Em plena época natalícia, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu devolver ao Governo o diploma sobre a contagem de tempo de serviço dos professores. O veto do Presidente da República ao decreto-lei que prevê a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias de tempo congelado aos professores (em vez dos mais de nove anos exigidos por esta classe profissional) continua a dar que falar mesmo depois de o ano ter avançado e de terem passado quase duas semanas do mesmo. E prevê-se que assim continue.
Para Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, Marcelo Rebelo de Sousa “arranjou um berbicacho ao Governo” ao vetar o diploma.
“Marcelo no seu estilo anti-confronto: ‘sim, mas, ou não, mas’ não se comprometeu em defender abertamente que o tempo todo deverá ser contado, limitou-se a argumentar que não tinha havido negociações’, começa por dizer o fundador do Clube dos Pensadores num artigo de opinião enviado ao Notícias ao Minuto, acrescentando que este “empecilho” já dura há demasiado tempo.
“O que chega aos professores são posições contraditórias. O Governo ora parece que vai reformular o diploma em que somente contava 2 anos e 10 meses, ora parece inflexível e alega que não tem dinheiro”, explica o biólogo chamando ainda a atenção para o facto de já ser tempo de o Executivo “definir as suas prioridades” em relação a este assunto.
“Se o Governo quer um ensino público de qualidade tem de pagar aos seus profissionais. Se não o quer que o diga de forma aberta e no futuro ninguém quererá ser professor [...]. Uma coisa é certa os professores são a classe mais maltratada depois do 25 de Abril em Portugal. Uma classe que merece ser reconhecida, respeitada e devidamente remunerada, mas que aos olhos dos portugueses é um classe mal vista, que ganha demais para o que faz”, acusa.
Para Joaquim Jorge, além de Marcelo, também os governos das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, ao darem aos professores todo o tempo de serviço que lhes tinha sido retirado, colocam “pressão no Governo Central”. Contudo, o fundador do Clube dos Pensadores não acredita que o Executivo vá "emendar a mão de ânimo leve", o que pode vir a ser perigoso para António Costa no próximo mês de outubro.
“Quem pode salvar os professores é o seu número, um verdadeiro paradoxo, por serem perto de 140 mil pesa nas contas e não permite contar o tempo de serviço, mas por outro lado, por serem muitos, o seu peso é significativo nas próximas eleições e isso muda radicalmente tudo”, conclui.