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Santana Lopes no Bairro da Jamaica. "Olhar para isto é um susto"

Santana Lopes lidera agora a sua própria força política: Aliança.

Santana Lopes no Bairro da Jamaica. "Olhar para isto é um susto"
Notícias ao Minuto

12:38 - 28/01/19 por Pedro Filipe Pina

Política Aliança

Santana Lopes visitou esta segunda-feira de manhã o Bairro do Jamaica, no Seixal, um bairro desfavorecido onde uma intervenção policial no passado dia 20 de janeiro abriu caminho a um debate sobre racismo, uso excessivo de força por parte da polícia e exclusão social.

No local, o líder do recém-criado Aliança deu conta do cenário em que vive a população local, num bairro que atravessa desde dezembro passado um processo de realojamento.

"Aqui estão em causa saúde pública, estão em causa as condições de crescimento de crianças, os termos em que funcionam os esgotos, a luz, água, as condições estruturais de segurança. Olhar para isto é um susto", apontou aos jornalistas no local.

"Faz muita impressão como é que um país europeu, um país que consegue tantas glórias, tantas proezas, mobiliza tantos milhões de euros - em 30 anos são cerca de 120 mil milhões de euros de fundos europeus - e não houve hipótese de resolver este problema", acrescentou.

"Eu não vou cantar feitos, que não são feitos, de coisas que fiz nos quatro anos como presidente da Câmara Municipal de Lisboa [2002 a 2005], mas lembro-me que construímos na Ameixoeira 800 fogos de habitação social em três anos. Estas coisas não demoram muito tempo. Agora, choca, isso choca e deve chocar-nos a todos, porque somos todos responsáveis por isto", sublinhou Santana Lopes.

Recorde-se que um vídeo onde se mostrava parte da intervenção policial abriu caminho a uma manifestação na Avenida da Liberdade, que terminou com o disparo de balas de borracha por parte da polícia após relatos de vandalismo. A última semana ficou marcada por um aceso debate nos media e redes sociais sobre possíveis casos de uso excessivo de força, integração social e racismo.

Sobre o episódio que abriu caminho ao debate, Santana Lopes disse o seguinte: "Junto a minha voz àqueles que procuram - não ignorando a realidade de que pode haver às vezes comportamentos desse teor - eu, como português que sou, com 62 anos, tenho memória recente e distante de muitas situações em que a polícia foi acusada, por exemplo em manifestações da extrema-direita ou às vezes outras, de usar uma violência excessiva". 

"Não o vejo - e quem o pode dizer, e temos de respeitar e compreender, são as próprias pessoas de outras etnias ou outras raças que não a branca, que por vezes se podem achar vítimas de discriminação. E para isso as autoridades têm os seus inquéritos e punições a quem porventura vá longe demais", acrescentou.

"Agora, o papel das forças de segurança, e até gostava de citar o exemplo de um assessor de grupo parlamentar e da associação SOS Racismo, que disse assim umas coisas muito excessivas sobre as forças de segurança, e que depois quando se viu em perigo foi pedir a proteção das mesmas forças de segurança", disse Santana reportando-se a Mamadou Ba e ao facto de na passada sexta-feira ter pedido proteção policial pelas ameaças de morte que estava a receber.

Neste sentido, acrescentou, "nunca podemos esquecer que as forças de segurança são essenciais. E que se alguém exagera, seja do lado da população seja do lado das forças de segurança, deve-se agir em conformidade. Isso não deve pôr em causa o essencial".

"Não gosto que o nosso país seja tomado como um país onde o racismo impera. A essência de Portugal e a idiossincrasia de Portugal, é a integração. É a vivência em comum entre pessoas de todas as raças, religiões, etnias. Já fizemos erros na nossa história, já. Mas a Aliança está do lado da integração, da compreensão, do respeito pelas pessoas, independentemente das suas condições de vida. E vir aqui é contribuir para tirar o debate desse prisma que radicaliza e acirra ódios. É preciso sorrir, dar um abraço, e depois as contas políticas trato-as noutro lado", apontou Santana, depois de uma visita ao Bairro da Jamaica.

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