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Um debate "nacionalizado" marcado por populismos e legados de Sócrates

A cerca de três semanas das eleições europeias arrancou, esta quarta-feira, a ronda de debates televisivos com seis dos 17 candidatos ao Parlamento Europeu. A "nacionalização" ou não das europeias, os "legados trágicos" do PS e de Sócrates e os riscos do crescimento da extrema-direita marcaram o primeiro debate.

Um debate "nacionalizado" marcado por populismos e legados de Sócrates
Notícias ao Minuto

23:21 - 01/05/19 por Patrícia Martins Carvalho e Filipa Matias Pereira com Lusa

Política Eleições Europeias

O ‘pontapé de saída’ nos debates televisivos entre os candidatos ao Parlamento Europeu foi dado, na noite desta quarta-feira, em simultâneo na SIC e SIC Notícias.

Durante uma hora e 50 minutos, os cabeças de lista dos seis partidos com representação no Parlamento Europeu: Pedro Marques (PS), Paulo Rangel (PSD), João Ferreira (PCP), Marisa Matias (BE) e Marinho e Pinto (Partido Democrático Republicano - PDR) trocaram argumentos, num debate moderado pelo jornalista Bento Rodrigues.

O candidato do CDS tentou "colar" Pedro Marques a José Sócrates, e usou "tweets" e fotografias em que o ex-primeiro-ministro surge ao lado do candidato socialista e do atual chefe do Governo, António Costa.

Pelo PSD, Paulo Rangel contestou a ideia de Costa de "nacionalizar" estas eleições, e recusou estar a tentar tornar estas europeias uma espécie de "plebiscito cesarista ou bonapartista". Estas são eleições muito importantes para a Europa, defendeu, tendo em conta problemas como "o Brexit, os populismos, a imigração ou o terrorismo".

À esquerda, entre João Ferreira e Marisa Matias chegou a existir um momento de tensão, depois de o eurodeputado comunista reivindicar para o PCP um papel importante na "reversão" da retirada de direitos, por ter alvitrado um acordo à esquerda na noite das legislativas de 2015. A candidata do Bloco anotou "esta obsessão" de João Ferreira quanto a si, e comentou que os bloquistas não se enganam "no opositor".

Já Pedro Marques reclamou para o PS louros dos resultados da governação, com o apoio dos partidos de esquerda, como a quebra no desemprego ou a devolução de rendimentos aos portugueses, "mantendo contas [públicas] saudáveis".

Enquanto Marinho e Pinto, do PDR, apresentou, logo no seu minuto inicial, duas propostas, a fixação de um salário mínimo europeu e de uma pensão mínima, que não quantificou nem explicou. O advogado também criticou PCP e BE por terem apoiado o Governo, "estes três anos e meio", e de, em Estrasburgo, terem uma "retórica completamente diferente".

Declaração inicial:

Paulo Rangel (PSD) 

"Estas são as eleições europeias mais importantes da nossa história e da história europeia"

"Olhando para a Europa temos o Brexit, os populismos, o terrorismo, até o arrefecimento económico, as migrações. Olhando para Portugal demos degradação dos serviços públicos, temos a maior carga fiscal de sempre. O PSD tem propostas concretas, ambiciosas, realistas, ao contrário do PS.

Pedro Marques (PS)

“Nestas eleições faz-se uma escolha clara com consequências concretas na vida dos portugueses. Uma escolha entre uma Europa dos cortes – protagonizada em Portugal pelo PSD e CDS - e uma Europa da coesão, dos direitos sociais, dos trabalhadores e esta escolha não é retórica. O PS implementou esta escolha em Portual reduzindo o desemprego para metade e trazendo pobreza para o valor mais baixo de sempre"

Marinho e Pinho (PDR)

"Estas eleições são da máxima importância para a UE e Portugal. A subida dos populismos, a crise migratória põem em causa os alicerces da UE. Defendemos salário mínimo europeu, um limite abaixo do qual não seja digno remunerar o trabalho, tal como defendemos uma pensão mínima europeia e um subsídio de desemprego mínimo na Europa. É preciso que a Europa invista em África para pôr cobro a esta vinda maciça da miséria africana para a Europa"

