Esquerda defende divulgação de rendimentos no início de funções políticas
A maioria de esquerda no parlamento convergiu hoje na comissão da Transparência sobre a proposta do PS para que os titulares de cargos políticos e altos cargos públicos passem a declarar a fonte dos rendimentos no início de funções.
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Política Partidos
A proposta foi apresentada na reunião da comissão eventual para o Reforço da Transparência em Funções Públicas e obteve um primeiro consenso entre PS, BE e PCP, tendo PSD e CDS-PP criticado a medida por se tratar de uma informação que já é prestada à Autoridade Tributária e tem caráter confidencial.
De acordo com a proposta do PS, antes do início do exercício de funções, a declaração de rendimentos, património e cargos sociais, deve ser entregue contendo, além da "indicação total dos rendimentos brutos", como atualmente, a fonte desses rendimentos, constante da última declaração apresentada para efeitos de IRS, uma informação que pode ainda ser desagregada por "categoria de rendimento".
Depois de o deputado do PS Jorge Lacão apresentar a proposta, foi o próprio presidente da comissão, Luís Marques Guedes (PSD), quem questionou a utilidade da revelação da fonte dos rendimentos de alguém "à entrada" na função.
"Uma coisa é revelar o património para verificar-se se há algum delta não justificado, mas a fonte à entrada? Para se conhecer o passado do cidadão?", questionou, defendendo a pertinência de ser conhecido o património que a pessoa tem quando inicia e quando termina funções.
O deputado do CDS-PP António Carlos Monteiro apontou que tal seria a repetição da declaração fiscal que, "por razões de privacidade, tem natureza reservada".
"Coloca questões de sigilo que têm de ser ponderadas, estamos a falar de direitos dos cidadãos. Não consigo perceber qual é a vantagem. Se estivéssemos a falar de algo que não existe quanto à administração pública, mas já existe, estamos a falar de uma informação que já é entregue na declaração fiscal", argumentou, por seu turno, o social-democrata Álvaro Batista.
Pelo BE, José Manuel Pureza manifestou-se sensível à inclusão daquela informação na declaração e o comunista Jorge Machado considerou que, numa primeira análise, a proposta do PS "pode ajudar à clarificação e à transparência".
"Nada impede que, se houver matéria mais reservada da vida pessoal esta seja reservada. Faremos essa discussão mais adiante", sublinhou, defendendo que a fonte dos rendimentos é um dado que "aumenta a qualidade da informação".
Também o socialista Pedro Delgado Alves referiu que, mais à frente nos trabalhos da comissão, ter-se-á de decidir o que será de acesso condicionado, acesso credenciado e acesso generalizado.
António Carlos Monteiro contrapôs ainda que a confidencialidade das matérias conflitua com o objetivo de aumentar o escrutínio público.
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