O artigo de opinião de Fátima Bonifácio, publicado no jornal Público, motivou uma onda de críticas que marcou o fim de semana. No seu artigo, ‘Podemos? Não, não podemos’, a historiadora defende que não podemos “integrar por quotas”, manifestando-se contra quotas para negros e ciganos. É na argumentação usada, porém, que reside toda a polémica.
“As mulheres, que sem dúvida têm nos últimos anos adquirido uma visibilidade sem paralelo com o passado, partilham, de um modo geral, as mesmas crenças religiosas e os mesmos valores morais: fazem parte de uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade. Ora isto não se aplica a africanos nem a ciganos. Nem uns nem outros descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789”. Ou, “os ciganos, sobretudo, são inassimiláveis”, são alguns dos argumentos utilizados.
Para a bloquista Joana Mortágua, o texto da historiadora tem o “único mérito”, o de “acabar com o mito de que só há em Portugal racismo invisível”. “Não há racismo sem racistas”, atira.
Reconheço à Fátima Bonifácio o único mérito de acabar com o mito de que em Portugal só há racismo invisível. Não há racismo sem racistas @Publico
— Joana Mortágua (@JoanaMortagua) 6 de julho de 2019
Isabel Moreira, do PS, manifestou-se incrédula com o conteúdo do artigo de opinião. “Já li o artigo da Bonifácio. Tive de ler duas vezes para acreditar”, considerando o texto uma "crónica de ódio racista".
O antigo deputado, Miguel Vale de Almeida também comenta, dizendo que “há coisas no artigo de Bonifácio que não são opinião mas sim erros crassos em termos de ciências sociais ou de pura falta de trabalho de casa sobre o que anda a ser discutido”. “Repito, não estou a falar da sua ‘opinião’ ou ‘valores’”, reforça.