Nuno Melo (CDS)

"Queremos discutir os grandes temas europeus, mas aqui chegados Costa nacionalizou a campanha e o debate, dizendo que estas eleições têm de ser uma moção de confiança ao Governo. O que eu digo é que estas eleições são a primeira oportunidade para uma estrondosa censura nas urnas a um Governo que tem falhado em toda a linha: saúde, transportes. CDS é a única escolha possível para quem é de Direita em Portugal"

Marisa Matias (BE)

"Acredito que muitas das pessoas que nos estão a ver acreditam que é pouco importante votar nestas eleições. E eu compreendo essa ideia, uma vez que da UE veem vir muita confusão. Mas estas eleições são mesmo muito importantes para podermos defender os salários, pensões, serviços públicos proposta política de combate às alterações climáticas".

João Ferreira (CDU)

Portugal é dos países da UE com mais baixos salários. Somos um país injusto. Alguns que defendem tudo isto voltaram na hora H as costas aos trabalhadores. Não viramos a cara ao combate de civilização. Fizeram mais interpelações os três eurodeputados da CDU do que os restantes 18 eurodeputados portugueses".

Campanha

O PS está a descer nas intenções de voto. O que está a correr mal na candidatura de Pedro Marques? 

Pedro Marques 

O PS está com muita força nestas eleições, sempre à frente nas sondagens, na justa medida em que os portugueses reconhecem que esta alternativa que implementámos em Portugal foi possível ao contrário do que diziam na Europa. Uma alternativa de investir, criar emprego, recuperar os rendimentos que tinham sido retirados pelo governo da Direita, recuperar as pensões que tinham sido cortadas. 

Esses elementos não fizeram aumentar as intenções de voto. O que se passa?

Estamos em condições de ganhar estas eleições de forma clara. Criaram-se 350 mil empregos em Portugal nos últimos três anos, reduziu-se a pobreza para o valor mais baixo de sempre. 

Ganhar por menos de quatro pontos de diferença é uma vitória por "poucochinho" ou chega? 

O resultado que interessa é o do dia 26 de maio. 

Subiu nas intenções de voto, mas o PSD continua a ser o derrotado e Paulo Rangel arrisca a segunda derrota consecutiva em três candidaturas. Ainda é reflexo da instabilidade na liderança do PSD? 

Paulo Rangel

O que vejo nas sondagens, às quais não dou muita importância, não é esse panorama. Em 2009, em todas as sondagens dizia-se que perdia e acabei por ganhar as eleições e, na segunda, estávamos com distância para o PS e foi a tal vitória "por poucochinho" que tanto custa ao Pedro Marques detalhar. Estamos confiantes no trabalho que temos feito, essencialmente na capacidade de mostrar resultados na Europa e o que tem sido a governação socialista. Estamos muito confiantes quanto à vitória do PSD porque tem a melhor lista, os melhores candidatos e ao mesmo tempo as melhores propostas. 

As sondagens apontam para que a CDU perca um eurodeputado. Isso é a fatura de apoiar um Governo em Portugal?

João Ferreira 

A CDU teve um papel determinante na vida dos português. Conseguimos impedir cortes que PS e PSD queriam fazer de 600 milhões de euros e reverter caminhos de ataques a salários e a pensões. Creio que há uma percentagem ampla de pessoas na sociedade que reconhece este papel da CDU nos últimos anos da vida nacional.  

Nas últimas europeias o Bloco teve um dos piores resultados. Mudou alguma coisa na estratégia?

Marisa Matias

Continuamos a trabalhar. Estamos conscientes que o trabalho que temos feito justifica uma maior confiança. Creio que as pessoas não se equivocam nesse sentido porque não somos apenas contra a falta de investimento aqui e depois, em Bruxelas, aprovamos as medidas que impedem que o investimento chegue cá. Somos coerentes. 

