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Debate dos pequenos: Extremismo, imigração e o papel de Portugal na UE

A pouco mais de duas semanas das eleições europeias, a SIC convidou para o debate os candidatos de alguns dos partidos sem assento parlamentar no Parlamento Europeu. Aliança, Iniciativa Liberal, PCTP/MRPP, Basta, Livre, PAN e Nós Cidadãos.

Debate dos pequenos: Extremismo, imigração e o papel de Portugal na UE
Notícias ao Minuto

21:30 - 07/05/19 por Natacha Nunes Costa

Política Europeias

Depois de os chamados ‘grandes’ estarem frente-a-frente a trocar argumentos rumo às eleições europeias, esta terça-feira, a SIC deu também palco aos partidos sem assento parlamentar no Parlamento Europeu (PE).

Os cabeças de listas Paulo Sande (Aliança), Ricardo Arroja (Iniciativa Liberal), Luís Júdice (PCTP/MRPP), André Ventura (Basta), Rui Tavares (Livre), Francisco Guerreiro (PAN) e Paulo Morais (Nós, Cidadãos) tiveram oportunidade de, em horário nobre, revelar ao que vêm.

O debate, moderado pelo jornalista Bento Rodrigues, teve alguns momentos acessos, com os candidatos dos partidos sem assento parlamentar no PE a discutirem temas tão polémicos como o crescimento do extremismo na Europa, o aumento da entrada de refugiados na União Europeia (UE) e ainda o papel de Portugal na UE.

Declaração inicial:

O que trazem de novo a estas eleições Europeias e o que os torna melhores que os partidos tradicionais?

Rui Tavares (Livre)

"O Livre tem uma visão da Europa como uma democracia à escala continental, como a maior democracia transacional do mundo e a segunda democracia do mundo, só abaixo da população da Índia.. Uma democracia que sendo à escala continental que pode falar cara-a-cara com Trump, Putin, que se pode lançar no plano de reconversão da economia europeia [...] Acreditamos que é possível fazer renascer a União Europeia".

Francisco Guerreiro (PAN)

"Nós conseguimos trabalhar em causas. Temos trazido ao debate vários setores intocáveis e temos apresentado propostas muito concretas que têm melhorado a vida das pessoas e é isso que trazemos para essas Europeias. Queremos que haja o reforço da independência energética dos países dos Estados Membros e também da Europa e queremos trazer também os jovens para a política, queremos reforçar a participação dos jovens, que apenas votaram 20% nas últimas eleições europeias e queremos que haja mais investimento no programa Erasmus + e que esse seja expandido para pessoas com mais necessidades"

André Ventura (Basta)

"É a capacidade de dizer coisas que os outros não dizem, que importam às pessoas. Importa pagar menos impostos e que a Europa também possa fazer por isso, não é só meter-se onde não deve, também se pode meter no respeita à vida dos cidadãos. A Europa mete-se em tudo o que é energia, mar e bem, quando chega a altura da Justiça diz que não tem nada a ver com isso. A impunidade a que assistimos na Europa em matéria de crimes contra crianças merecia ou não atenção da Europa?! Isto é o que faz diferente. Não extrema-direita ou extrema-esquerda. É a verdade! Não é só mais músculo, é ir ao encontro do que as pessoas querem porque se continuámos com a Europa transacional, muito democrática e muito bonita, um dia não temos nada e eu quero ter Europa, mas uma Europa que responda aos seus cidadãos".

Ricardo Arroja (Iniciativa Liberal)

"Existe uma grande crise de representatividade hoje em dia na Europa. Aquilo que nós pretendemos é ter um Parlamento Europeu com iniciativa legislativa. O Parlamento Europeu está muito dominado pela agenda da Comissão Europeia e limitado pelo Conselho Europeu. Uma proposta concreta diz respeito ao voto eletrónico. É inconcebível que nós não tenhamos ainda voto eletrónico que em Portugal muito beneficiaria as pessoas que estão desencantadas com a política."

Luís Júdice (PCTP/MRPP)

"O que traz de novo e que nos distingue dos restantes candidatos é o facto de sermos os únicos a defender a saída de Portugal da União Europeia e do Euro. Nós defendemos que a dívida não é a causa de todos os nossos problemas. A dívida é uma consequência dos nossos problemas, dos problemas financeiros e económicos que nós suportamos por virtude de termos aderido a um mercado como a CEE […]. Defendo que a dívida não deve ser paga porque nós ao aderirmos à CEE concordamos em destruir todo o nosso círculo produtivo."

