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Em 2019 abre a caça aos votos na maioria de esquerda

A histórica e inédita maioria parlamentar de esquerda viverá um ano marcado por três eleições, com PS, BE, PCP e "Os Verdes" a agitarem, cada um por si, as respetivas "bandeiras" na busca do melhor resultado possível.

Em 2019 abre a caça aos votos na maioria de esquerda
Notícias ao Minuto

14:29 - 17/12/18 por Lusa

Política Geringonça

Os quatro partidos com acordos para derrubar o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas (PSD/CDS-PP) e viabilizar o elenco de António Costa, há três anos, querem capitalizar o desempenho na legislatura, junto dos respetivos eleitorados, nos sufrágios europeu, regional na Madeira e legislativo, em 26 de maio, 22 de setembro e 06 de outubro, respetivamente.

Bloquistas, comunistas e ecologistas -- estes dois últimos concorrentes pela Coligação Democrática Unitária (CDU) - enfrentam o dilema de terem aprovado quatro Orçamentos do Estado do Governo minoritário socialista e, ao mesmo tempo, divergirem do PS no respeito pelas regras europeias e nas da Aliança Atlântica militar.

BE, PCP e PEV veem-se na obrigação de reivindicar os "avanços" de "rendimentos e direitos", mas de renegar tudo quanto foram cativações orçamentais, falta de investimento público e consequentes falhas nos serviços, como a saúde ou a educação, além da falta de alterações para melhorar a legislação laboral, por exemplo, prevendo-se o escalar das já constantes reivindicações e greves em muitos setores sócio profissionais.

O PS, cujo Governo tem caminhado no ténue "arame" entre reverter medidas da austera 'troika' e do anterior executivo (PSD/CDS-PP) e cumprir metas de défice e dívida ditadas pela Comissão Europeia, almeja chegar à maioria absoluta em outubro, embora sem o assumir abertamente.

O "equilibrista" de serviço tem sido o ministro das Finanças, ora Mário Centeno em Lisboa, ora presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, em Bruxelas, apresentando bons resultados macroeconómicos de crescimento e emprego, aliados ao rigor na gestão das contas públicas.

Os socialistas, ainda com António José Seguro na liderança, venceram as europeias em 2014 (oito eurodeputados), mas, já com António Costa ao leme, não impediram nova maioria absoluta ao PSD na Madeira há quatro anos e ficaram-se pelo segundo lugar, atrás de PSD/CDS-PP nas legislativas de 2015, com os atuais 86 assentos em São Bento, apesar de terem conseguido formar Governo, graças aos parceiros parlamentares.

Em entrevista recente à Lusa, o primeiro-ministro e secretário-geral socialista, António Costa, desejou a confiança dos portugueses para fazer mais um mandato, considerando as matérias sociais, como a saúde, a educação e o combate às desigualdades, como possíveis bases de novos entendimentos à esquerda, com a qual quer manter o diálogo, independentemente da vontade expressa pelo povo nas urnas.

Costa recorreu também à metáfora de que não vale a pena estragar amizades que funcionam trocando-as por casamentos sem futuro, elogiando a forma como os diferentes partidos mantiveram as suas identidades, referindo-se à integração das outras forças políticas no Governo ou ao aprofundamento das posições conjuntas.

Posições num futuro executivo foi o que o BE assumiu abertamente como vontade na XI Convenção Nacional, em novembro, pedindo mais força aos eleitores do que a atual correlação de força na Assembleia da República, embora já seja a terceira força política (19 eleitos). Os dirigentes bloquistas frisaram também como objetivo impedir assim uma eventual maioria absoluta do PS.

Os primeiros sinais concretos nas urnas serão visíveis em maio, com a repetente Marisa Matias, terceira classificada nas Presidenciais2016, a encabeçar a lista europeia bloquista para melhorar do "tombo" eleitoral registado há cinco anos, quando ficou como a representante única do BE em Bruxelas e Estrasburgo.

Já os responsáveis pelo PCP nunca aceitaram sequer equacionar "este ou aquele lugar" executivo porque não abdicam da sua "política alternativa, patriótica e de esquerda", tendo vindo a acentuar as críticas ao PS e à continuidade das "políticas de direita" e da "submissão aos constrangimentos" de "uma União Europeia neoliberal".

De resto, sobre acordos, os comunistas têm reiterado ser desnecessário qualquer novo documento escrito, como foi exigido pelo então presidente da República, Cavaco Silva, e garantem que a sua palavra basta para alguma espécie de compromisso como o que tem existido desde novembro de 2015. Ainda assim, o PCP deseja manter a terceira posição europeia (três deputados) e melhorar o quinto posto no parlamento português (15 lugares).

O seu parceiro na tradicional CDU, o PEV, também reconhece melhorias "no dia-a-dia das pessoas" com a atual solução política e mostrou-se disponível para continuar a "encontrar soluções positivas para o país" na Assembleia da República.

"A tudo aquilo que considerarmos que é negativo, evidentemente nunca poderemos dar o nosso voto favorável, seja qual for a solução que estiver encontrada", resumiu a líder parlamentar, Heloísa Apolónia, em entrevista recente à Lusa.

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