"Centeno é um ministro competente mas com difícil relação com a verdade"
Luís Marques Mendes não critica Mário Centeno pelas declarações relativamente ao fim do resgate da Grécia, mas sim pela sua falta de "coerência". Comentador alerta ainda para a ausência do PSD do debate político, que pode ajudar o PS a conquistar a maioria absoluta.
© Global Imagens
Política Marques Mendes
Mário Centeno é um ministro “competente” mas com uma “relação difícil” com a verdade. António Costa já está a “apelar à maioria absoluta” e na Rentrée do PS em Caminha “esqueceu-se de fazer um agradecimento ao PSD e ao Rui Rio”.
Estas são algumas das observações feitas por Luís Marques Mendes, este domingo, na antena da SIC, ao analisar o discurso do ministro das Finanças em relação ao fim do resgate da Grécia e ao início do ano político que se aproxima para o Partido Socialista (PS).
O discurso de Mário Centeno no início da semana, que gerou críticas à Esquerda e à Direita, não mereceu condenação por parte de Marques Mendes, porque, ao exigir “responsabilidade” a Atenas, “Mário Centeno não é criticável”. “Aquilo que ele disse, no fundo, é a cartilha do Eurogrupo. E ele é presidente do Eurogrupo, e, segundo, o que ele disse foi o óbvio”, realçou o comentador.
No entanto, para Marques Mendes, Centeno merece ser criticado. Não pelo discurso atual, mas pelo que disse há três anos, mais ou menos à data da formação da ‘Geringonça’, quando o agora presidente do Eurogrupo criticou a Troika pela austeridade imposta na Europa, particularmente em Portugal.
“Onde eu acho que Mário Centeno é criticável é por aquilo que ele disse, há três anos, sobre a saída de Portugal. Agora elogia a Grécia, mas há três anos criticou a saída limpa de Portugal, que foi melhor que a saída limpa da Grécia”, notou Marques Mendes, acusando Centeno de "ter uma relação difícil com a verdade e com a coerência". "Mário Centeno é um ministro competente mas, em alguns momentos, já mostrou ter uma relação difícil com a verdade e com a coerência", atirou.
Mas, continua o comentador, os “dois pesos e duas medidas” de Centeno não são motivo de preocupação para António Costa. Pelo contrário: “António Costa, ao falar da obra feita, invocou os exemplos de personalidades portugueses que neste período [nos últimos três anos] foram eleitos para cargos internacionais, entre os quais, citou Mário Centeno”.
Marques Mendes referia-se à Rentrée do PS em Caminha, mais especificamente ao discurso do primeiro-ministro no passado sábado. “É um discurso tipicamente de campanha eleitoral” que “procura mostrar a obra feita”, assim como criar “expectativa em relação ao Orçamento”, sem deixar de dar “recados aos parceiros” e “apelar à maioria absoluta”.
O comentador considera que o primeiro-ministro “já começou a pedir a maioria absoluta sem a pedir”, ou seja, “ não pede de uma forma formal, aberta, direta ou expressa, mas faz de uma forma implícita, nas entrelinhas, de forma indireta. A expressão é esta ‘é preciso dar mais força ao PS para garantir a estabilidade’. O que é que isto é senão pedir a maioria absoluta?”, questionou.
Ainda em relação à Rentrée socialista, Marques Mendes não deixou de ironizar e chamar Rui Rio à baila, notando o desaparecimento do líder do PSD, há várias semanas em silêncio.
“António Costa esqueceu-se de fazer um agradecimento ao PSD e ao Rui Rio, porque, objetivamente, um PSD parado, inativo, em férias, sem fazer oposição e sem iniciativa é o maior aliado para o PS ter maioria absoluta”, alertou o antigo líder dos sociais-democratas.
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