Paulo Sande (Aliança)

"O Aliança é um partido liberal, que defende um Estado forte naquilo em que o Estado deve ser forte. Que defenda as pessoas, que diminuam os impostos. Nós queremos muito menos impostos na economia, porque precisamos que a economia cresça. O problema da legislação europeia é que ela chega a Portugal muito tarde, quando chega a Portugal estamos a discutir uma coisa que já está decidida, como aconteceu, recentemente, com a diretiva dos Direitos de Autor na internet, o célebre Artigo 13. E é muito fácil, é criar um mecanismo institucional, que aliás já existe noutros países e isso vai devolver às pessoas a palavras."

Paulo Morais (Nós, Cidadãos)

“Nós estamos na cauda da Europa porque grande parte dos fundos que foram carregados para Portugal não foram carregados para o seu fim concreto foram carregados para o grande carrossel da corrupção. Nós precisamos de uma Europa que seja mais criteriosa e mais transparente na canalização de recursos para os países europeus e que combata a corrupção."

Imigração e refugiados

Imaginem que um barco com refugiados está perto da costa portuguesa e pede para entrar. Qual é a vossa decisão?

André Ventura (Basta)

“Nós não queremos fechar a Europa, nem fazer desta uma Europa fortaleza. Mas há uma coisa que tem de ser dita: 'Nós estamos a ser completamente inúteis nesta defesa'. Nós não temos de deixar entrar nem sair, nós temos é de ter controlo a sério. Não pode ser a bandalheira a que assistimos hoje, que é entra qualquer pessoa, de qualquer forma. Ou há controlos ou não entra. Porque se não temos controlos a sério, nós um dia vamos ter problemas de segurança."

Rui Tavares (Livre)

"A Europa não tem lidado bem com esta questão dos refugiados. Portugal tem salva-vidas que não precisam se quer de entrar na sua jangada. Nós podemos evitar para fazer duas coisas muito importantes: cortar com o negócio aos traficantes de seres humanos e para que os verdadeiros refugiados que já tiveram de fugir e arriscar a vida a fugir, não tenham de arriscar a vida novamente no Mediterrâneo. Há uma forma de fazer que é a reinstalação. Deixar entrar os prioritários, mulheres e crianças vítimas de violência sexual, vítimas de tortura, pessoas que correm risco de vida nos campos de refugiados, pessoas que têm condições físicas e doenças que têm de ser tratadas."

Francisco Guerreiro (PAN)

"Deve haver uma seleção mediante o seu perfil. Deve haver agências de segurança que fazem esse controlo, mas não podemos separar esta questão da questão dos Direitos Humanos. Nós aceitaríamos o barco, com certeza. Não tem entrado migrantes a mais, especialmente, em Portugal. Nós temos défice demográfico e grande parte da demografia tem sido acrescentada por estes migrantes."

Luís Júdice (PCTP/MRPP)

"Nós temos que perceber que a maior parte desta migração e desta crise tem uma causa e a causa é a agressão permanente a países como o Iraque, a Síria, Iémen do Sul [...]. E obviamente que Portugal é agressor destas pessoas e não tenho dúvidas disto."

Paulo Sande (Aliança)

"O barco entrava. Nós temos uma obrigação com os refugiados e temos de resolver o problema na sua chegada. Entram aqueles que têm direito a entrar de acordo com a lei internacional e de acordo com o que a União Europeia é e com critérios. A Europa precisa de mais recursos, que não tem, para gerir esta questão."

Ricardo Arroja (Iniciativa Liberal)

"O barco seria acolhido porque a Europa é um espaço de humanismo que partilha princípios de liberdade, segurança e justiça que todos os países subscrevem quando aderem ao espaço europeu."

Paulo Morais (Nós, Cidadãos)

"O barco entram claramente se for um barco de refugiados. Os refugiados têm de ser acolhidos e bem tratados nos termos das convenções internacionais nessa matéria."

Portugal na Europa

O que é que mudavam na relação entre Portugal e a União Europeia?

André Ventura (Basta)

“Estamos a pedir que sejamos tratados como Nação soberana e com respeito pela nossa independência e soberania. Continuar na União Europeia, mas manter o núcleo do poder decisório que temos de ter. Nós somos uma Nação com história e os portugueses gostam dessa história e apreciam essa história. Não podemos continuar a ter uma Europa com tratamentos desiguais. Nós não aceitamos que Portugal seja tratado como um parente pobre da União Europeia."

