Apuramento dos factos em Tancos é fundamental para democracia em Portugal
O Presidente da República reiterou esta segunda-feira que tudo o que for possível apurar sobre o desaparecimento e o reaparecimento do material militar de Tancos, "é fundamental para a democracia e o Estado de direito em Portugal".
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Política Marcelo
"Compete ao Ministério Público, apoiado pela Polícia Judiciária, saber que passos seguirão e quando seguirão, mas tudo o que for possível apurar quer sobre o desaparecimento, quer sobre o reaparecimento é fundamental para a democracia e para o Estado de direito em Portugal", sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.
À margem de um concerto solidário das Forças Armadas, no Porto, o chefe de Estado disse ter registado com apreço, que um ano e meio depois do assalto a Tancos, tenham sido "dados passos significativos" no apuramento dos factos e das responsabilidades, mas defendeu que este é um passo, entre outros.
"É um passo, entre outros, e, portanto, todos nós continuamos a insistir para que se apure tudo sobre o desaparecimento das armas e também tudo sobre o reaparecimento das armas", declarou.
Palavras que reforçam as declarações publicadas, esta segunda-feira, na página da internet da Presidência da República, onde se lê que "o Presidente da República regista, com apreço que (...) passos significativos tenham sido objeto de divulgação pública pela Procuradoria-Geral da República, no que respeita ao roubo das armas e outro equipamento militar".
A Polícia Judiciária deteve, esta segunda-feira, oito pessoas e realizou dezenas de buscas na zona Centro e Sul do país, no âmbito do caso Tancos, por suspeitas de crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico armas.
Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) adiantou que esta operação decorre de um inquérito no qual se investigam as circunstâncias em que ocorreu o furto de material de guerra, entre a noite do dia 27 e a madrugada do dia 28 de junho de 2017, no paiol de Tancos.
Em causa, estão factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico de armas, terrorismo internacional e tráfico de estupefacientes.
Fonte da PJ disse à agência Lusa que os oito detidos são todos civis e que serão presentes na terça-feira a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, no Campus de Justiça.
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017.
O caso do furto de armas em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do roubo.
Entre os detidos está o diretor da PJM e um civil (que já foi militar), principal suspeito da prática do furto, encontrando-se ambos em prisão preventiva, num caso que levou à demissão de Azeredo Lopes do cargo de ministro da Defesa e cujas implicações políticas levaram à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que ainda não começou com as audições.
Em setembro, após a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada "Operação Húbris", que levou às detenções, foi anunciada pelo CDS-PP a constituição de comissão de inquérito parlamentar, aprovada apenas com a abstenção do PCP e do PEV.
A comissão tem o prazo de 180 dias, até maio de 2019, prorrogável por mais 90, para chegar a conclusões.
A comissão de inquérito ao furto de material de militar de Tancos vai reunir-se duas vezes por semana e começa as audições às 63 personalidades em janeiro.
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