André Ventura, vereador de Loures, foi um dos alvos das buscas desencadeadas pela Polícia Judiciária no âmbito da operação Tutti Frutti. Em causa estão suspeitas de um esquema de criação de cargos fictícios para “beneficiar militantes” e/ou o partido.

Em declarações ao Notícias ao Minuto, André Ventura confirmou as buscas e frisou que a PJ levou documentação relativa ao mandato anterior ao seu, pelo que a investigação em curso não incide sobre si.

Sobre o alegado assessor fictício associado a Ventura, o social-democrata defende que o caso não pode estar diretamente relacionado consigo na medida em que “formalmente” não tem assessor, uma vez que o “processo” ainda decorre e não houve ainda qualquer pagamento. “O único assessor que escolhi para mim é colaborador da universidade e não tem nada a ver com o PSD”, sustenta.

Por seu turno, Fabian Figueiredo, que concorreu pelo Bloco de Esquerda a Loures nas últimas autárquicas, assinala que “não deixa de ser irónico” que “um candidato autárquico que lançou estigmas sobre comunidades inteiras, até sobre a própria realidade social do concelho de Loures que descreveu como uma espécie de Faroeste português, veja hoje o seu gabinete envolvido em suspeitas de corrupção”.

O bloquista acusa Ventura de “hipocrisia” e de “ter dois pesos e duas medidas”. “No melhor pano cai a nódoa”, atira, em declarações ao Notícias ao Minuto. No mesmo sentido, sublinha: “Um populista, como todos os populistas, com um discurso moralista, estigmatizante e autoritário, vê-se envolvido num caso de suspeitas de corrupção, independentemente das curvas e das nuances que ele agora possa introduzir para se defender”. 

“Pode ser que, numa futura crónica, das várias que escreve sobre criminalidade e segurança, tenha coragem de abordar o problema das suspeitas de corrupção que grassam no seu partido e envolvem a estrutura em que está também envolvido”, remata, concluindo que práticas políticas envoltas em suspeitas de corrupção “degradam a perceção que os cidadãos e as cidadãs têm sobre os representantes”. “Era bom que André Ventura retirasse as suas próprias ilações”, finaliza.

André Ventura, por outro lado, destaca a importância da operação Tutti Frutti, que investiga suspeitas de corrupção  passiva, tráfico de influências, participação económica em negócio e financiamento proibido. "É uma operação muito importante porque faz a análise de gastos públicos", frisa. 

Esta quarta-feira, recorde-se, ficou marcada pela operação Tutti Fruti que tem na mira partidos (a Distrital de Lisboa do PSD e a Concelhia do PS de Lisboa foram os ‘rostos’ mais visíveis), autarquias de Norte e Sul, passando pelos Açores (maioritariamente do PSD). As buscas incidiram ainda em sociedades de advogados. Foram feitas 70 buscas domiciliárias e não domiciliárias, tendo participado nas mesmas cerca de 200 investigadores.