Teoricamente está fora do parlamento europeu. Esse facto pode dever-se a um problema de credibilidade?

Marinho e Pinto 

Deve-se sobretudo à forma como a comunicação social tem atuado em relação aos deputados do parlamento europeu. Acho que não tenho problema de credibilidade. A maior sondagem que tive foi de 1.7% e foi eleito. As sondagens transformaram-se para manipular a opinião pública e não para informar. 

Partidos encaram europeias como tal ou a pensar nas legislativas de outubro? 

Sente-se a preparar um assalto ao poder como é acusado pelo PS?

Paulo Rangel

Não há assaltos ao poder. Em eleições democráticas, ganhar não é assalto ao poder. Isso é próprio de quem não tem linguagem democrática, pelo menos num Estado como Portugal. As eleições têm uma dimensão europeia e isso é o que o PS se recusa a ver. 

O PS diz que o programa político para a Europa assenta muito no que foi realizado cá, mais emprego, menos desigualdades e contas certas. O Bloco sente-se esquecido pelo PS?

Marisa Matias

O Bloco tem feito trabalho, não é preciso ter a referência do PS para ter direito à existência. E há relação entre o que são as políticas europeias e as nacionais. E essa é que as pessoas devem perceber e se percebessem votavam para as eleições europeias. 

PS usa rampa das europeias para as legislativas como diz o PS?

Pedro Marques

PS está a fazer um debate sobre a Europa na justa medida em que o que fizemos aqui em Portugal foi mostrar que houve uma alternativa na política europeia, que se estende a outros países. O corte dos 600 milhões nas pensões, a medida da TSU que Rangel e Nuno Melo não explicam que queriam reduzir o salário mínimo. Mostrámos que havia alternativa, reduzindo as desigualdades e recuperando os rendimentos, promovendo a reforma da zona euro. 

A líder do seu partido diz que o descontentamento tem uma maneira de se exprimir que é censurar o Governo nas urnas? Isto não é desvalorizar umas eleições cruciais que são as europeias?

Nuno Melo

Não tem de colocar essa pergunta a nós. Cada um dos cortes que aconteceram em Portugal foi devido a estes quatro líderes que subscreveram a Geringonça. Quem hoje governa foi quem entre 2006 e 2011 arruinou este país. São as mesmas pessoa, à exceção de Sócrates. 

Como é que a CDU explica à Europa propor a saída do euro e apoiar um Governo que defende o contrário?

João Ferreira

O que são os grandes problemas nacionais são tudo questões, direta ou indiretamente, tomadas ao nível da União Europeia. Em 20 anos de euro, Portugal é dos países que menos cresce.  Nós quisemos assinalar uma alternativa. 

Há um ano disse que estava no seu limite. Porque mudou de ideias?

Marinho e Pinto

Porque a Europa é muito importante para Portugal e porque o meu partido me pediu. Quero que Portugal contribua para que a União Europeia resolva muitos dos seus problemas. Nada é perfeito, mas estaríamos muito abaixo se não estivéssemos na União Europeia. 

Abstenção e Representatividade

Em Portugal, em cada 10 eleitores quase sete não vão votar. Perante esta realidade, sente que representa efetivamente o país?

Pedro Marques

Esse é o grande desafio destas eleições: convencer as pessoa da importância daquilo que se decide na Europa. Os jovens têm que ter noção que não combateremos as alterações climáticas senão fizermos um trabalho conjunto a nível europeu. [80% dos jovens entre os 18 e os 24 anos não votaram] Por isso falo para os jovens que têm que se lembrar do que aconteceu no Brexit, a maioria dos jovens era a favor da permanência, mas não votaram.

Como é que se combate uma abstenção de 66%?

