Verdes questionam Governo sobre venda do Teatro Portalegrense no OLX
O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) questionou o Governo sobre a publicitação de venda, no OLX por 350 mil euros, do Teatro Portalegrense, um dos mais antigos do país e com "indiscutível interesse patrimonial".
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Política OLX
Na pergunta entregue na Assembleia da República e hoje enviada à agência Lusa, Os Verdes alegam que o teatro, propriedade de privados, está em "estado de degradação" e não conta com um estatuto de proteção que o "resguarde de utilizações e de intervenções que poderão levar a profundas alterações arquitetónicas e à adulteração das suas características".
O grupo parlamentar do PEV quer saber "quais as justificações apresentadas" para que o Teatro Portalegrense não fosse considerado de interesse nacional e qual o parecer da autarquia sobre essa pretensão.
Os ecologistas questionam ainda o Ministério da Cultura sobre que medidas pretende tomar para que "este património tão valioso para a cidade de Portalegre não se venha a perder e possa manter as características de uso e usufruição pública cultural".
O PEV diz ter sido com "estupefação e tristeza" que tomou conhecimento que o Teatro Portalegrense está à venda na plataforma OLX, podendo vir a ser "transformado" num hotel.
"Esta informação é tanto mais triste quanto este teatro, um dos mais antigos do país, tem indiscutivelmente um interesse patrimonial, não só pelo lugar que ocupou na história do teatro português e da vida cultural local, nomeadamente pela sua ligação à obra de José Régio, com o que ocupa ainda hoje na memória dos portalegrenses, mas também pelo testemunho arquitetónico que representa", lê-se num comunicado do partido.
O PEV recorda que projeto do teatro, da autoria do arquiteto José de Sousa Larcher, inspirou-se no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
"Esta notícia, que surge no ano em que se comemoram os 50 anos da morte de José Régio, é mais um exemplo da degradação e incúria em que o património edificado, seja ele público ou privado, da cidade de Portalegre se encontra e cujo exemplo mais demonstrativo é o da Fábrica Robinson", lamentam.
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, disse na terça-feira ter pedido a avaliação do Teatro Portalegrense para saber da possibilidade de classificação do imóvel.
"O que solicitei é que internamente, ao nível da Direção-Geral de Património Cultural (DGPC), fosse avaliada a possibilidade ou não da classificação do imóvel e, face a essa avaliação, o que poderia ou não ser a limitação de usos para um património que hoje é privado", disse Graça Fonseca.
O espaço, que chegou a acolher o Grupo Desportivo Portalegrense, é pertença de privados já há muitos anos.
Graça Fonseca assumiu que o teatro "mantém algum interesse" e não foi totalmente descaracterizado no que é o seu perfil e marca histórica.
Por isso, o Ministério da Cultura vai avaliar a situação e definir as medidas que são necessárias e possíveis, acrescentando que o Estado "também não pode tudo".
A Lusa teve acesso a uma certidão da Câmara de Portalegre, através da proprietária do imóvel, Alexandra Sequeira, referindo que o teatro foi classificado como de interesse municipal a 08 de fevereiro de 2010.
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