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CDS ameaça consenso se relatório não incluir 'culpa política' do Governo

O CDS-PP apontou hoje responsabilidades políticas ao primeiro-ministro e ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes no furto dos paióis militares de Tancos e ameaçou não dar consenso se não ficarem explícitas no relatório final da comissão de inquérito.

CDS ameaça consenso se relatório não incluir 'culpa política' do Governo
Notícias ao Minuto

12:50 - 12/06/19 por Lusa

Política Tancos

"Ou ficam no relatório ou não merece o nosso consenso", afirmou o deputado centrista Telmo Correia numa conferência de imprensa, no parlamento, em que apresentou as propostas de alteração do CDS ao relatório preliminar do deputado do PS Ricardo Bexiga, que acusa de "desculpar o Governo".

Telmo Correia disse discordar do relatório preliminar por, "aparentemente, tentar centrar as responsabilidades nos militares" e considerou que o Governo "teve toda a informação essencial" durante "11 meses e não fez nada" quanto à "atuação ilegal" da Polícia Judiciária Militar (PJM) e de encenação na recuperação do material, na Chamusca, quatro meses após o futuro, em junho de 2017.

O deputado centrista referia-se ao documento entregue pelo ex-diretor da PJM Luís Vieira ao tenente-general Martins Pereira, chefe de gabinete do antigo ministro, sobre a operação que levou ao "achamento" do material, e que Azeredo Lopes, na comissão de inquérito, admitiu ter tido conhecimento "no essencial".

Mesmo que não venham a ser aprovadas, estas posições dos centristas devem ser tidas em conta "no acervo da comissão" para "se perceber o que aconteceu" com o furto nos paióis de Tancos.

"Não pode haver uma responsabilidade política do Governo sem haver uma responsabilidade do primeiro, como é evidente", afirmou Telmo Correia, apontando a António Costa, de novo, por ter feito declarações aos jornalistas dizendo desconhecer o que estava no memorando entregue pelos ex-responsáveis da PJM quando este já tinha sido entregue ao seu gabinete, em São Bento.

António Carlos Monteiro, outro deputado do CDS na comissão, alertou ainda para a existência de documentação classificada enviada ao parlamento, mas que não revelou, que "comprova que algo de grave se passou, que era do conhecimento do Governo" e de órgãos oficiais e que "não foram valorados".

O CDS-PP conclui que o primeiro-ministro fez declarações que "não correspondem à verdade" no caso do furto de material militar dos paióis de Tancos e acusa o ex-ministro Azeredo Lopes de omitir factos ao parlamento.

Estas são duas conclusões que constam nas propostas de alteração do CDS ao relatório final do inquérito parlamentar ao furto em Tancos, em junho de 2017, a uma semana da discussão do documento pelos deputados da comissão, prevista para a próxima semana.

Os centristas propõem agora que uma das conclusões seja que "as declarações prestadas publicamente pelo primeiro-ministro", em 26 de outubro de 2018, que "alegavam o desconhecimento dos documentos entregues pelo diretor-geral da PJM [Polícia Judiciária Militar] ao chefe de gabinete do então ministro da Defesa Nacional", e que apontavam para uma alegada encenação e encobrimento na recuperação do material, "não correspondem à verdade".

Alegam os centristas que António Costa "teve conhecimento do conteúdo dos documentos" em 12 de outubro desse ano.

A comissão de inquérito, proposta pelo CDS-PP, está em funções desde novembro de 2018 e o relatório é o último ato do inquérito ao caso que fez cair o chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte e o ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

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