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A jogada "arriscada" de Montenegro, que até pode ser "muito útil" a Costa

Francisco Louçã diz que para lá de Rui Rio, há à Direita outra pessoa que pode ficar preocupada com uma eventual vitória de Luís Montenegro no PSD.

A jogada "arriscada" de Montenegro, que até pode ser "muito útil" a Costa
Notícias ao Minuto

23:55 - 11/01/19 por Pedro Filipe Pina

Política Francisco Louçã

O antigo líder parlamentar ‘laranja’ Luís Montenegro assumiu hoje oficialmente o desafio à liderança de Rui Rio no PSD. Montenegro não está agradado com a estratégia atual do PSD, com os resultados que as sondagens apontam e quer diretas "já".

O tema esteve em análise esta sexta-feira no 'Tabu', espaço de comentário televisivo de Francisco Louçã na antena da SIC Notícias, onde o antigo dirigente do Bloco de Esquerda sugeriu que entre Rui Rio, António Costa, Luís Montenegro e Assunção Cristas, há muitas nuances a ter em conta.

"Muita excitação, pouco esclarecimento"

Louçã vê a candidatura de Luís Montenegro à presidência do PSD como um ato "arriscado. Rui Rio está há um ano, vai disputar as suas primeiras eleições em maio, na europeias, e as eleições legislativas são daqui a pouco tempo".

De resto, o economista considerou ainda o discurso de Luís Montenegro "pouco esclarecedor". "Ele faz totalmente o desafio interno mas é impossível para alguém que não esteja nos meandros do PSD perceber, para além do confronto de personalidades e do estilo que ele invoca, o que é que de propostas políticas possa ser diferente".

Já sobre o encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio, o ex-líder bloquista considera que "ambos desvalorizaram o encontro". "Mas", acrescentou de seguida, "como é evidente, tendo o presidente aceite que Montenegro vá ao Palácio de Belém na segunda-feira – o que é uma inovação, porque é um candidato dentro de um partido – quis, antes disso, dar o sinal de que falava com Rui Rio, mesmo que sobre outros assuntos".

Foi - disse em tom de resumo - um dia em que houve "muita excitação, muitos acontecimentos, muito pouco esclarecimento".

O que poderá acontecer?

Louçã salienta que "Rui Rio é um homem que tem feito gala em recordar que gosta deste tipo de confrontos e deste tipo de intrigas. Que as enfrenta".

Já "o efeito que isso tem sobre o PSD já é mais duvidoso e Montenegro corre um risco elevadíssimo. Há mesmo quem diga que ele quer parecer querer ganhar, esperando poder perder por poucos, para ficar na linha de partida dos sucessores assim que as eleições possam desencadear um mau resultado para o PSD".

Há duas circunstâncias importantes para balizar esta crise, salientou ainda o ex-dirigente bloquista. "A primeira é uma supremacia eleitoral do PS, reafirmada pelas sondagens" e isto ao mesmo tempo que o Governo tem dificuldades e desgaste ao fim de três anos".

A segunda "é que há uma nova Direita. Culturalmente ela surge do impulso norte-americano, de Trump, da pressão da crise europeia, destes movimentos, que impulsionam a ideia de que empresários deviam ser mais puxados para a política, para exigir mais vantagens do Estado, por ventura para alargar ainda mais as privatizações".

Francisco Louçã procurou ainda desmontar as críticas que Montenegro aponto a Rio, sobre o atual momento político do PSD nas sondagens.

"O 'passismo' entregou um PSD muito desgastado eleitoralmente e já em grande queda. Montenegro parece esquecer-se quando fala de sondagens que é sob a sua alçada e de Passos Coelho que o PSD tem 10% em Lisboa e é 'varrido' nas eleições autárquicas. A queda do PSD não é Rui Rio. É a continuidade das políticas sociais agressivas. Daí ser importante saber que respostas é que ele dá às grandes questões", afirmou.

Para Louçã, para lá de Rui Rio há outra figura que poderá estar "preocupada" na sequência da candidatura de Montenegro: Assunção Cristas. "Porque a diferença parece ser para já de estilo, mais do que propostas. E um PSD mais agressivo, mais palavroso, impede o efeito de beneficiação que Cristas e o CDS esperam da crise no PSD".

Já para António Costa e o PS, uma vitória de Montenegro nas internas do PSD e um PSD mais agressivo “era extraordinariamente útil para António Costa porque, não tendo ele a possibilidade de ganhar maioria absoluta, poderia recolocar essas cartas em cima da mesa, com o medo do lobo que está na floresta”. Seria um “ou nós eles”, referiu.

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