Ricardo Arroja (Iniciativa Liberal)

"A União Europeia tem de ser sobretudo um espaço de oportunidade e um espaço onde as pessoas possam circular livremente. E na Europa continuam a existir profissões que não são devidamente reconhecidas, onde existem francas barreiras."

Luís Júdice (PCTP/MRPP)

"[Com a adesão à União Europeia] perdemos a nossa soberania orçamental, cambial. Soberania não existe sem moeda. Um país sem moeda não é soberano."

Francisco Guerreiro (PAN)

"As grandes famílias europeias continuam a gerir a Europa como se do mesmo paradigma do século XIX se tratasse. Nós estamos numa crise climática, precisamos de reorientar a nossa economia, de repensar o modo como consumimos, produzimos e distribuímos determinados bens e serviços e isso não tem sido priorizado."

Paulo Morais (Nós, Cidadãos)

"Hoje mais de 75% dos europeus vivem em cidades e, no entanto, não há políticas europeias para cidades. É preciso identificar boas práticas nas cidades da Europa que possam ser transferidas par Portugal, como por exemplo, a nível da utilização das águas."

Paulo Sande (Aliança)

"Os deputados europeus têm de fazer uma ligação com Portugal diferente da que têm feito. É verdade que os portugueses não sabem o que se passa em Bruxelas e sentem-se muito distantes de Bruxelas. Nós temos de recuperar Bruxelas para Portugal. Discutir a legislação europeia no seu início e não no seu final."

Rui Tavares (Livre)

"A União Europeia é um clube de democracias com problemas gravíssimos de Estado Direito, de direitos fundamentais. A União Europeia não é ainda uma democracia toda ela. A maior das causas da desagregação da UE é termos um dos continentes mais ricos do Planeta, um dos mercados mais abastados do Planeta, em Portugal 650 mil pessoas não conseguem pagar para aquecer a casa."

Extremismos na União Europeia

Preocupam-se com este crescimento da extrema-direita e esquerda?

Paulo Sande (Aliança)

“Preocupa-me muito. O que nós defendemos é uma sociedade equilibrada e como tal é necessário combater esses extremos, quer da esquerda, quer da direita. Os extremos são sempre causa do mau estar das pessoas. É verdade que a Europa nos últimos 10 anos sofreu um retrocesso e que há revolta das pessoas, muito por falta da coesão. Este movimento com os extremos é também resultado da desilusão. As pessoas quando estão zangadas votam em quem fala mais forte, em quem grita mais alto. Em todo o caso, a Europa tem de resistir a isto em nome do equilíbrio."

André Ventura (Basta)

"Extremismos há, mas porque as pessoas estão desconfiadas e descontentes. Porque trabalhamos meio ano para pagar impostos. Não me sinto o rosto da extrema-direita portuguesa nem isso me preocupa muito. A mim o que me preocupa é o que os portugueses sentem todos os dias na rua. Que pagam impostos a mais, que vivem um clima de impunidade total, que a justiça não funciona e que vivem num clima em que esta Europa que lhes dá uma mão cheia de nada."

Ricardo Arroja (Iniciativa Liberal)

"Preocupa-me porque é um risco à coesão da Europa. É evidente de que quando temos extremismos os consensos tornam-se mais difíceis de construir e perde-se o sentido do rumo. Para corrigirmos a trajetória de algum descontentamento temos de discutir a afetação que orçamental que a Europa tem."

Rui Tavares (Livre)

"Quando os partidos tradicionais estão vazios de ideias, e em Portugal estão metidos numa redoma porque só debatem entre eles, evidentemente que há quem se aproveite. E muitos deles são simplesmente vigaristas"

Francisco Guerreiro (PAN)

"O crescimento da extrema-direita é um perigo real e europeu e nós temos de combater com políticas integradas."

Luís Júdice (PCTP/MRPP)

"É preciso recordar que Hitler surgiu precisamente numa altura em que se discutia a dívida, ou seja, casa onde falha o pão, geralmente, há este resultado. Estes extremismos, movimentos fascistas, xenófobos, racistas."

Paulo Morais (Nós, Cidadãos)

"Os extremismos e a abstenção são exatamente as razões centrais que levaram a constituição da candidatura do Nós, Cidadãos. Os extremismos resultam da desilusão das pessoas. Os europeus estão fartos da corrupção e de pagar impostos. Por isso é que nós aparecemos, somos uma alternativa ao centro".

Recorde-se que as eleições europeias em Portugal estão marcadas para 26 de maio.

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