'Geringonça' evitou emergência de populismo de esquerda em Portugal
A formação da 'geringonça' foi uma "resposta inteligente" do Partido Socialista que evitou "o crescimento" do populismo de esquerda em Portugal, defendeu hoje a investigadora Marina Costa Lobo.
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Política Investigador
"A geringonça é produto das tendências europeias, mas no nosso caso a viragem foi à esquerda, para um populismo de esquerda, que do ponto de vista da governação tem sido extremamente mitigado", disse a investigadora do Instituto de Ciências Sociais num debate na sede da agência Lusa, em Lisboa.
"A coligação à esquerda é um produto da crise da zona euro e uma resposta inteligente do PS a essa situação, evitando o que se chamou uma 'Pasokização', ou seja, a tendência contrária de se juntar à direita e dar espaço a um partido, o PCP ou o BE, para emergir como um Syriza em Portugal", acrescentou, numa referência ao partido socialista grego, o PASOK, e à situação na Grécia.
Marina Costa Lobo respondia a uma questão sobre "populismos de direita e de esquerda" e a sua aparente ausência em Portugal, tendo frisado que considera o termo populismo demasiado "genérico" e que é antes possível apontar "diferenças na forma como interpretam o nacionalismo", "mais identitária à direita, mais económica à esquerda".
Para a investigadora, "verdadeiramente problemático é o populismo de direita, com ênfase no nacionalismo identitário", nomeadamente porque a identidade "por vezes se confunde com racismo, exclusão ou violência".
Na Europa, afirmou, o problema do populismo "é sobretudo mais à direita, embora o de esquerda exista, mas mais no sul da Europa".
Em Portugal, exemplificou, "o único partido que usa o conceito de patriotismo é o PCP, defende uma agenda patriótica da esquerda, [...] e daí é fundamentalmente eurocético do ponto de vista das questões económicas", enquanto o BE é sobretudo crítico da política económica, embora com "uma perspetiva mais positiva do ponto de vista político".
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