 João Ferreira

Mais do que com palavras em campanha, pelo estilo de trabalho que os eleitos têm. Passamos grande parte do nosso tempo no país, trazendo de lá para cá o que lá vai sendo discutido e levando de cá para lá as preocupações e anseios. É essa a aproximação entre eleitos e eleitores que contribui para incentivar à participação. Bem sei que a UE se tem construído quase sempre nas costas dos cidadãos, desprezando a sua participação e muitas vezes até afrontando a sua participação. A abstenção combate-se fazendo sentir às pessoas que as suas decisões contam.

Marinho e Pinto, esta taxa de abstenção dá-lhe razão quando diz que as europeias não servem para nada?

Marinho e Pinto

Eu não disse isso, digo que esta taxa de abstenção deve-se a uma retórica desligada dos problemas do povo português. O PCP esteve quatro anos a apoiar este governo, mas na UE tem uma retórica contra o Governo e políticas europeias. PS, PSD e CDS votam praticamente juntos todas as questões importantes europeias, mas no debate eleitoral parece que são inimigos figadais. É este teatro político que afasta as pessoas.

A abstenção é ainda mais grave entre os jovens. Marisa Matias tem propostas concretas para estas pessoas?

Marisa Matias

As propostas concretas é responder aos problemas concretos das pessoas e que são termos tido uma crise financeira, económica que se transformou em social. Não trato o eleitorado como um conjunto de pessoas que não sabe de nada. As pessoas sabem que quando foi preciso que as instituições europeias respondessem aos seus problemas concretos não faltou dinheiro para a banca e para o setor financeiro  e sentiram cortes nas pensões e nos salários. É esta hipocrisia entre o que se diz aqui e o que se faz lá... AS pessoas não sentem que exista uma resposta aos seus problemas concretos e é essa segurança que temos que lhes dar.

Como é que se resolve este problema da abstenção?

Nuno Melo

Uma das grandes razões para este nível de abstenção tem que ver com a circunstância de se europeizarem muitos problemas do país, mas as pessoas não sabem que 80% do investimento público é feito com dinheiro da UE. António Costa atira os problemas para a Europa.

Crise na Venezuela

Como é que vê os acontecimentos recentes na Venezuela?

João Ferreira

Em relação à Venezuela, Iraque, Líbia, o PCP foi defensor de princípios fundamentais do Direito Internacional e da Constituição da República Portuguesa... [ainda considera que a Venezuela é uma democracia?] o que eu considero é que cabe ao povo venezuelano decidir livremente os seus destinos, a forma de organização do Estado, da economia e da sociedade. O povo venezuelano não está hoje em condições de decidir livremente o seu destino. Quando no Parlamento Europeu foram decididas sanções económicas à Venezuela - houve vem votasse a favor, o PCP foi criticado por ser contra às intervenções no Iraque, na Líbia e na Síria e a vida veio a dar-nos razão. O que a Venezuela será, cabe aos venezuelanos decidir.

 Paulo Rangel

Há muito tempo que sou crítico do regime de Chávez e de Maduro. Sempre critiquei em especial o governo de José Sócrates pela promiscuidade que teve com o regime de Chávez. Também critiquei o governo PSD/CDS numa ou noutra coisa - nada que se compare com isto. O Presidente da República disse, e isto preocupa-me, que haveria portugueses entre os refugiados deslocados e não temos notícia nenhuma desses portugueses.

Qual acha que deve ser o papel da UE neste cenário?

Pedro Marques

A UE deve continuar a pugnar por uma solução pacífica e pela marcação rápida de eleições livres. Não é preciso recordar os abraços de Paulo Portas a Maduro...

Paulo Rangel

Fale de José Sócrates, dos computadores Magalhães.

Nuno Melo

Como é que um homem que foi espécie de braço direito de Sócrates no Governo que arruinou Portugal tem o topete de sobre isso falar de qualquer outro governante.

O BE disse que não está nem com Maduro, nem com Guaidó. Já mudou esta posição para uma mais definida?

