Negrão rejeita que tenha havido "passa culpas" de Rio para a bancada
O líder do grupo parlamentar do PSD assegurou hoje que existiu articulação entre a direção do partido e a bancada na questão dos professores e rejeitou que tenha havido qualquer "passa culpas" de Rui Rio para os deputados.
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Política PSD
No final da reunião da bancada do PSD, que durou cerca de duas horas, Negrão falou em "total sintonia de posições" dos deputados relativamente à direção do grupo parlamentar e à direção do partido, apesar da discussão sobre alguns pontos em concreto na temática dos professores.
"Houve uma atitude de desagrado e de condenação relativamente ao golpe teatral de António Costa quando ameaçou demitir-se. Mais do que condenação, de veemente protesto pela irresponsabilidade desse gesto de António Costa", afirmou.
No entanto, na reunião, que decorreu à porta fechada, houve uma voz crítica, segundo relatos feitos à Lusa: a do ex-líder parlamentar Hugo Soares, que acusou a direção do partido de querer "passar culpas" para a bancada parlamentar, dizendo que tal já aconteceu em anteriores ocasiões, até com Fernando Negrão (quando a bancada foi acusada pela direção de votar à revelia um diploma do CDS sobre combustíveis).
Hugo Soares lamentou ainda que Negrão tenha parecido estar "ausente" deste processo e considerou que a gestão do diploma dos professores foi uma "borla" a António Costa, defendendo que o PSD nunca devia ter defendido a reposição do tempo de serviço congelado.
Questionado se sentia que a bancada poderia estar a ser um bode expiatório para a direção do PSD neste processo, Negrão negou categoricamente.
"Não sinto, porque articulámos sempre com a direção do partido, e o presidente do grupo parlamentar pertence por inerência à Comissão Permanente (núcleo duro da direção). Houve uma articulação, não houve um passar de culpas", defendeu.
Instado a comentar a recente entrevista de Rui Rio à TVI, em que este salientou que não podia estar na Comissão de Educação, porque nem sequer é deputado, o líder parlamentar do PSD respondeu: "Ele não é mesmo deputado, mas não lavou as mãos porque na sua intervenção e na entrevista disse que houve completa e rigorosa articulação com a bancada".
Na semana passada, na comissão de Educação, PSD, CDS-PP, BE e PCP isolaram o PS e aprovaram o princípio de que os professores terão direito à recuperação da totalidade do tempo no período em que houve congelamento.
Perante este passo, o primeiro-ministro, António Costa, numa declaração ao país, na sexta-feira, ameaçou demitir-se caso esse diploma seja aprovado em votação final global, alegando ser "injusto" socialmente e "insustentável" do ponto de vista financeiro.
No final da reunião, o líder parlamentar do PSD hoje voltou a defender que o partido tem "uma solução muito concreta" sobre o tempo de serviços dos professores.
"Dizemos que se deve contar todo o tempo de progressão, porque isso é um ato de justiça, mas obviamente tem de ser compatibilizado com as condições financeiras", afirmou, lamentando que tal solução tenha sido "chumbada" por PS, PCP e BE nas votações feitas na quinta-feira em comissão.
Sobre o facto de não ter havido uma posição imediata do PSD a clarificar que votaria contra o diploma final quando as suas cláusulas financeiras foram chumbadas, Negrão respondeu que se tratou de um processo que envolveu a ameaça de demissão de um primeiro-ministro e, portanto, a resposta teria de ser dada pelo presidente do PSD, Rui Rio.
"Não é dito mais cedo, porque foi dito pelo presidente do partido", justificou.
Na reunião à porta fechada, o líder parlamentar, Fernando Negrão, começou por fazer o histórico da questão e manifestou o seu apreço pela deputada que coordenou o processo, Margarida Mano, dizendo que esta esteve sempre coordenada com a direção do partido e a direção do grupo parlamentar.
Ao contrário de Hugo Soares, o deputado e líder da distrital do PSD Pedro Pinto disse que a recontagem do tempo de serviço faz parte da tradição do partido, depois de períodos de congelamento de carreiras, e pediu que, na sexta-feira, se 'massacre' o PS com as suas incongruências, defendendo que o PSD "tem a razão do seu lado" neste processo.
Miguel Morgado, antigo assessor político de Passos Coelho, fez uma intervenção descrita como "de união" e concentrada nas críticas a António Costa.
Na sexta-feira, o parlamento vota em plenário o texto final da apreciação parlamentar do diploma do tempo de serviço dos professores, de acordo com o guião de votações para esse dia disponível no 'site' da Assembleia da República.
A expectativa é que, apesar do acordo inicial entre PSD, CDS, BE e PCP para a reposição integral do tempo de serviço aos professores, o texto final seja chumbado na votação final global.
PSD e CDS-PP já anunciaram que, antes da votação final global, avocarão para plenário normas chumbadas na especialidade por PS, BE e PCP que faziam depender a reposição do tempo de serviço de salvaguardas financeiras. Se estas cláusulas forem novamente reprovadas, PSD e CDS-PP votarão contra o diploma, na votação final global.
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