Demissão de May é consequência de referendo "apoiado em populismo"
O cabeça de lista do Movimento Alternativa Socialista (MAS) às eleições europeias, Vasco Santos, afirmou hoje que o anúncio da demissão da primeira-ministra britânica reflete um referendo para o 'Brexit' "apoiado em demagogia e populismo".
Política Brexit
"O Brexit era apoiado em populismo e demagogia", vincou Vasco Santos, à margem da greve climática estudantil que decorreu em Lisboa, acrescentando que "é verdade que quem escolheu [a saída do Reino Unido da União Europeia] estava perante uma campanha feita até pela própria extrema-direita".
A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou hoje que vai demitir-se da liderança do Partido Conservador, desencadeando uma eleição interna cujo vencedor vai assumir a chefia do governo.
O primeiro candidato do MAS nas eleições para o Parlamento Europeu (PE) considerou que, no que diz respeito ao referendo para o Brexit, foi apoiada "uma sensação popular de que esta Europa não funciona, esta Europa não serve os seus interesses".
"Esta extrema-direita quer nos levar para um problema ainda maior", sublinhou.
Ainda assim, o cabeça de lista do MAS considerou que "os povos devem ter direito à escolha do seu destino", mas que, no caso do Brexit, "não é uma solução quando é apoiado nesta demagogia".
A solução é uma reforma da UE que crie "uma Europa para os povos e que serve os povos" e que "esta não serve os interesses da maioria [da população]".
A primeira-ministra britânica mantém-se em funções até que o partido tenha eleito um novo líder, o que não deverá acontecer até ao final de julho, incluindo durante a visita de Estado do presidente dos EUA, Donald Trump, entre 3 e 5 de junho.
Enquanto primeira-ministra, não pode renunciar até que esteja em posição de dizer à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor.
A demissão da liderança deverá tornar-se efetiva a 10 de junho, iniciando os procedimentos, que passam, numa primeira fase, por uma série de votações dentro do grupo parlamentar que eliminam progressivamente os vários candidatos a apenas dois, que depois serão sujeitos ao voto de todos os militantes do partido.
May já tinha prometido em março que iria sair, mas na altura pediu para "acabar o trabalho", assumindo como missão implementar o resultado do referendo de 2016 que determinou o Brexit.
Mas a pressão sobre Theresa May aumentou nos últimos dias, incluindo dentro do Governo e de deputados até agora fiéis, devido à perspetiva de o acordo de saída da União Europeia (UE) ser chumbado no parlamento por uma quarta vez.
Apresentada na terça-feira, a nova proposta de lei para o Brexit estava prevista para ser votada a 07 de junho e incluía como novidade a possibilidade de voto sobre um novo referendo, o que desagradou a vários ministros.
As três anteriores propostas de Brexit negociadas pela primeira-ministra britânica com Bruxelas foram rejeitadas por maiorias parlamentares, conduzindo a um impasse que obrigou Londres a prolongar o prazo de saída da União Europeia até 31 e outubro.
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