Irão "quer construir uma esfera de influência" imperialista
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas alertou hoje para a tendência imperialista do Irão, que tem aumentado a sua área de influência no Médio Oriente, defendendo que a tensão naquela região não é um "dogma de Fé".
© Global Imagens
Política Paulo Portas
"Parece-me absolutamente evidente que tudo o que está a passar-se no Médio Oriente deve ser lido à luz de um facto, o conflito entre o Irão e a Arábia Saudita, que é muito mais do que xiitas e habitas", afirmou, em Vila Nova de Famalicão o também ex-vice-primeiro-ministro, quando questionado sobre a tensão no Médio Oriente, à margem de um fórum dedicado à Economia.
Segundo analisou Portas, "o conflito entre o Irão e a Arábia Saudita acontece porque se for comparado o mapa da região com o mesmo mapa de há 20 anos a grande diferença é a expansão da esfera de influência do Irão".
"O Irão é hoje a potência dominante no Iraque, na Síria, é a quase dominante no Líbano, através do Hezbolla, a mesma coisa no Iémen, com o Hamas na Palestina, é evidente que o Irão tem ambições externas, que quer construir uma esfera de influência, nunca esquecendo que o Irão era a Pérsia e já foi império", alertou o ex titular da diplomacia portuguesa.
Por isso, defendeu, "a questão em cima da mesa não é nenhum dogma de Fé, é o que é que é mais útil e mais necessário à segurança internacional", abordando o acordo entre o Irão e administração dos Estados Unidos dirigida por Barack Obama e que o atual presidente norte-americano já mostrou não estar interessado em respeitar.
"Vale mais manter um programa que é apenas uma moratória, mas é uma moratória, relativamente à construção do programa nuclear do Irão, ou ter muito cuidado com o que o Irão está a fazer do ponto de vista da expansão territorial de influencia?", questionou.
Até porque, salientou, "o Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] foi claríssimo ao dizer quem é que eram os seus aliados naquela região, começando pela Arábia Saudita".
Para Paulo Portas, "há boas razões para manter o acordo, que é basicamente uma moratória ate 2025, mas também há muito boas razões para ter cuidado com a expansão" iraniana.
"As coisas são o que são, o Irão era a Pérsia, já forma império e porventura tem essa ideia", concluiu.
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