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Bloco diz que há "matéria criminal" no caso da funcionária da corticeira

A líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou hoje que há "matéria criminal e que o Ministério Público deve agir" no caso da funcionária de uma corticeira de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.

Bloco diz que há "matéria criminal" no caso da funcionária da corticeira
Notícias ao Minuto

20:38 - 01/12/18 por Lusa

Política Catarina Martins

Catarina Martins e os deputados Moisés Ferreira e José Soeiro reuniram-se hoje à tarde com Cristina Marques, funcionária da Fernando Couto Cortiças, que está a ser alvo de um processo de despedimento depois de a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) ter aplicado à empresa uma multa de 31 mil euros por assédio moral à trabalhadora.

"O que está a acontecer não é só um problema laboral, a nós parece-nos que há aqui matéria criminal e que o Ministério Público deve agir", disse Catarina Martins.

Para a líder do BE, "a impunidade e a forma como esta trabalhadora tem sofrido na pele, não pode acontecer" em Portugal.

"Nunca tive tanta certeza de estar perante uma pessoa que está autenticamente a ser torturada por uma empresa, esta é uma situação inenarrável e inaceitável no nosso país", acrescentou.

Catarina Martins disse que "é impossível que os donos da empresa não tenham conhecimento do que está a passar" Cristina Marques e acrescentou: "Tanto quanto nos parece eles têm responsabilidade criminal nos ataques aos Direitos Humanos mais básicos, aos direitos desta trabalhadora".

A dirigente do Bloco apelou ainda à Associação dos Produtores da Cortiça para "ter uma palavra a dizer" sobre um "caso que choca o país" e considerou que "o setor da cortiça não pode ficar confundido com uma prática tão desumana, tão contrária até ao Direito Penal português".

Catarina Martins disse que o BE está a recolher todos os dados, mas realçou que em causa estão "factos" que a ACT "já deu como comprovados".

O caso será levado na próxima semana à comissão parlamentar do Trabalho, onde será ouvido o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN), segundo a líder do BE.

A corticeira de Santa Maria da Feira foi autuada em 31 mil euros pela ACT por assédio moral a Cristina Marques, reintegrada judicialmente na empresa.

A Fernando Cortiças S.A. foi autuada pela ACT na sequência de uma de várias inspeções relativas à situação de Cristina Marques - que, segundo o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, estará desde setembro a ser "castigada" com "trabalho improdutivo", "humilhante" e sob "tortura psicológica" depois de o tribunal obrigar a empresa a reintegrá-la nos quadros.

"Nesse mesmo dia, a operária voltou ao seu habitual 'castigo' - carregar e descarregar os mesmos sacos de rolhas na mesma palete, durante nove horas - e, não satisfeita, a entidade patronal comunicou hoje à trabalhadora que a mesma se encontra suspensa preventivamente para a organização de processo disciplinar tendente ao seu despedimento com justa causa", afirmou o sindicato na passada quarta-feira, em comunicado.

Para o SOCB, isso significa que, do inicial "despedimento por extinção de posto de trabalho - que o tribunal julgou ilícito - passou-se agora a um despedimento com justa causa por via disciplinar".

A propósito deste comunicado, a agência Lusa contactou a administração da Fernando Couto, que remeteu os esclarecimentos sobre a situação para o advogado Nuno Cáceres, que, na passada quarta-feira assumiu a responsabilidade pelo processo, mas explicou que a suspensão da operária visa permitir "a condução de um inquérito sobre uma série de factos fabricados que ela tem vindo a propalar publicamente".

Não há estimativa de prazo para conclusão desse processo disciplinar, mas, considerando que "a trabalhadora continuará a ser remunerada enquanto suspensa", o advogado admitiu que é do interesse da empresa "concluir o assunto o quanto antes".

Aos jornalistas, Cristina Marques disse: "Eu tenho ainda esperança em conseguir o meu posto de trabalho", que afirmou ser o seu "único sustento".

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