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A 'primavera quente' de Costa chega com "chantagem" e "eleitoralismo"

Se o governo PSD e CDS teve um ‘verão quente’, a Geringonça está a ter uma ‘primavera escaldante’.

A 'primavera quente' de Costa chega com "chantagem" e "eleitoralismo"
Notícias ao Minuto

09:37 - 04/05/19 por Patrícia Martins Carvalho

Política Partidos

Tudo parecia andar sobre rodas até às próximas eleições legislativas. Pelo caminho ficavam as Europeias – com poucas críticas entre os partidos da Esquerda – e o PSD de Rui Rio e o CDS de Assunção Cristas com uma imagem desgastada ainda colada ao período da troika e com uma capacidade argumentativa incapaz de ‘fazer cair’ a Geringonça.

Porém, os primeiros dias de maio fizeram subir não só os termómetros meteorológicos, como também os políticos.

Se na rua os portugueses sentem na pele os 30º que a primavera trouxe, no Parlamento os deputados já ‘fervem’ com o terramoto político anunciado por António Costa: a demissão ou a não aprovação da recuperação integral do tempo de serviço congelado aos professores.

E não se trata de “chantagem”, nem de um “ultimato”, garante o primeiro-ministro que se diz indisponível para assumir um compromisso que Portugal não poderá cumprir.

Após a declaração ao país, os partidos com assento parlamentar não deixaram os ânimos arrefecerem e responderam ao ataque.

Primeiro, o PCP. O líder parlamentar dos comunistas não foi 'meigo' nas palavras, garantindo ao país que a declaração de António Costa foi uma "operação de chantagem que resulta do calculismo eleitoral do PS e é reveladora de até onde o Governo e o PS estão dispostos a ir para tentar impôr injustiças e retrocessos”.

Retrocessos para os quais o PCP não está disponível, até porque o "caminho é de avançar e não de andar para trás”, garantiu João Oliveira.

Na mesma linha de crítica, a líder do Partido Ecologista Os Verdes disse que "relativamente a esta chantagem, que não tem outro nome, que o senhor primeiro-ministro hoje veio fazer, eu quero dizer que Os Verdes consideram que é absolutamente inadmissível".

"É inaceitável esta forma como o Governo procura agora condicionar a Assembleia da República", atirou Heloísa Apolónia.

Discurso semelhante teve Catarina Martins, embora mais contida nas acusações. A coordenadora do Bloco de Esquerda disse aos jornalistas ser uma precipitação o "ultimato do Governo à Direita" ao trazer uma "instabilidade política dispensável", considerando "triste e errado" dar-se a PSD e CDS-PP "o prémio" de decidir se a legislatura chega ao fim.

"O ultimato do Governo à direita vem introduzir uma instabilidade política que nos parece dispensável", lamentou, questionando: "Tem algum sentido deitarmos borda fora todo este trabalho conjunto, todo este compromisso com o país por algo que ninguém compreende?".

Ainda à Esquerda, quem também reagiu foi Rui Tavares, do partido Livre, acusando Costa de reagir de uma forma "extrema".

"Após a aprovação da reposição de mais de nove anos do tempo de serviço reclamado pelos professores por parte da comissão de Educação da Assembleia da República, com votos favoráveis do PSD, CDS, PCP e BE, o Governo do Partido Socialista reagiu de forma extrema, ameaçando com a sua demissão. A concretizar-se, seria um enorme falhanço da esquerda parlamentar que não conseguiria levar a termo um mandato inteiro de geringonça", refere o Livre em comunicado.

Quem também reagiu às palavras do primeiro-ministro foi a líder do CDS que foi bastante dura com o Chefe do Executivo.

"Um primeiro-ministro que não se demite quando morrem 116 pessoas nos incêndios [em 2017] é o mesmo primeiro-ministro que empurra o país para uma crise política a propósito, apenas, da obrigação de negociar com os professores", afirmou.

Depois atacou o discurso de António Costa dizendo que "é mentira" que as medidas aprovadas na comissão parlamentar de Educação por PSD, CDS-PP, PCP e BE representem "mais despesa", "compromissos novos para o futuro" e que ponham "em causa as contas públicas".

Da parte do PSD foi a deputada Margarida Mano quem abordou a questão, acusando o primeiro-ministro de "mentir deliberademente" sobre as consequências da recuperação integral do tempo de serviço dos professores.

"É falso que o tempo todo de serviço não tivesse sido assumido pelo Governo", atirou.

Ainda à Direita, também o Aliança e o Chega se pronunciaram.

Numa nota emitida pela Direção Política Nacional, o Aliança "condenou e condena o oportunismo eleitoralista do casamento de partidos com uma história de responsabilidade (PSD e CDS) com a extrema-esquerda, mas condena, também, o eleitoralismo de sempre deste Governo".

Face à "falta de sentido de Estado e de responsabilidade institucional" do PS, a Aliança defende que "o país e a democracia só têm a ganhar" se o Governo avançar para a sua demissão.

Já o líder do Chega, André Ventura, em declarações ao Notícias ao Minuto, vincou que esta crise política "completamente inacreditável" só "demonstra que a Geringonça nunca foi uma unidade política fundamental e, sobretudo, que a extrema-esquerda continua a ser completamente irresponsável e a pensar apenas nos seus próprios interesses eleitoralistas".

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