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"Receio que Marcelo esteja a ser embrulhado por Costa"

Joaquim Jorge defende que Marcelo Rebelo de Sousa dever-se-ia "demarcar um pouco mais do Governo e resguardar-se para ser o reduto da defesa da verdade".

"Receio que Marcelo esteja a ser embrulhado por Costa"
Notícias ao Minuto

11:00 - 05/11/18 por Melissa Lopes

Política Joaquim Jorge

O fundador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge, teme que o Presidente da República esteja a ser “embrulhado” pelo primeiro-ministro, ou seja, que Marcelo tenha menos poder do que aquilo que pensa ao lidar com o “hábil” Costa.

Numa análise remetida ao Notícias ao Minuto, Joaquim Jorge traça um ambiente político caracterizado por “jogo tácito sem precedentes na democracia portuguesa” - “um jogo do gato e do rato em que se desvia a conversa”, constata.

O fundador do Clube dos Pensadores diz recear que Marcelo, com a sua “exuberância e com o gostar de aparecer e falar, “possa pensar que manda e influencia aos olhos dos portugueses”, mas que, na verdade, esse poder seja só aparente.

“O hábil António Costa, que foi aluno de Marcelo, aprendeu que se pode chegar lá por outra via, no silêncio, na sombra e nos gabinetes”, analisa, assinalando que tanto um como outro não gostam de confronto. A não ser, no caso de Costa, quando este “sabe que vence à partida”. 

No entender de Joaquim Jorge, se António Costa tiver maioria absoluta Marcelo é “dispensável”. Por isso, “para bem deste equilíbrio aparente”, o biólogo defende que “seria bom” Costa não ter uma maioria absoluta e Marcelo continuar na Presidência da República.

Daquilo que Joaquim Jorge considera ser o papel do Presidente da República, Marcelo “deve funcionar mais de contrapeso do que apoio ao Governo” e, por isso, não deve estar tão próximo deste.

“Costa vai perdoando a Marcelo, apesar de não concordar muitas vezes com a suas posições”, nota, frisando que é esse o preço que o primeiro-ministro “está disposto a pagar pelo apoio aqui e ali do Presidente da República" para "poder impor a sua vontade como no caso da mudança de Procurador-Geral da República”.

Aliás, Joaquim Jorge destaca a não renovação do mandato de Joana Marques Vidal como um exemplo onde Costa “demonstrou quem manda”.

“Se Marcelo Rebelo de Sousa achou o mandato de Marques Vidal tão bom, não se entende porque foi substituída”, sublinha, considerando a condecoração de Marcelo à anterior Procuradora-Geral da República uma espécie de “compensação” por esta não ter ficado no cargo. Por esse motivo, defende, Marques Vidal não devia ter aceitado a distinção.

Já no que ao caso de Tancos diz respeito, analisa o biólogo, se António Costa sabia [do memorando sobre o encobrimento], Marcelo também sabia”. E, nesse caso, “fica tudo em família”. 

"A insinuação de que Marcelo sabia de Tancos pode ser uma estratégia para condicionar Marcelo e porventura calá-lo e quiçá proteger António Costa se tinha conhecimento sobre o memorando de Tancos", atira Joaquim Jorge, que deixa ainda um conselho ao Presidente da República: “Marcelo dever-se-ia demarcar um pouco mais do Governo e resguardar-se para ser o reduto da defesa da verdade". "A distância é boa conselheira para a independência”, conclui.

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