“Está montada uma operação para dizer que Governo vai trair a Geringonça"
"Vimos Catarina Martins a afiar o dente para saltar em cima do acordo [de concertação social] e o PCP vai fazer o mesmo", comentou Miguel Sousa Tavares.
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Política Miguel Sousa Tavares
Miguel Sousa Tavares comentou esta segunda-feira o acordo de concertação social celebrado entre patrões, UGT e Governo. Para o comentador, por princípio, “é melhor haver acordos do que não haver”. No caso, este foi o “acordo possível”, “ melhor do que aquilo que estava em vigor e que vinha da Troika”.
Para os trabalhadores, considerou o comentador, este acordo não é desejavelmente o melhor possível, uma vez que não resolve aquele que, para Miguel Sousa Tavares, é o maior problema. “Portugal continua a ser um país onde o factor trabalho é mal remunerado”.
Apesar de tudo, “foi dado um passo importante”, frisou o escritor.
Tratou-se de um acordo, como todos os acordos de concertação social, em que houve “conciliação de interesses entre o sector empresarial e o sector laboral”, observou, comentando o facto de a CGTP ter ficado, novamente, de fora do acordo.
“Acho que a CGTP nunca assinou nenhum acordo de concertação social, tanto quanto me lembro, não porque sejam todos péssimos mas por uma questão ideológica”, observou, lembrando que a CGTP, sendo “a extensão do PCP”, e considerando a CGTP que a concertação social se opõe à luta de classes”, “não gostam de se conciliar com os patrões”.
Para o escritor, no dia em que o PCP aceitar que a sua extensão sindical – que é a CGTP – assinar acordos com patrões, perde poder reivindicativo. "A CGTP só já por dever de ofício constitucional é que é convidada para as reuniões de concertação social e só vai lá para manter a fachada, não vai lá para assinar coisa nenhuma", opinou o comentador da SIC.
Para Miguel Sousa Tavares, há no acordo de concertação social" uma contradição curiosa".
"Os setores que mais contestaram - o PCP, o Bloco de Esquerda e o próprio PS - no tempo de Passos Coelho, durante a crise, o facto de esse governo passar por cima da concertação social e legislar em matéria laboral, desprezando a concertação social, estão agora a fazer o oposto".
Ou seja, na leitura que o escritor faz da situação, estes sectores "desprezam [agora] aquilo que é acordado na concertação social e querem contestá-lo no Parlamento".
"Vimos Catarina Martins a afiar o dente para saltar em cima do acordo e o PCP vai fazer o mesmo. E vamos ver se não há sectores do PS que vão contestar o acordo no Parlamento. Mas já está montada toda uma operação para dizer que o Governo vai trair a Geringonça, porque vai fazer passar o acordo no Parlamento com o apoio do PSD. Ora, isso não corresponde à verdade política. O acordo passa porque passou na concertação social com o apoio da UGT", analisou Miguel Sousa Tavares.
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