Comissão de inquérito à CGD vai permitir "separar o trigo do joio"
Marques Mendes entende que a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos não vai afetar negativamente o banco público e que até vai permitir expor o lado positivo, o virar de página na gestão, assim como "separar o trigo do joio".
© Global Imagens
Política Marques Mendes
O relatório da auditoria à Caixa Geral de Depósitos, entregue na sexta-feira no Parlamento pelo presidente do banco público, foi abordada por Marques Mendes, no seu espaço de comentário na SIC. O social-democrata começou por considerar a divulgação do relatório – que ainda não é definitivo – como “uma vitória da opinião pública e da opinião publicada”.
“Foi a pressão da opinião pública e da opinião publicada que levou a que a auditoria fosse, de facto, divulgada”, disse, notando que nem os gestores, nem os supervisores e, em parte, nem os políticos eram favoráveis à divulgação do documento que, já se sabe, revela volumosas perdas nos grandes créditos.
“Vamos ser francos, os gestores unem-se uns aos outros numa lógica muito corporativa. Os supervisores também gostam de agradar aos gestores e também não queriam muito. Os devedores, esses então, queriam que ficasse tudo encoberto”, apontou, criticando a “pouca vergonha nacional” que é “vários devedores passearem-se aí pelo país todo à grande e à francesa, a dever milhões à CGD”.
Por fim, ressalvou, “agora no final, justiça seja feita - os partidos na AR estiveram muito bem a corresponder ao anseio da opinião pública”.
Na ótica de Marques Mendes, a Caixa não vai sofrer com a divulgação da auditoria. Aliás, entende o comentador que a comissão de inquérito é algo “positivo” porque só assim é possível divulgar a auditoria – que já terminou há meses – “de forma transparente”.
“É fundamental para que haja transparência e escrutínio”, reforça, questionando: “Algum português compreendia que uma auditoria destas, depois do Estado ter metido milhões e milhões na Caixa, ficasse no segredo dos gabinetes?” “Acho que ninguém compreendia”, opinou.
Por outro lado, prosseguiu, “é bom para a Caixa porque com esta comissão de inquérito e com a divulgação da auditoria pode-se separar o trigo do joio”.
E concretiza: “Primeiro, separar aqueles gestores que prevaricaram, que estiveram mal, daqueles outros que se portaram corretamente. É possível, dessa forma, separar entre os empréstimos que foram concedidos, e cujo o dinheiro se perdeu por força da crise, daqueles outros cujo o dinheiro se perdeu porque houve decisões levianas e irresponsáveis”.
Marques Mendes não falou só por alto. Deu o exemplo de Faria de Oliveira que, na sua opinião, não é tão responsável pelo ‘desaire’ na Caixa como são Carlos Santos Ferreira ou Armando Vara. “Sejamos francos, não é. As decisões ruinosas tomaram-se no tempo de Santos Ferreira e Vara. Há que distinguir entre uma coisa e outra”, atirou.
Por fim, o comentador considera existir, com a divulgação da auditoria, a vantagem de mostrar que houve um “tempo mau” no banco público – sobretudo entre 2005 e 2008 – e que esse período “já passou” e que a Caixa “já está a dar a volta, com resultados, com uma gestão diferente – que é competente e credível – e sobretudo com uma supervisão completamente diferente”.
“É uma oportunidade também para mostrar não apenas o lado negativo mas também o lado positivo”, finalizou.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com