Marisa Matias

Não, estamos com o povo venezuelano. Nao nos cabe a nós eleger o presidente venezuelano e o Parlamento Europeu não pode fazer o que fez, reconhecer Guaidó como Presidente. Havendo pessoas disponíveis para a mediação, é preciso é dar espaço. Quer os governos do PS, do PSD e CDS puseram a diplomacia dos negócios à frente dos direitos humanos, nós não pusemos o pernil de porco à frente dos direitos humanos.

Marinho e Pinto

Na Venezuela neste momento não há uma democracia. Mas é esta a maneira de atuar? Então atuem de forma muito mais contundente em relação à Arábia, a outras ditaduras mais doentias do que esta. A posição da UE e do Governo português foi posição errada porque foi contrária aos interesses dos portugueses que lá vivem.

Crescimento da extrema-direita

O que é que falhou à esquerda, se é que falhou alguma coisa, para a extrema-direita crescer tanto na Europa?

João Ferreira

Eu não diria à esquerda, diria que as forças que se têm vindo a alternar nos governos na generalidade dos países - social-democracia e direita tradicional - te levado a cabo políticas muito associadas às prioridades da UE que tem tido como consequência degradação das condições de vida. Em Portugal temos um PCP forte, uma CDU muito forte capaz de influenciar os destinos do país, não será alheio a isso o facto de não termos a emergência de forças de extrema-direita, mas não quer dizer que não venha a acontecer.

Entende que há alguma responsabilidade dos partidos do arco do poder neste avanço da extrema-direita?

Pedro Marques

Sim, entendo que desde a criação do euro e de um conjunto de regulações as pessoas deixaram de ver resultados concretos nas suas vidas e em particular com a crise financeira agudizaram-se as desigualdades entre os países europeus. E pessoas, se veem os governos sucederem-se e não entregarem resultados concretos, vão mais no canto das sereias das extremas-direitas e dos nacionalistas. Se conseguirmos fazer na Europa o que fizemos bem aqui em Portugal tenho a certeza que a extrema-direita não irá continuar a progredir na Europa

Paulo Rangel

Há uma coisa que estou de acordo com Pedro Marques se algum partido do PP (o austríaco) faz coligação com a extrema-direita, isto é mau. O problema não é a extrema-direita só, o problema é o fim da democracia-liberal.

Há risco de a direita convencional se aliar à extrema-direita para não perder poder?

Nuno Melo

Estou muito preocupado com a extrema-direita, genuinamente. Mas estou também muito preocupado com a extrema-esquerda. Portugal é um dos quatro países que não tem extrema-direita no Parlamento, é verdade, mas tem extrema-esquerda. O que eu não aceito são os duplos critérios. O BE ri e bate palmas enquanto canta e prega a Santo António a pedir a morte a um presidente brasileiro que é eleito democraticamente. Em todas as suas manifestações o BE tem símbolos do Che Guevara... 

Marisa Matias

Percebo que o Nuno Melo não entenda o humor na política porque faz sempre uma política muito carrancuda. Não foi pedir morte de ninguém e toda a gente percebeu isso. Levo o sentido de humor à séria. Não vi por parte de Nuno Melo reações quando Bolsonaro disse que iria fuzilar os representantes de outros partidos e fez a imagem da metralhadora. Isso sim, de forma literal. 

Em relação ao Vox, quer comentar a ideia de que não é de extrema-direita?

Pedro Marques

Eu não sei o que dizer sobre essa matéria. A família do PP ter lá dentro alguém que admite que um partido como o Vox, que tem dirigentes a fazer a saudação nazi, que tem gente a cantar o hino do franquismo, admitir sequer a hipótese de que o Vox não é sequer um partido da extrema-direita e depois esteja bem na família do PP é lamentável. 

Marinho e Pinto 

O parlamento europeu corre o risco forte de ter uma representação forte da extrema-direita. E deve-se a esta forma de fazer política, fulanista. O Dr. Nuno Melo não pode dizer que o Vox não é de extrema-direita porque é. Pior extrema-direita da Europa. 

Brexit

Há lições a retirar do Brexit?

