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"Governo agiu no limite, Pedro Nuno Santos foi bombeiro de serviço"

Luís Marques Mendes debruçou-se, na noite de domingo, na antena da SIC, sobre a greve dos motoristas de matérias perigosas, avaliando a atuação do Governo, com elogios ao ministro das Infraestruturas, e alertando para o surgimento de um novo tipo de sindicalismo, “mais agressivo, menos institucional”.

"Governo agiu no limite, Pedro Nuno Santos foi bombeiro de serviço"

No entender de Luís Marques Mendes, o Governo agiu “no limite” à greve dos motoristas de matérias perigosas por ter desvalorizado os primeiros sinais, numa atitude de “otimismo” congénito que atribuiu à personalidade do próprio primeiro-ministro, António Costa.

“Acho que o Governo geriu mal antes da greve, geriu mal no início da greve e geriu francamente bem no final da greve”, afirmou o antigo líder do PSD, no seu espaço de comentário semanal da SIC, sublinhando que este não só “desvalorizou os pré-avisos de greve”, como se demitiu de tentar mediar o conflito, “nos dias anteriores à greve”. “Podia conseguir ou não conseguir resultados, mas pelo menos tentava”.

Recorde-se que a greve durou três dias e a falta de combustível criou vários constrangimentos de Norte a Sul do país, tanto ao nível de trânsito, como nos aeroportos, com a ANA - Aeroportos de Portugal a admitir “disrupções operacionais”.

O comentador reflete que o Governo “podia ter plano de intervenção mais eficaz” mas não aconteceu por causa dessa desvalorização. Uma atitude governamental que atribui ao “feitio” do próprio primeiro-ministro, António Costa, com o seu “otimismo que o caracteriza”.

Por outro lado, disse o comentador, foi “absurdo completo” decretar serviços mínimos apenas para Lisboa e Porto. “E o resto do país? É paisagem?”, desafiou, sublinhando que “são estes políticos que mais falam de descentralização, de regionalização e de defender o Interior”. “Vê-se agora que é um amor postiço”, atirou.

Inquirido sobre a maior necessidade que existe nesses duas cidades, Marques Mendes justifica que a atenção “tem que ser proporcional”. “Há mais atenção com Lisboa e Porto porque são mais pessoas e portanto tem outras exigências, mas tem que haver um critério de proporcionalidade, que não houve”, afiançou.

O antigo secretário de Estado disse, porém, que o Governo “agiu bem na parte final”, quando “juntou as partes e mediou um acordo”, pondo um ponto final na greve. Neste ponto elogiou a intervenção do ministro das Infraestruturas. “Pedro Nuno Santos teve um trabalho inestimável, foi um bombeiro de serviço, mas foi um bombeiro competente”, afirmou.

Numa análise mais abrangente do caso, Marques Mendes chamou a atenção para um novo tipo de sindicalismo que está a surgir. Recordando que “as três greves mais complicadas que o país teve nos últimos tempos” - estivadores, enfermeiros e motoristas - foram geradas por sindicatos independentes, o social-democrata destacou que “há um mudança de paradigma”.

“Há um sindicalismo mais independente e menos ligado a centrais sindicais designadamente a CGTP”, referiu, apontando como “paradigma” da central sindical “um sindicalismo altamente politizado, muito mais uma arma de luta política”, que é “vista por muitos menos como arma laboral”.

Não ajuda, relembrou o comentador, a “circunstância de o PCP estar hoje ligado ao Governo e a CGTP obviamente ligada ao poder”, o que lhe “retirou o espaço de manobra”.

Em conclusão, diz Marques Mendes, assiste-se a uma mudança, assente num sindicalismo independente que “vai ser mais agressivo, porque tem que se impor” e também “menos institucional, mais corporativo e menos solidário entre si”.

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