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"Estamos a tirar as vítimas de casa ao invés de tirarmos os agressores"

A líder do Bloco de Esquerda acompanhou, esta sexta-feira, a manifestação pelos direitos das mulheres que se realizou em várias cidades do país, incluindo Lisboa.

"Estamos a tirar as vítimas de casa ao invés de tirarmos os agressores"
Notícias ao Minuto

19:59 - 08/03/19 por Patrícia Martins Carvalho com Lusa

Política Catarina Martins

Para Catarina Martins é “absurdo” que existam sentenças de tribunais que decretem que os pais agressores possam visitar os filhos que se encontram a viver em casas-abrigo - cujo objetivo é esconder as vítimas dos agressores.

Em Lisboa, na marcha pelas mulheres, que se realizou em simultâneo em outras cidades, a líder do Bloco de Esquerda criticou o facto de “termos situações absurdas em que um tribunal de família diz à vítima que tem que conviver com o agressor condenado” em prol da tutela dos filhos.

“Isto não tem sentido”, apontou, considerando que uma “criança que assiste a violência em casa é também uma vítima".

Para pôr termo a esta situação, defende a coordenadora bloquista, é “preciso que as decisões criminais e dos tribunais de família façam sentido umas com as outras, senão estamos a vitimar duas e três vezes as mulheres e as crianças”.

Catarina Martins lembrou ainda que o Bloco de Esquerda já propôs “penas mais altas, permitindo que as penas de afastamento dos agressores sejam imediatas e mais pesadas, porque, neste momento, estamos a tirar as vítimas de casa ao invés do contrário”.

Quanto à sociedade e à forma como as mulheres são tratadas em pleno século XXI, a coordenadora do Bloco referiu que "as mentalidades têm de ser mudadas e é sempre difícil porque a luta pelos direitos da igualdade muitas vezes confronta-nos a nós próprios com comportamentos que são desiguais, que são machistas no quotidiano, e que às vezes até temos dificuldade em aceitar que temos de mudar nós próprios a maneira como agimos".

Apontando que "Portugal tem leis que são em boa medida algumas das mais importantes, que são progressistas", Catarina Martins referiu que a prática "ainda não corresponde" àquilo que tem sido "feito do ponto de vista legislativo".

A líder bloquista advogou, porém, que as lutas pela igualdade são difíceis, mas "quando vencem, ganha toda a gente", e esta manifestação permitiu notar que "há um país que se levanta a dizer que as mulheres e os homens precisam de ter os mesmos direitos em Portugal".

"Eu julgo que a violência a que assistimos nas últimas semanas também engrossa esta manifestação, é natural que assim seja, e quer dizer que se responde à violência com coragem de vir para a rua e exigir direitos, e isso é muito importante, nunca se conquistou nada sem luta", continuou, elencando que "as mulheres sempre lutaram, desde o direito ao voto ao direito a casar e a divorciarem-se, ao direito sobre o seu corpo".

"Lutamos todos os dias pelo direito a sairmos à rua sem medo, lutamos ainda por salários iguais, porque as mulheres continuam a ganhar menos do que os homens, lutamos pelos direitos do trabalho, lutamos pela educação", acrescentou.

Catarina Martins lembrou ainda que o Bloco de Esquerda "nasceu, em boa medida, por causa de movimentos feministas".

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