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"A minha relação com Costa permite-me dizer-lhe o que penso"

Carlos César garante que não há nenhum mal-estar entre si e António Costa causado pela proposta do grupo parlamentar do PS para reduzir o IVA das touradas para 6%. Socialista assegura ainda que o grupo parlamentar não é um grupo de locutores do Governo, pelo que é normal as diferenças de opinião.

"A minha relação com Costa permite-me dizer-lhe o que penso"
Notícias ao Minuto

23:45 - 27/11/18 por Melissa Lopes

Política Carlos César

Carlos César reafirmou esta terça-feira que entre si e o primeiro-ministro não existe qualquer mal-estar devido às diferenças de opinião na questão do IVA da tauromaquia.

No seu habitual espaço de comentário na SIC, que partilha com Santana Lopes, o socialista voltou a explicar que a proposta do grupo parlamentar de reduzir o IVA das touradas para 6% - uma proposta que conheceu aprovação esta terça-feira no Parlamento com o contributo do PSD, CDS e PCP - resultou do facto de o grupo entender que não se trata de uma matéria fiscal e, não sendo, deve haver liberdade de voto. 

"A questão que eu coloco numa matéria desta natureza não é a da intensidade fiscal, é a da necessidade de em decisões com esta caracterização, que vão para além do seu impacto orçamental que é perfeitamente residual ou irrelevante, haver a possibilidade de as pessoas livremente disporem a sua opção", explicitou o presidente do PS.

“Uma matéria que no dizer da ministra assumia um caráter ético e de civilização”, prosseguiu, fundamentando a opção do grupo parlamentar que entrou em discordância com a posição do primeiro-ministro.

“Defendi-a [a proposta do PS], não necessariamente com unhas e dentes”, sublinhou o socialista, consciente de que não se tratou de uma afronta a Costa. “Não, não afrontei o primeiro-ministro”, reforçou.

Admitindo compreender que as pessoas estão habituadas a que haja uma consonância muito grande entre presidente do PS e o secretário-geral do partido e primeiro-ministro, César considera que houve uma “exponenciação que não corresponde”. E, nesse sentido, rejeita qualquer mal-estar com Costa.

Mal-estar entre ambos? “Não, porque é que havia de haver? (…) Acha-me uma pessoa capaz de desautorizar o meu primeiro-ministro? Não faz muito sentido”, afirmou ainda.

Quem está de fora, como Santana Lopes, faz uma análise distinta do que se passou na questão do IVA na tauromaquia, não lhe conferindo, contudo, “relevância extraordinária”. 

“Acho que Carlos César quis marcar bem a posição”, constatou o fundador do Aliança, sublinhando concordar com a questão da liberdade de escolha.

Para Santana, o debate sobre a tauromaquia, no geral, até tem trazido “posições de bom senso”. Todavia, considera que o primeiro-ministro e a ministra da Cultura “exageraram para um lado”. “E o grupo parlamentar do PS quis marcar a sua posição, o que, politicamente, é inédito, ainda não tinha acontecido nesta legislatura”, analisou, descartando a ideia de que a discordância entre Costa e César tenha sido uma farsa. “Houve aqui uma diferença de posições”, resumiu.

César quis ainda clarificar a razão da diferença de opiniões entre o Governo e o PS.

“O Governo entendeu que devia baixar a taxa do IVA de 13% para 6% para espetáculos de dança, teatro, etc, em determinadas condições, e deixou de incluir a tauromaquia na mesma taxa em que antes estavam incluídos todos esses espetáculos. Ora, o nosso entendimento foi que essa exclusão correspondia a uma valoração daquela manifestação cultural ou daquele espetáculo. E sendo assim, o nosso entendimento era que então não era uma matéria de natureza fiscal mas sim uma decisão conceptual sobre as touradas e a sua existência”.

O presidente do PS declarou, por fim, que o grupo parlamentar “não é um grupo de locutores do Governo”. “É um conjunto de pessoas que interpreta a política do Governo, são os principais apoiantes do Governo, mas têm a sua opinião própria em diversas matérias”, lembrou.

E é isso, no seu entender, que tem “permitido em inúmeras circunstâncias, e não neste caso, influenciar e alterar decisões que o Governo toma”. Concluindo, garantiu: “A minha relação com António Costa permite-me dizer-lhe todos os dias que penso sobre todas as coisas. E o inverso também é verdadeiro.

Já Santana Lopes, descreveu Costa e César como sendo “dois homens frios”. E vê, aliás, o PS como um partido “cada vez mais gélido”. E, portanto, o que se passou em relação à tauromaquia “foi uma frieza contra a outra”. A frieza do Governo, segundo Santana, é visível em vários aspetos, desde a maneira como lidac com tragédias, como a mais recente em Borba, como na forma como trata os parceiros de Geringonça.

“As declarações de ambos [de Costa e César] sobre o BE e o PCP são uma coisa inaudita. Há 3 anos que contam com o PCP e o Bloco a apoiar, agora dizem ‘vocês tenham é juízo, que vocês ainda não estão preparados para o Governo'”, criticou.

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