Meteorologia

  • 19 MARçO 2024
Tempo
13º
MIN 12º MÁX 21º

"Marques Vidal marcou positivamente" apesar da "seletividade política"

Eurodeputada do PS considera que Joana Marques Vidal trouxe "uma nova forma de atuar na PGR", nomeadamente no combate à corrupção, mas não deixa de notar "alguma seletividade política" que arquivou casos que envolviam personalidades da Direita, como o caso dos submarinos ou o 'apagão' no portal das finanças.

"Marques Vidal marcou positivamente" apesar da "seletividade política"
Notícias ao Minuto

23:40 - 23/09/18 por Pedro Bastos Reis

Política Ana Gomes

Ana Gomes fez um balanço positivo do mandato de Joana Marques Vidal à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) mas não deixou de notar “alguma seletividade política” em casos que “apontavam para a responsabilidade ao mais alto nível de personagens do Estado da Direita”.

No seu programa de comentário na SIC Notícias, a eurodeputada socialista, apesar da avaliação “globalmente positiva” do mandato da procuradora-geral da República, lamentou  os arquivamentos do processo dos submarinos - “que apontava para Paulo Portas e Durão Barroso” -, do processo dos estaleiros de Viana do Castelo ou do 'apagão' fiscal “que apontava para [Pedro] Passos Coelho e para a equipa das finanças, [Paulo Núncio], Maria Luís [Albuquerque] e até Vítor Gaspar”.

Para Ana Gomes, estes são casos “extremamente importantes, que apontavam para a responsabilidade ao mais alto nível de personagens do Estado da Direita” que acabaram ”de uma maneira ou outra, postos debaixo do tapete, arquivados ou postos a aboborar”. Mas, como fez questão de frisar, “isto não é apenas responsabilidade dela [Joana Marques Vidal], é de toda a equipa que com ela trabalhava”.

Em relação ao debate sobre o cargo de PGR, Ana Gomes denunciou a “campanha montada por certos setores” à Direita, referindo-se, particularmente, à carta de Pedro Passos Coelho - em que o ex-primeiro-ministro disse que faltou "decência" para justificar a saída de Marques Vidal, a quem deixou ainda um agradecimento -, “um monumento à vulnerabilização da PGR”. Com ironia, a eurodeputada socialista questionou se o agradecimento do ex-primeiro-ministro a Joana Marques Vidal não seria um “agradecimento pelo encerramento do caso Tecnoforma”.

A eurodeputada lamentou ainda a “partidarização” do assunto, o que é “injusto para com a própria procuradora Joana Marques Vidal, porque, no fundo, é tentar dizer que ela estava ali vinculada, e, por outro lado, é injusto em relação à instituição e à democracia”.

Referindo-se à insinuação de que a não recondução de Joana Marques Vidal poderia estar relacionada com a Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates está envolvido, Ana Gomes sublinhou que o que a PGR “tinha a fazer está feito, o essencial está feito, e agora o caso vai para julgamento”.

Ainda sobre o balanço do mandato de Joana Marques Vidal, Ana Gomes sublinhou que a ainda procuradora “tem o mérito de ter imprimido uma nova forma de atuar na PGR, de ter deixado os procuradores fazerem as investigações, e é isso que explica que muitos dos casos, que noutras circunstâncias, com antecessores, nunca veriam a luz, hoje estejam a andar em julgamento, desde os vistos Gold ao caso Sócrates”.

Por isso, concluiu, “Joana Marques Vidal marcou positivamente”. Em relação à nova procuradora-geral da República, Lucília Gago, continuou Ana Gomes, “espero que ela prossiga o rumo de combate à corrupção” . “Só espero que a nova procuradora possa seguir exatamente nessa linha, mas com menos seletividade, porque também houve seletividade política”, concluiu.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório