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Marcelo diz-se do povo mas "domina hegemonicamente" espaço das elites

Marcelo Rebelo de Sousa é um Presidente que prima a relação com os cidadãos e quer ser "do povo", mas que ao mesmo tempo "domina hegemonicamente" o espaço mediático, pertencente às elites políticas, refere um livro publicado hoje.

Marcelo diz-se do povo mas "domina hegemonicamente" espaço das elites
Notícias ao Minuto

10:10 - 28/02/19 por Lusa

Política Livros

O livro "Marcelo -- Presidente todos os dias" foi escrito por Felisbela Lopes, investigadora na área do jornalismo, e Leonete Botelho, grande repórter do jornal Público.

"Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente que quer ser do povo, domina hegemonicamente um espaço que pertence às elites, nomeadamente às elites políticas: o espaço mediático", lê-se no capítulo dedicado à relação entre o Presidente da República e a comunicação social, intitulado "Um homem de afetos com um olho nos jornalistas".

Nesse capítulo, as autoras consideram que "foi por isso que se apresentou às eleições presidenciais sem arrastar consigo os partidos", uma vez que "não precisava deles".

"Marcelo sabe que a sua popularidade resulta, em grande parte, da imagem que os media projetam de si e que isso lhe garantiu, desde o primeiro momento que se assumiu como candidato, a vitória indiscutível nas eleições presidenciais", é apontado.

Essa vantagem, continuam as autoras, "implica cuidar permanentemente desse influente átrio do poder, o que, no seu caso, não envolve qualquer sacrifício", uma vez que "ele gosta dos jornalistas" e os "jornalistas também gostam dele".

"O Presidente dá audiências. É por isso que as televisões o seguem por todo o lado e estão em direto com ele o mais tempo possível", salienta o livro.

Este capítulo conta, inclusivamente, com testemunhos de alguns dos jornalistas que acompanham o chefe de Estado numa base diária desde o início do seu mandato, há três anos.

O Presidente da República "está bem consciente da força desse poderoso ecossistema informativo" e, por isso, "lhe dedica tanta atenção", assinala o livro.

Apesar de dizerem que "é para o povo que este Presidente dirigirá sempre as suas prioridades, porque é a partir dele que levantará a sua marca distintiva", Felisbela Lopes e Leonete Botelho escrevem que Marcelo "serve-se dos media como uma espécie de átrio de poder, sem precisar de apuradas assessorias mediáticas".

Marcelo tem também a "vantagem de conhecer bem as redações e dominar como poucos os ritmos da produção jornalística", continuam.

Por isso, "em todas as deslocações, o Presidente da República presta uma atenção especial aos repórteres que o acompanham, ainda que muitas vezes faça de conta que não os vê", porque "nada é feito por acaso".

De acordo com as autoras, "este homem também sabe que esse modo tão seu de promover a proximidade com quem se cruza tem uma enorme eficácia política", por isso não nega fotos e 'dois dedos de conversa' a quem o aborda.

"As 'selfies' e os beijinhos que vai distribuindo pelos cidadãos anónimos são apenas demonstrações visíveis de um pacto emocional que vai selando com os portugueses e que constituirá sempre uma das maiores marcas de Marcelo na Presidência da República Portuguesa", apontam Felisbela Lopes e Leonete Botelho.

Mesmo nos momentos que se seguem a uma tragédia, como foi o caso dos incêndios de 2017, exemplificam as autoras, Marcelo "apareceu com uma imagem algo limpa de um poder que, durante anos, manteve os cidadãos à distância". Por isso, o Presidente ajudou, inclusivamente, os cidadãos "a reconciliarem-se, de certo modo, com parte do universo político".

O capítulo termina com a ideia de que o chefe de Estado "conjuga tudo em si", desde "razão e emoção, povo e elites, setores mais duros com áreas mais ligeiras, discursos elaborados com conversas triviais, ambientes mais sofisticados com contextos mais simples".

"Será excessivo? É, mas neste primeiro mandato foi conseguindo manter o equilíbrio. Umas vezes com mais eficácia do que outras, mas o afeto está sempre lá, a dissimular falhas que uma postura racional destaparia fatalmente", elenca o livro.

Apesar de chegar hoje às livrarias, a obra só será apresentada publicamente em Lisboa no dia 07 de março.

"Marcelo -- Presidente todos os dias" conta com prefácios do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e da presidente da Associação Corações com Coroa, Catarina Furtado.

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