Comunistas e Verdes condenam privatização dos CTT e defendem reversão
O PCP e Os Verdes condenaram hoje o processo de privatização dos CTT (Correios de Portugal) e defenderam a sua reversão para a esfera pública, em declarações políticas no parlamento.
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Política Parlamento
Comunistas e ecologistas classificaram a situação daquela empresa de serviço postal como uma "autêntica vergonha", com "resultados verdadeiramente desastrosos, aprofundando o caminho de destruição que prossegue há anos a fio".
"É para abordar estas matérias com o Governo que o PCP vai requerer a chamada do ministro do Planeamento e Infraestruturas à comissão parlamentar porque este é um problema de responsabilidade política e de opções políticas, que têm de ser colocadas no plano do regresso dos CTT à condição de empresa pública nacional. O PCP irá também apresentar uma nova iniciativa, um projeto de lei, pela gestão pública da empresa", afirmou o deputado comunista Bruno Dias.
O parlamentar do PCP tinha recordado que, "em 2013, o Governo PSD/CDS concretizou a velha aspiração do capital monopolista e que vinha sendo preparada por vários governos, incluindo do PS, e assim fez a privatização dos CTT".
"Já nas contas dos CTT do primeiro semestre do ano passado, os números evidenciavam a dimensão da ofensiva que a gestão privada está a levar a cabo - menos estações de correio, menos 169 trabalhadores. Neste período, os CTT distribuíram 57 milhões de euros pelos seus acionistas, como a família Champalimaud, grandes bancos europeus ou o fundo abutre Blackrock, valor que ultrapassa o dobro dos lucros do ano passado", destacou Bruno Dias, adiantando que o número de concelhos sem posto de correio subiu de dois em 2013 para 33 em 2018.
"E, como se não bastasse, a empresa CTT anunciou a pretensão de encerrar ainda mais 15 estações, o que significa que meia centena de concelhos ficará sem estações de correios. Ou seja, mais de 15% do número total de concelhos ficam desprovidos de qualquer estação de correio, penalizando sobretudo as populações do interior", alertou o deputado do PEV José Luís Ferreira.
O parlamentar de "Os Verdes" afirmou que, "com a decisão de privatizar os CTT, PSD e CDS acabaram por sujeitar os cidadãos à constante degradação de um dos mais importantes bens de interesse público" e, "cinco anos depois da privatização desta importante empresa, é tempo de repensar, não o contrato de concessão, descaradamente incumprido, mas a própria propriedade dos CTT".
Na oposição, o deputado do CDS-PP Hélder Amaral e o deputado do PSD Joel Sá acusaram PCP e PEV de "um exercício de lágrimas de crocodilo, de embuste ao eleitorado e povo português" por terem votado a favor de "três orçamentos [do Estado]" e de apoiarem o Governo socialista sem imporem "como condição a reversão da privatização" dos CTT, um "fingimento", uma "posição poucochinha de quem aceita tudo".
Já o socialista Luís Testa concordou que o PCP "tem razão quando ataca o vergonhoso processo de privatização dos CTT e aquilo que foi feito na calada da noite, sem conhecimento nem transparência, sem acautelar direitos das populações e diversidade do território", acrescentando que "a privatização não foi mera privatização, foi blindada com amarras para o futuro e sem poderem ser desatadas, foi atrelada a concessão de uma licença bancária que impede hoje o Estado de intervir" quando se "podia fazer o que se fez na TAP".
O bloquista Heitor de Sousa acusou a direita parlamentar "passar por estas questões como cão por vinha vindimada", lamentando a "catadupa de encerramento de estações de correio em 2018", e lembrou que "o prazo limite da concessão do serviço postal termina em 31 dezembro de 2020", portanto, "é este ano que se deve decidir sobre o assunto".
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