"Marques Vidal marcou positivamente" apesar da "seletividade política"
Eurodeputada do PS considera que Joana Marques Vidal trouxe "uma nova forma de atuar na PGR", nomeadamente no combate à corrupção, mas não deixa de notar "alguma seletividade política" que arquivou casos que envolviam personalidades da Direita, como o caso dos submarinos ou o 'apagão' no portal das finanças.
© Global Imagens
Política Ana Gomes
Ana Gomes fez um balanço positivo do mandato de Joana Marques Vidal à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) mas não deixou de notar “alguma seletividade política” em casos que “apontavam para a responsabilidade ao mais alto nível de personagens do Estado da Direita”.
No seu programa de comentário na SIC Notícias, a eurodeputada socialista, apesar da avaliação “globalmente positiva” do mandato da procuradora-geral da República, lamentou os arquivamentos do processo dos submarinos - “que apontava para Paulo Portas e Durão Barroso” -, do processo dos estaleiros de Viana do Castelo ou do 'apagão' fiscal “que apontava para [Pedro] Passos Coelho e para a equipa das finanças, [Paulo Núncio], Maria Luís [Albuquerque] e até Vítor Gaspar”.
Para Ana Gomes, estes são casos “extremamente importantes, que apontavam para a responsabilidade ao mais alto nível de personagens do Estado da Direita” que acabaram ”de uma maneira ou outra, postos debaixo do tapete, arquivados ou postos a aboborar”. Mas, como fez questão de frisar, “isto não é apenas responsabilidade dela [Joana Marques Vidal], é de toda a equipa que com ela trabalhava”.
Em relação ao debate sobre o cargo de PGR, Ana Gomes denunciou a “campanha montada por certos setores” à Direita, referindo-se, particularmente, à carta de Pedro Passos Coelho - em que o ex-primeiro-ministro disse que faltou "decência" para justificar a saída de Marques Vidal, a quem deixou ainda um agradecimento -, “um monumento à vulnerabilização da PGR”. Com ironia, a eurodeputada socialista questionou se o agradecimento do ex-primeiro-ministro a Joana Marques Vidal não seria um “agradecimento pelo encerramento do caso Tecnoforma”.
A eurodeputada lamentou ainda a “partidarização” do assunto, o que é “injusto para com a própria procuradora Joana Marques Vidal, porque, no fundo, é tentar dizer que ela estava ali vinculada, e, por outro lado, é injusto em relação à instituição e à democracia”.
Referindo-se à insinuação de que a não recondução de Joana Marques Vidal poderia estar relacionada com a Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates está envolvido, Ana Gomes sublinhou que o que a PGR “tinha a fazer está feito, o essencial está feito, e agora o caso vai para julgamento”.
Ainda sobre o balanço do mandato de Joana Marques Vidal, Ana Gomes sublinhou que a ainda procuradora “tem o mérito de ter imprimido uma nova forma de atuar na PGR, de ter deixado os procuradores fazerem as investigações, e é isso que explica que muitos dos casos, que noutras circunstâncias, com antecessores, nunca veriam a luz, hoje estejam a andar em julgamento, desde os vistos Gold ao caso Sócrates”.
Por isso, concluiu, “Joana Marques Vidal marcou positivamente”. Em relação à nova procuradora-geral da República, Lucília Gago, continuou Ana Gomes, “espero que ela prossiga o rumo de combate à corrupção” . “Só espero que a nova procuradora possa seguir exatamente nessa linha, mas com menos seletividade, porque também houve seletividade política”, concluiu.
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