Questionado pelos jornalistas no final do debate do Orçamento do Estado no parlamento, Fernando Negrão começou por dizer que não tinha lido a entrevista de Castro Almeida ao Público e Rádio Renascença.
"Eu não li a entrevista de facto, mas confesso que não me reconheço nessa afirmação, o grupo parlamentar está a funcionar com normalidade e com certeza que continuaremos a funcionar na mesma", afirmou.
Negrão defendeu que "todos os partidos têm os seus problemas" e apontou a divergência recente entre o líder parlamentar do PS, Carlos César, e o secretário-geral do partido, António Costa, no caso das touradas.
"Se nós vamos transformar cada um destes problemas num problema interno gravíssimo, não falamos de outra coisa", afirmou.
Instado a clarificar se discorda então do vice-presidente do PSD, que hoje disse recear o "suicídio coletivo" do partido perante o "ruído interno", Fernando Negrão respondeu: "Obviamente que discordo desse diagnóstico".
"O PSD é um partido popular e que vai continuar a sua vida, não há nenhum risco de rutura nem de colapso do PSD", defendeu.
Negrão acrescentou ainda que só há dois partidos verdadeiramente populares em Portugal, o PSD e o PCP, e apontou como exemplo da mobilização social-democrata um evento no passado fim de semana em Esposende, que juntou mais de duas mil pessoas.
"É preciso olhar para o PSD e ver o que o PSD faz quando quer juntar pessoas", disse.
Questionado se existem 'dois PSD', um na direção e outro no grupo parlamentar, o presidente da bancada social-democrata respondeu apenas: "Diria que isso já lá vai".
Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, hoje publicada, Manuel Castro Almeida afirmou que o partido vive um clima de "hostilidade" e apelou a "tréguas".
"Há um acentuar de críticas e de formulações alternativas. Basta ver o que se passou com este OE2019 [Orçamento do Estado]. (...) É bem certo que não há uma perceção pública das propostas do PSD. Em boa medida, porque há um problema que ainda não resolvemos, que é de ruído interno, que dificulta que as nossas propostas passem. Quando se fala de questões internas, não se fala de oposição", disse.
Sobre se o outro lado seria a bancada parlamentar, o vice-presidente respondeu: "não vou invocar nomes de companheiros".
"Não falo de nenhum nome em particular. Falo de companheiros que não se revêm na atual direção. Têm todo o direito de não se rever, mas têm também o dever de contribuir para que o partido não caia num suicídio coletivo. Isso é dever de todos. É necessário que haja do outro lado um período de tréguas. Porque, se não, quem perde é o conjunto do partido", sublinhou.