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"Acreditamos que tenha sido penoso ao PS fazer medidas fora do programa"

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse hoje acreditar que tenha sido "penoso" ao PS fazer "medidas que não estavam no seu programa" como descongelar pensões, entre outras, respondendo ao líder parlamentar socialista, Carlos César.

"Acreditamos que tenha sido penoso ao PS fazer medidas fora do programa"
Notícias ao Minuto

17:25 - 25/03/19 por Lusa

Política Catarina Martins

"Acreditamos que sim, que tenha sido penoso ao PS ter feito medidas que não estavam no seu programa como descongelar pensões, aumentar o salário mínimo nacional, ter de fazer a integração de precários da administração pública no Estado ou mudar leis no combate à violência doméstica que é um dos combates essenciais para combater o patriarcado e para dar igualdade às mulheres", disse Catarina Martins.

No domingo, num jantar com militantes, em Alpalhão, Nisa, o líder parlamentar do PS disse que, desde 2015, os socialistas tiveram de "trabalhar o dobro" e "muito penosamente" com aqueles que "dizem apoiar" o Governo, mas disse estar "muito orgulhoso" com os resultados.

"Tivemos o dobro do trabalho, porque tivemos que trabalhar, como é nossa obrigação, com aqueles que se nos opõem e tivemos que trabalhar, às vezes muito penosamente, com aqueles que nos dizem apoiar", disse Carlos César.

Hoje, num encontro com alunos do Ensino Superior no Instituto de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), em São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, numa intervenção com o título "O inimigo da mulher", Catarina Martins respondeu ao líder socialista e depois deu exemplos, nomeadamente no Parlamento, sobre igualdade e desigualdade entre mulheres e homens.

A líder bloquista, que não falou aos jornalistas nem à entrada, nem à saída da iniciativa, contou que "nos últimos três anos e tal, já quase quatro" [referindo-se ao período de acordo legislativo do Bloco de Esquerda com o PS] têm ocorrido "muitas reuniões de negociação para lá das do Parlamento", nas quais, disse, "em boa parte, se não fosse a presença do Bloco de Esquerda, não estava nenhuma mulher".

"O inimigo das mulheres é o patriarcado, a sociedade patriarcal, ou seja, uma forma de organização da nossa vida coletiva, em que é dado aos homens o poder de decidir e retirado às mulheres o poder de decidir. Este desequilíbrio vemos em tudo", referiu.

Catarina Martins analisou vários domínios da sociedade e contou histórias aos estudantes, falando, nomeadamente do domínio do espaço público que lamenta ser "mais dos homens e não das mulheres".

"Alguma mulher aqui presente não conhece a sensação de caminhar em direção a casa à noite com a chave na mão pronta para a rodar imediatamente, com uma sensação de medo? Todas, certo? E algum homem conhece [essa sensação]? Alguns, talvez", exemplificou.

O poder económico, com a maior parte dos cargos de decisão nas empresas entregues a homens, ou o poder judicial e o exemplo de sentenças de tribunais que falam da mulher adúltera como algo que ofende um homem e motiva a violência, foram outros dos exemplos numa hora de conversa que teve direito a várias rondas de perguntas da audiência.

"Vemos também no poder político, onde há mais homens a tomar decisões do que os homens", disse Catarina Martins, para quem "o sistema patriarcal não é só inimigo das mulheres, mas também é inimigo dos homens", assinalou.

"Porque o sistema patriarcal tem por base o domínio de um género sobre o outro e os estereótipos. Acho que uma sociedade de homens e mulheres livres e iguais é igualmente importante para homens e mulheres. O feminismo é a igualdade. O feminismo não é o espelho do machismo. O feminismo é reconhecer que há um problema na sociedade e querer equilibrar os pratos da balança, não é querer tirar nada a ninguém, é distribuir. Quando as mulheres lutaram pelo direito ao voto, nenhum homem perdeu o direito ao voto", analisou.

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