Num requerimento dirigido ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, os sociais-democratas pedem esclarecimentos sobre as medidas tomadas pelo Governo na sequência do desaparecimento das armas Glock da sede nacional da PSP, em Lisboa, no final de janeiro de 2017, das quais até agora foram recuperadas oito.

"Que procedimentos concretos foram tomados, quando e em que locais específicos no sentido de reforçar o controlo, registo, distribuição e armazenamento do armamento da PSP?", questiona o PSD.

Os sociais-democratas querem ainda saber se a instalação dos sistemas de videovigilância e de identificação biométrica já está concluída e em que pontos específicos.

"As chaves do armeiro continuam guardadas num local de livre e fácil acesso a qualquer agente ou foram adotadas outras cautelas de segurança e controle? Em caso afirmativo, quais?", pergunta ainda o PSD.

Estas questões dos sociais-democratas surgem depois da audição parlamentar do ministro Eduardo Cabrita, na passada quarta-feira na Comissão de Assuntos Constitucionais.

Nessa ocasião, o ministro da Administração Interna afirmou que foram recuperadas oito das 57 armas Glock que desapareceram há cerca de um ano meio da Direção Nacional da PSP, em Lisboa: quatro armas foram recuperadas em Espanha, três das quais na Andaluzia e uma Ceuta, e outras quatro em Portugal.

"Não deve dizer mais sobre a investigação das circunstâncias e dos factos a que estão ligados, porque isso não ajudaria certamente sobre aquilo que são as investigações em curso sobre esta matéria", sustentou, na altura, o ministro.

Para o PSD, "dos esclarecimentos prestados pelo Governo, na audição parlamentar, ficou a saber-se o que já se sabia".

"No entanto, não ficou claro que medidas concretas o Governo já executou, mais especificamente quanto às condições de segurança do armeiro, videovigilância e sistemas de controlo dos locais de armazenamento de armas, a fim de prevenir que ocorram novos acontecimentos desta natureza", consideram os deputados sociais-democratas.

O caso remonta a janeiro de 2017, quando foi detetado o desaparecimento, do armeiro da sede da Polícia de Segurança Pública (PSP), de 57 armas Glock após a apreensão de uma arma de fogo da polícia durante uma operação policial que decorreu no Porto.

Do depósito das armas da direção nacional da PSP, onde estão armazenadas algumas armas que não estão distribuídas aos polícias ou aquelas que pertencem a efetivo policial que não necessita de andar armado, foram também extraviadas, juntamente com as 57 Glock, os respetivos estojos, carregamentos e os 'kits' de limpeza.

Na altura, foi feita uma participação ao Ministério Público (MP) e determinada a realização de um inquérito interno na PSP para apuramento do que aconteceu e de uma auditoria na Inspeção-Geral da Administração (IGAI) para harmonização dos mecanismos de controlo de segurança do armazenamento de armas e munições das forças de segurança.