Marisa Matias

Claro que sim. É uma enorme trapalhada que foi alimentada pelas instituições europeias que aceitaram entrar na aventura do senhor Cameron. A partir desse momento, houve um voto e deve ser respeitado com uma saída com acordo, porque sem acordo não é bom para parte nenhuma. 

Nuno Melo

Espero que seja revertível. Acredito que nesta extensão longa se legitime o que possa ser um 'remain'. 

Pode ser uma espécie de vacina?

João Ferreira

A saída do Reino Unido da União Europeia é indissociável do sentimento da sociedade britânica de associar a UE a medidas negativas. É necessário partir do princípio que deve ser respeitada a decisão soberana do povo britânico e que é possível construir formas de cooperação solidária no plano bilateral que permitam estabelecer um quadro de relações vantajosas. 

Poderemos ter novas saídas?

Paulo Rangel

Penso que não. Depois do Brexit, nos países onde havia essa vontade, ficou reforçada a vontade de permanecer na União Europeia. Devíamos ter uma posição atlântica. 

O que Portugal deve aprender com o Brexit?

Pedro Marques

Portugal lutou muito para uma saída com acordo que é aquilo que continuamos a desejar e isso fizemos porque é a melhor forma de defender os portugueses que estão no Reino Unido, o turismo em Portugal e a atividade económica com o Reino Unido. 

Marinho e Pinto

O Brexit representa a primeira grande ferida narcísica na União Europeia. Isto vai ter consequências  graves para Portugal que teve interesses no Reino Unido ao longo de décadas, mas vai ter sobretudo para a União Europeia. 

Produtividade dos deputados

Considera Rangel um residente habitual a quem não se conhece trabalho?

Pedro Marques 

Não consigo comentar o trabalho de Rangel porque não o conheço. Mas também não vou sujar este debate a falar das faltas no parlamento europeu. Queria falar do meu trabalho e do que os portugueses podem contar da minha parte. Criei o complemento solidário para idosos, fiz o programa PARES, fiz a reforma da Segurança Social e retirei do marasmo um quadro comunitário que me entregaram. Não faltarei na defesa da Europa. 

Rangel foi dos mais faltosos. Tem explicação para isto?

Tem uma explicação simples. Está relacionado com assistência familiar e com as minhas funções políticas porque sou vice-presidente do grupo e do partido PPE. Tenho de ir às cimeiras PPE. 

É considerado dos mais produtivos. Em que se traduziu o seu trabalho?

João Ferreira

O nosso trabalho não teme comparações, aliás deseja que essas comparações se possam fazer. De facto, é o melhor caminho para mostrar que não são todos iguais. Nós, com três dos 21 deputados, fomos responsáveis por mais de metade dos questionamentos feitos à União Europeia. 

Marisa Matias

Temos uma lista extensa. Posso dar exemplo de três medidas, nomeadamente o regulamento que permite que os trabalhadores que são vítimas das deslocalizações das suas fábricas possam ter financiamento para a requalificação profissional. Segunda, a diretiva de combate aos medicamentos falsificados na União Europeia. Terceira, estratégia da União Europeia para combate ao Alzheimer e demências. 

Num parlamento que diz que não conta para nada, o seu trabalho contou para o quê?

Marinho e Pinto

Para afirmar a presença de Portugal e para fazer muitas propostas legislativas. Sou o terceiro deputado mais produtivo dos portugueses, sozinho, naquele parlamento europeu, com a hostilidade da imprensa portuguesa. 

É considerado dos piores eurodeputados portugueses, é o 19º entre 21 eurodeputados. 

Nuno Melo

Este ranking é uma fraude. Não é nenhuma empresa espanhola nem independente. Pode ser uma pessoa atrás de um computador. Este ranking não oficial, treta assume-se como tal. Ranking que recebe dinheiro de eurodeputados e tenho um documento que o comprova. As fraudes são assim mesmo. 

Recorde-se que as eleições europeias em Portugal estão marcadas para 26 de maio.

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