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Touradas? "Prática para satisfação sádica". Vital atira 'farpas' a Alegre

Vital Moreira defende que “é incompreensível invocar a “liberdade do gosto" para defender as touradas, lançando 'farpas' a Manuel Alegre.

Touradas? "Prática para satisfação sádica". Vital atira 'farpas' a Alegre
Notícias ao Minuto

10:20 - 08/11/18 por Filipa Matias Pereira

Política "cruel"

Manuel Alegre assinou, esta quarta-feira, uma carta aberta divulgada pelo jornal Público, que ‘incendiou’ a opinião pública. O socialista apela, na publicação, que António Costa “interceda pela descida de 6% do IVA para todos os espetáculos, sem discriminar a tauromaquia”. E agora é a vez de Vital Moreira se pronunciar em “absoluta discordância” com o teor da carta aberta.

Primeiro, defende na publicação no bloque ‘Causa Nossa’, “não faz sentido misturar as touradas com a caça como se fosse a mesma a oposição a uma e a outra ou como se fossem as mesmas razões a motivá-la”. A razão básica contra as touradas, acrescenta ainda, “está no facto de elas serem um espetáculo e consistirem em infligir um suplício prolongado a animais para proveito pessoal dos toureiros e para gáudio público, o que se não verifica na caça”.

O também socialista Vital Moreira refere seguidamente que, no seu entendimento, “é incompreensível invocar a “liberdade do gosto" para defender uma prática violenta, cruel, sangrenta e degradante, para satisfação sádica de protagonistas e espetadores, à maneira do espetáculos circenses da antiga Roma”.

Ora, saliente-se Manuel Alegre confessa que, apesar de “apoiar esta solução governativa”, deve haver liberdade: “Liberdade para não gostar de touradas. Mas liberdade para gostar. Liberdade para não gostar da caça. Mas liberdade para gostar”. Não adotar esta posição, como frisa na carta aberta, “não é democrático. Para mim, que sou um velho resistente, cheira a totalitarismo. E não aceito”.

Vital Moreira vai ainda mais longe e recorda que “não consta que o gosto pelas touradas integre os direitos fundamentais constitucionalmente protegidos...Tampouco cabe invocar a "tradição", de resto cada vez mais acantonada, desde logo porque ao longo dos tempos a história da civilização e do progresso humano foi, em grande medida, uma luta da razão contra as tradições que exploram os sentimentos e instintos menos louváveis dos homens”.

O constitucionalista defende, para lá disso, que lhe parece “inteiramente descabido” o argumento “de que uma eventual proibição nacional das touradas - que, aliás, não está iminente - seja equivalente a uma "ditadura política do gosto" e um sinal de "totalitarismo" emergente”. Para justificar esta ideologia, o socialista recorda que, “entre os muitos países que consideram as touradas como ‘barbárie’ - como os países escandinavos ou anglo-saxónicos -, contam-se alguns dos países mais livres e das democracias mais liberais do mundo”.

Refira-se ainda que ao socialista “nunca impressionou o argumento dos escritores e artistas que manifesta(ra)m o seu apreço pelas touradas. Tenho para mim que dentro de poucas décadas, quando as touradas forem uma má memória na história nacional, os intelectuais que hoje as defendem hão de ser olhados com a mesma estranheza com que hoje olhamos os defensores pretéritos de outras ‘tradições’ execráveis”.

Vital Moreira não se surpreende com o facto de “ver as touradas defendidas pela Direita mais tradicional porque elas fazem parte integrante da cultura ‘marialva’ que ela privilegiadamente encarna. Já tenho enormes dificuldades em compreender o que leva alguma Esquerda a admirar um espetáculo tão violento e tão sangrento, assente no sofrimento causado a seres vivos indefesos, para gozo público”.

Por último, ao socialista “não parece que haja motivo” para “tão grande alarme público dos amantes da indústria da tortura-de-animais-na-arena-para-gáudio-público e do poderoso lobby económico”. Ora, como justifica, “trata-se somente de criar um pequena diferença de IVA em relação a outros espetáculos, mantendo, aliás, uma taxa reduzida”. Infelizmente, no seu prisma, “não se trata de um primeiro passo para abolição das touradas. Para isso, os tempos ainda estão para vir...”.

A polémica sobre o tema em apreço, recorde-se, veio à liça quando a ministra da Cultura referiu que o IVA aplicado aos espetáculos tauromáquicos não iria ser reduzido, ao contrário dos restantes espetáculos culturais. No Parlamento Graça Fonseca disse ainda que “não era uma questão de gosto, mas sim de civilização”.

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