que "não sai" de casa a não ser que lhe deem "uma casa em condições".
"O presidente da Câmara que venha cá para a gente falar", disse o habitante da Quinta da Lage.
O Governo vai reunir-se com a Associação de Moradores da Quinta da Lage, em 26 de julho, para discutir o programa 1.º Direito, de apoio ao acesso à habitação, anunciou no dia 09 de julho o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.
A Quinta da Lage é um dos 35 bairros do concelho da Amadora recenseados no Programa Especial de Realojamento (PER), criado em 1993 para proporcionar aos municípios condições para erradicar barracas e para realojar as pessoas em habitações de custos controlados.
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