No seu primeiro pedido de esclarecimento ao primeiro-ministro no debate do estado da nação, o último da legislatura, a deputada Heloísa Apolónia considerou que, no anterior executivo PSD/CDS, "para o país estar melhor, era preciso que os portugueses estivessem pior".
"Foi por essa alteração de paradigma que tivemos de repor rendimentos, repor direitos. Aquilo que PSD e CDS tinham roubado aos portugueses foi efetivamente reposto", afirmou.
De imediato, ouviram-se protestos das bancadas do PSD e do CDS-PP, com gritos "vergonha, vergonha".
A deputada ecologista lamentou ainda ouvir agora o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, dizer que se os sociais-democratas estivessem no Governo também estariam a devolver rendimentos.
"Lembramo-nos tão bem de ouvir o então primeiro-ministro do PSD dizer aos portugueses: não pensem que os salários mais alguma vez voltarão a ser o que eram em 2011", criticou.
Ainda assim, Heloísa Apolónia lamentou que "uma cerca obsessão com o défice" não tenha possibilitado ao Governo PS ir mais longe nesta legislatura, acusando-o de ter sido "mais papista que o papa".
Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa, concordou que a estratégia seguida por PSD e CDS-PP no anterior executivo "foi um erro monumental", mas recusou qualquer obsessão com o défice.
"A redução do défice e dívida é condição da boa governação e para termos meios necessários para fazer o que é necessário", defendeu.
Costa salientou que, sem a redução do défice, não teria sido possível poupar este ano dois mil milhões de euros em juros que foram usados em áreas como o IRS ou o Serviço Nacional de Saúde.
"Não foi a redução do défice que travou o que era necessário fazer, nós fizemos aquilo que é necessário fazer", assegurou.
O primeiro-ministro desafiou mesmo os Verdes a regozijarem-se por "a boa governação financeira não ser monopólio da direita", incluindo este partido -- e parceiro da chamada 'geringonça - na responsabilidade pelos resultados do executivo.