Bloco em voto de pesar pela "morte do cidadão exemplarmente empenhado"
O BE entregou hoje no parlamento um voto de pesar pelo falecimento do ex-coordenador do partido João Semedo, manifestando "profunda consternação pela morte do cidadão exemplarmente empenhado e do grande parlamentar" que foi o bloquista.
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Política Óbito
O antigo coordenador do BE e médico João Semedo morreu hoje, aos 67 anos, depois de anos de uma batalha contra o cancro.
No voto de pesar a que a agência Lusa teve acesso - que deu entrada hoje no parlamento e que deverá ser votado na quarta-feira em sessão plenária - o BE destaca que a atividade parlamentar de João Semedo "foi de invulgar relevo, designadamente na área da saúde, algo que é reconhecido por todos os quadrantes políticos".
"Reunida em plenário, a Assembleia da República manifesta a sua profunda consternação pela morte do cidadão exemplarmente empenhado e do grande parlamentar que foi João Semedo e exprime aos seus familiares e amigos e ao Bloco de Esquerda o seu sentido pesar", refere o voto.
Sobre as três legislaturas que desempenhou pelo BE no parlamento - e cujo mandato renunciou, em 2015, por causa do cancro - no texto do voto é destacado o papel decisivo na adoção de leis fundamentais como a do testamento vital, a Carta dos Direitos dos Utentes do SNS, a prescrição por princípio ativo, o estatuto do dador de sangue, o acompanhamento nos serviços de urgência, a dispensa gratuita de medicamentos após alta hospitalar e a inscrição do preço na embalagem dos medicamentos.
"Integrou diversas comissões parlamentares (saúde, assuntos europeus, orçamento e finanças) e as comissões de inquérito ao BPN, ao caso PT/TVI e à aquisição dos submarinos", acrescenta.
Apesar de a doença o ter impedido de "prosseguir a sua atividade em termos plenos, empenhou-se na luta pela despenalização da eutanásia, tendo sido um dos principais ativistas do Movimento pelo Direito a Morrer com Dignidade".
"O seu último contributo para a democracia portuguesa foi a proposta de revisão da Lei de Bases da Saúde, que elaborou juntamente com António Arnaut, e que ambos publicaram em livro com o título "Salvar o Serviço Nacional de Saúde"", enaltece.
No voto de pesar recorda-se ainda que João Semedo foi "educado num ambiente familiar de discussão aberta e de luta contra a ditadura" e que "muito cedo se tornou ativista estudantil".
"Tinha já aderido ao PCP em 1971, do qual viria a ser membro do Comité Central. No ano seguinte foi preso em Caxias, recusando-se a assinar o documento elaborado pela PIDE a confessar atividades subversivas e a comprometer-se a abandoná-las", lembra.
A "importante ação como militante comunista" no Porto é ainda destacada, bem como a presidência do Conselho de Administração do Hospital Joaquim Urbano entre 2000 e 2006, cargo que deixou para ser deputado da Assembleia da República em regime de exclusividade.
"Aderiu ao Bloco de Esquerda em 2007, tendo integrado a sua Mesa Nacional e sido, com Catarina Martins, coordenador do partido entre 2012 e 2014", recordam.
O texto do voto de pesar termina com uma frase de uma entrevista de João Semedo numa altura em que o cancro já o limitava de forma severa: "tive a vida que escolhi, a vida que quis, não tenho nada de que me arrependa no que foi importante. Segui sempre a minha intuição, nunca me senti a fazer o que não queria. Sim, fui muito feliz".
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