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Médicos do S. José querem ajudar apesar de "garrote financeiro"

Deputados ouviram hoje as preocupações dos chefes de equipa demissionários do Hospital de S. José, e a disponibilidade para colaborem nas soluções e com a administração, que se esforça, mas enfrenta o "garrote financeiro" do Governo.

Médicos do S. José querem ajudar apesar de "garrote financeiro"
Notícias ao Minuto

16:29 - 17/07/18 por Lusa

Política Deputados

"Os profissionais colocaram as questões de uma forma frontal, mas de uma forma que revela que gostam da sua profissão, que estão aqui para colaborar e conseguir soluções, colaborar com a administração [do centro hospital], com a Assembleia da República, com o Governo, com os parcos meios financeiros que temos", disse hoje o presidente da Comissão parlamentar da Saúde.

O social-democrata José de Matos Rosa falava aos jornalistas no Hospital S. José, após reuniões de cerca de duas horas com os chefes de equipa demissionários, e de mais de uma hora com a administração do Centro Hospitalar Lisboa Central, uma iniciativa de audição que partiu do Bloco de Esquerda (BE).

há uma semana, os chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral do Centro Hospitalar de Lisboa Central apresentaram a demissão por considerarem que as condições da urgência não têm níveis de segurança aceitáveis.

No fim de semana foi anunciado que aquele centro hospitalar vai ser reforçado com 54 médicos, cujo concurso nacional aguarda autorização do Governo.

Na reunião de hoje com a administração do centro hospital foi "visível o esforço que está a fazer para a resolução dos problemas, de uma parte de quem tem poucos meios financeiros para resolver, verifica-se que há um garrote financeiro em relação à saúde por parte do Ministério das Finanças que se reflete em algumas situações na contratação", referiu o deputado.

As preocupações transmitidas ao grupo de seis deputados, de todos os partidos, exceto PEV e PAN, pelos chefes de equipa incluíram a formação, a falta de médicos e "até alguns problemas na própria urgência", segundo o presidente da comissão parlamentar.

Matos Rosa referiu a questão do fecho de camas, como sendo "muito importante", embora seja uma altura de férias. "Vamos ver como se vai refletir no futuro a mudança para as 35 horas [semanais para os profissionais de saúde] que agora, pelo que nos é dito, não está a ser refletida nem irá prejudicar a qualidade dos serviços".

Para o social-democrata, a qualidade do serviço terá de se manter e os utentes "poderão continuar a confiar neste hospital".

"Aquele que mais nos pode ajudar é o Ministério das Finanças, abrindo os cordões à bolsa para ajudar a contratar mais médicos, mais enfermeiros, para termos mais instrumentos para ter ainda mais qualidade nos serviços de saúde", resumiu.

Moisés Ferreira, do BE, relatou que nas reuniões foi transmitida a necessidade de contratar mais profissionais, para o S. José, para o Centro Hospitalar Lisboa Central, mas também para Serviço Nacional de Saúde (SNS) "como um todo".

"A promessa de contratação de mais 54 médicos [para este centro] não nos parece que seja suficiente e foi-nos manifestado exatamente isso", apontou, acrescentando que, "provavelmente, nem chegará para repor os médicos que poderão sair por reforma durante este ano, portanto é preciso contratar mais profissionais".

Um dos problemas enfrentado pelo Hospital S. José é o envelhecimento do corpo clínico e é preciso "um SNS capaz de fixar médicos mais jovens e capaz de formar cada vez mais médicos porque é preciso", defendeu Moisés Ferreira.

Para o deputado do BE, "é incompreensível que os concursos para a contratação dos recém-especialistas não sejam abertos quase de imediato", pois, por cada semana de atraso, "há mais médicos que fogem para o privado, para as parcerias público-privadas ou para o estrangeiro".

Na carta de demissão dos chefes de equipa, os profissionais apontam para a consecutiva degradação da assistência médica prestada no serviço de urgência do Hospital S. José, considerando que se chegou a uma "situação de emergência" que impõe "um plano de catástrofe".

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